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Adepto da Teologia da libertação amigo do Papa e Lula: Quem foi o cardeal Cláudio Hummes?

Na de segunda-feira, 4 de julho, aos 87 anos, faleceu o cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo.

A relação com o Lula veio com a sua chegada em 1975 quando foi eleito bispo coadjutor de Santo André (SP). Em 25 de maio de 1975, aos 40 anos de idade, recebeu a ordenação episcopal. Em 1979, no auge da ditadura militar no Brasil, Dom Claudio Hummes abriu as portas das Igrejas para reuniões com operários perseguidos, presidia missas com os grevistas e os representava em reuniões com empresários, daí nasce amizade com Lula, que era líder sindicalista no ABC Paulista. “Seu amor incondicional ao próximo levou-o a se colocar sempre ao lado dos pobres, mesmo em situações adversas […] Durante as greves do ABC, nos anos 70, desafiou a ditadura abrindo as portas da diocese de Santo André aos operários, para protegê-los da repressão”, escreveu Lula nas redes sociais.

Já com o Papa a amizade vinha de quando eram cardeais, um de São Paulo outro de Buenos Aires, em 2013 Arcebispo emérito de São Paulo esteve ao lado de Bergoglio no Conclave, principalmente quando a contagem dos votos já havia alcançado 2/3 e os cardeais já sabiam quem seria o novo Papa. Nesse momento, o Papa contou que Dom Cláudio o abraçou, o beijou e lhe disse: “Não se esqueça dos pobres”, essa frase inspirou o nome Francisco adotado pelo Pontífice em homenagem ao “Santo dos pobres”, São Francisco de Assis.

Assim como o Bergoglio, ele também defendia a Teologia da Libertação, segundo a qual a fé e o catolicismo têm também um compromisso social e político. O que o levou a estar a frente da defesa da Amazônia, ajudando a criar a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) em 2014.

Claudio Hummes foi um dos maiores promotores da encíclica Laudato Si, editada pelo papa Francisco em maio de 2015, que introduziu de vez a questão ambiental na igreja. E abriu as portas para o Sínodo para a Amazônia em que ele foi relator-geral. A partir de julho de 2020, presidiu a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cargo do qual pediu afastamento em março deste ano, já por problemas de saúde.

Dom Cláudio manifestou irrestrito apoio ao modo de vida dos indígenas: “é preciso defendê-los, defender seus direitos, dar-lhes de novo a possibilidade de serem os protagonistas de sua história, os sujeitos de sua história. Deles foi tirado tudo: a identidade, a terra, as línguas, sua cultura, sua história, tudo”. Disse ele na COP21, em dezembro de 2015.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa