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A Importância da convivência equilibrada dos genitores

A separação dos pais pode ser um momento desafiador para crianças e adolescentes, pois envolve mudanças significativas em sua estrutura familiar e rotina. No entanto, é fundamental que a manutenção de uma rotina saudável e equilibrada com ambos os genitores seja priorizada, mesmo após a separação. Essa continuidade na interação com ambos os pais fornece uma base sólida para o bem-estar emocional, social e cognitivo dos filhos.

No entanto, surgem questões quando o genitor não guardião deseja passar mais tempo com os filhos ou busca a reversão da guarda. Nesses casos, se o genitor não guardião apresentar motivos justos para tais pedidos, a negativa do judiciário deve ser fundamentada em argumentos legítimos, e não simplesmente com o objetivo de evitar mudanças na rotina das crianças.

É importante reconhecer que crianças e adolescentes possuem uma capacidade adaptativa natural, mas muitas vezes são os próprios genitores que dificultam ou impedem essa adaptação. Genitores doentes, narcisistas ou egoístas, que priorizam suas próprias necessidades e sentimentos em detrimento do que é melhor para os filhos, podem comprometer o desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes.

O bem-estar dos filhos sempre será promovido por uma convivência saudável e equilibrada com toda a família, direito esse garantido pela Constituição Federal. No entanto, é válido questionar como o judiciário tem atuado nesses casos e garantido o cumprimento desse direito.

O papel do pai e da mãe se complementa e nenhum deles deve ser menosprezado ou supervalorizado em relação ao outro progenitor. Para isso, ao contrário do que muitos possam defender, é fundamental que haja uma divisão igualitária do tempo de convivência, especialmente quando se trata de guarda compartilhada.

Embora a divisão equilibrada do tempo seja o ideal, não é obrigatória. No entanto, se o genitor não guardião, que possui a guarda compartilhada, deseja ser mais presente na vida dos filhos, qual seria a justificativa para impedir isso, desde que as atividades escolares e extracurriculares sejam mantidas?

Infelizmente, em muitos casos, a recusa do genitor guardião em permitir que o outro genitor participe de forma mais ativa na vida dos filhos é motivada por sentimentos de rancor, vingança e mágoa. No entanto, é importante ressaltar que essa postura prejudica diretamente as crianças e adolescentes, que ficam vulneráveis a ações prejudiciais por parte de um genitor narcisista, muitas vezes com a proteção do sistema judiciário.

Diante dessa realidade, é necessário que o judiciário atue de forma imparcial, considerando sempre o melhor interesse das crianças e adolescentes envolvidos. É fundamental que os magistrados analisem cada caso de forma individual, ouvindo todas as partes envolvidas e levando em conta as evidências apresentadas. A prioridade deve ser garantir o bem-estar dos filhos, independentemente das disputas pessoais entre os genitores.

Uma abordagem adequada para lidar com essas situações envolve a busca de soluções que promovam a coexistência saudável dos pais na vida dos filhos. Isso pode incluir a mediação familiar, em que um terceiro imparcial auxilia os pais na negociação de acordos e na tomada de decisões que beneficiem os interesses das crianças. A mediação pode ajudar a reduzir conflitos, melhorar a comunicação entre os genitores e promover um ambiente mais estável e harmonioso para os filhos.

Além disso, é essencial que os profissionais envolvidos no processo, como psicólogos e assistentes sociais, tenham uma compreensão aprofundada dos impactos psicológicos e emocionais da separação nos filhos. Eles devem estar preparados para oferecer suporte e orientação tanto para os pais quanto para as crianças, ajudando a minimizar os efeitos negativos da separação.

Importente ressaltar que a convivência equilibrada com ambos os genitores não se resume apenas à quantidade de tempo que os filhos passam com cada um deles. Qualidade é fundamental. É essencial que os pais estejam presentes emocionalmente, sejam envolvidos ativamente na vida dos filhos, demonstrem interesse genuíno por suas necessidades, acompanhem seu desenvolvimento e estejam disponíveis para apoiá-los.

A participação ativa de ambos os pais na vida das crianças e adolescentes contribui para um senso de identidade mais forte, uma autoestima saudável, melhores habilidades de resolução de problemas e maior estabilidade emocional. Além disso, a presença de modelos parentais positivos e a exposição a diferentes perspectivas e experiências enriquecem o desenvolvimento cognitivo e social dos filhos.

Portanto, é crucial que o judiciário atue de forma consciente, considerando a importância da presença equilibrada de ambos os genitores na vida dos filhos. Decisões baseadas em pirraça, vingança ou mágoa prejudicam não apenas os genitores envolvidos, mas principalmente as crianças e adolescentes que dependem de um ambiente familiar estável e saudável para seu pleno desenvolvimento.

Em última análise, é necessário promover uma cultura em que a coparentalidade seja valorizada e incentivada, e em que o bem-estar das crianças seja colocado no centro de todas as decisões. Somente assim será possível garantir um ambiente saudável e equilibrado para o desenvolvimento das próximas gerações.

Colaborou: Dra Juliana Britter e Adriano Dias.

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Emanoelle Cavalcanti

Acadêmica de psicologia, voluntária na Ong Médicos do Mundo