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Eu não vou sucumbir

A mulher dentro de mim cansou desse tempo. Eu não vou sucumbir (Elza Soares)

Pela vida das mulheres negras, não negras, das parentes e todas às mulheres!!!

“POR LÉLIA, POR TODAS”!!!

Nós mulheres não temos nada para comemorar nesse dia internacional das Mulheres, principalmente nós mulheres negras, não negras pobres e as parentes.

Tudo sempre foi muito difícil mas nessa pandemia o caos desse desgovernos e desmonte de equipamentos públicos importantes para proteger a nós mulheres tem sido uma prática constante contribuindo para o aumento do feminicídio e diversas formas de violência contra nós mulheres e nossas crias. A primeira vítima da pandemia no RJ foi uma mulher negra empregada doméstica. Se todas e todos os/as trabalhadoras tivessem o grau de tratamento na relação trabalhista talvez a tivéssemos entre nós não fazendo parte das mais de 261.000 vítimas da COVID-19 no Brasil. O trabalho doméstico ainda é estruturado na relação escravagista de um período mais trágico da história. E todos humanos dos quais seus descendentes que ainda usufrui da riqueza obtida do comércio escravagista deveria repensar e agir para reparti-la.

Utopia? 

Pode até ser! Mas o que move a nós mulheres negras, não negras e pobres é a possibilidade de “um mundo transformado pelo feminismo” (…) capaz de organizar as estruturas da sociedades em que nós possamos reorganizar a roda da produção sem destruir o que ainda podemos usufruir dos nossos recursos naturais. De uma estrutura que não seja o lucro pelo lucro e o consumo pelo consumo. Todas nós mulheres (não) negras, pobre de favela e áreas periféricas queremos reorganizar a roda social onde possamos exercer nossas vidas sem violência, sem racismo e sem nenhuma outra forma de opressão.

Nós mulheres negras, não negras e pobres queremos respirar e viver sem a dor sobre nossos corpos secularmente violentados, acoitados, queimados e com nossas filhas e filhos vivos.

Queremos que nossos “barracos de zinco” nas vielas das favelas e quebradas tenham o mesmo respeito que uma mansão. Queremos ter a tranquilidade de morar e ver nossas filhas e filhos crescerem com toda dignidade garantida na Constituição.

Em tempos pandemicos passamos dias ainda mais nefastos nesse país; além de enterrar a cada 4 min uma mulher vítima de feminicídio no Brasil, socorrer a cada três por estupro e a cada 23 minutos enterrar um corpo de filho ou uma filha de mulher negra.

O ir e vir dos sepultamentos é tão rotineiro que a sociedade em si prefere acreditar que essas mortes tem as explicações estapafúrdias que a imprensa e grande mídia passam, principalmente quando se trata de jovens negros.

Mas, como falei no início “a mulher dentro de mim cansou desse tempo” e parafraseando Elza Soares “Nos mulheres negras, não negras e pobres, não vamos sucumbir ao racismo, fascismo de um governo golpista, homofóbico e misógeno.

Nesse dia Internacional das Mulheres estamos nos mobilizando de todas as formas para impedir o avanço da violência que nos mata cotidianamente e pedir vacina para nós, nossas crias e todos as brasileiras\os.

E uma coisa que nós gostaríamos de receber no dia de hoje: Impeachament do genocida golpista e a anulação da condenação de Lula Livre!

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Adriana Martins

Adriana Martins é Feminista antirracista, ativista da Articulação de Mulheres Brasileiras – AMBRIO | Movimento Negro Unificado -MNURJ | Comissão de Combate a Intolerância Religiosa | Fórum de Qualidade e Vida do Sindsprevrj.

Alexandre Paiva

Professor de História e colaborador da ComCausa