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Quem foi Agustín Tosco

Agustín Tosco, mais conhecido popularmente como “El Gringo”, foi um importante líder sindical na Federação Argentina de Trabalhadores Luz e Força (FATLF). Suas ideologias tinham uma linha de seguimento marxista e foi membro da Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (CGT). 

Tosco nasceu no dia 22 de maio de 1930, na cidade de Coronel Moldes, província de Córdoba, na Argentina. Na verdade, no seu documento de nascimento aparece em 22 de maio porque naquela época eles foram escritos para além dos dias exatos. Ele nasceu em uma família muito pobre e morava em uma casa de chão de terra. Enquanto criança, segundo relatos, todas as manhãs levantava muito cedo para ordenhar as vacas, depois entregar o leite e só depois tomava café da manhã em casa para ir à escola.

Agustín era muito dedicado à leitura e, com isso, aos 17 anos se tornou Presidente do Centro Estudantil na escola em que fazia o ensino médio. Em seu discurso no final do ano letivo, foi bem rigoroso ao apontar o modo como a escola funcionava e se recusou a receber o diploma do diretor. Característica essa que moldou futuramente Agustín Tosco, em seu modo de agir e pensar. 

Em sua juventude, dedicou-se a leituras sobre a classe trabalhadora e ensaios de autores marxistas, o que lhe direcionou ideologicamente.

Carreira Sindical 

Aos 19 anos, começou a trabalhar na Companhia Elétrica Provincial, ingressou então no sindicato e aos 20 anos já era delegado. Aos 23 anos já fazia parte do Conselho de Administração. 

Em 1946, Juan Domingo Perón se torna presidente da Argentina, e Agustín Tosco foi tachado de “antiperonista”, pois fazia muitos discursos marxistas e tinha uma concepção de integração de classes para além da política. Neste período, Agustín teve intensa carreira sindical, sendo em 1952 eleito secretário do corpo de delegados do Sindicato Luz e Força.

Entre 1953 à 1955 integrou o Conselho de Administração, sendo 1954 eleito secretário sindical na Secretaria Nacional da Luz e Força. Já sob a ditadura comandada pelo general Pedro Eugênio Aramburu, foi exonerado de seu cargo após a intervenção militar, com isso, no dia 1º de maio deste mesmo ano, liderou o ato intersindical, que pedia a libertação dos presos sindicais, a regularização dos sindicatos e da Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (CGT). 

Em 1968, era o secretário-geral da CGT dos argentinos, dirigida em nível nacional pelo camarada Raimundo Ongaro.

União de classe 

Agustín Tosco esteve presente na luta contra a ditadura do general Juan Carlos Onganía, e seguia uma ideologia antiimperialista, antipatrão e antiburocrática. Sempre pautando sua atuação contra a burocracia sindical, considerando seu inimigo mais famoso, José Ignacio Rucci, político argentino e líder sindical, nomeado secretário-geral da CGT (Confederação Geral do Trabalho) em 1970.

Rucci e seus discípulos são prisioneiros por seus compromissos com os detentores do poder, prisioneiros da custódia fornecida pelo aparato policial; prisioneiros de uma prisão da qual nunca poderão sair: a da rendição, da indignidade e do participacionismo”, afirmou Tosco.

Agustín Tosco e o Cordobazo 

No dia 29 de maio de 1969, ocorreu a rebelião popular conhecida como “Cordobazo”, na cidade de Córdoba, na Argentina. O movimento era contra a ditadura de Juan Carlos Onganía. O Cordobazo contou com a participação de muitos trabalhadores e estudantes, o resultado foi o declínio de Onganía do poder, assumindo o general Roberto Marcelo Levingston logo após. 

“Foi uma rebelião operária e popular […]. Surgiu da classe trabalhadora e do povo. A essência do Cordobazo é que nasce dos trabalhadores e estudantes, e que por suas convicções vão às ruas para lutar”, disse. 

Após sair da prisão, Tosco começou a ser perseguido, e teve que viver na clandestinidade após o sindicado Luz e Força ser intervindo. Logo após, ficou doente, mas não pôde ir ao hospital, se não seria descoberto e executado quando descobrissem onde ele se encontrava. Ficou escondido por mais de um ano. 

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Sua Morte 

Em 5 de novembro de 1975, Agustín Tosco morreu aos 45 anos em decorrência de encefalite bacteriana. Como não podia cuidar de sua doença para não ser descoberto, agravou-se o estado, levando então à sua morte. O corpo de Agustín foi levado sentado no banco do passageiro de uma ambulância pelos seus companheiros e foi velado no Clube Rede Cordobesas. Aproximadamente 20 mil pessoas compareceram ao seu funeral. Chegando no cemitério de San Jerónimo, em Córdoba, a multidão foi alvejada por atiradores da gangue de José López Rega, da extrema direita, ocasionando muitos feridos. Seu corpo se encontra no panteão da União Elétrica. 

Homenagem

A banda argentina de Punk Rock, Jauría, dedica a ele a música “Tosco” em seu primeiro álbum, que diz:

“Tosco seu espírito, sempre marchando para a frente, Barricadas em sua homenagem! Reencarne seu sonho de libertação em cada bairro”.

Veja mais na página do projeto Memória e História da ComCausa: www.comcausa.org/agostintosco

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Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.