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Professora Armanda Álvaro Alberto e a revolução da educação

Professora Armanda Álvaro

Professora Armanda Álvaro

Armanda Álvaro Alberto nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 10 de junho de 1892, filha do cientista Álvaro Alberto da Silva e de Maria Teixeira da Mota e Silva. Seu irmão, Álvaro Alberto da Mota e Silva, ingressou na Marinha, chegando a vice-almirante. Cientista, foi um dos primeiros animadores da exploração da energia nuclear no Brasil.

Em 1919, transferiu-se para Angra dos Reis acompanhando seu irmão, então tenente, que para lá fora a serviço da Marinha. Passou então a dar aulas para as crianças locais, ensinando-lhes a ler e escrever, suprindo assim a falta de escolas na cidade. A partir dessa experiência, em 1921 fundou a Escola Proletária de Meriti, em Duque de Caxias, então parte do município de Nova Iguaçu, e a Biblioteca Euclides da Cunha, anexa à escola e aberta ao público.

A Escola Proletária, depois Escola Regional de Meriti, era orientada por métodos modernos e voltada para a população carente de recursos. Não havia notas, prêmios ou castigos, e sua orientação geral resumia-se em quatro cartazes, com os dizeres “Saúde”, “Alegria”, “Trabalho” e “Solidariedade”. Coube ainda à escola a introdução da merenda escolar no país. Contando com a colaboração de seu marido, o também educador Edgar Sussekind de Mendonça, e de seu irmão, Armanda Álvaro Alberto permaneceu à frente da escola até 1964, quando transferiu sua direção para a fundação religiosa norte-americana Instituto Nacional do Povo. Mais tarde, o estabelecimento passou a chamar-se Escola Dr. Álvaro Alberto. O projeto da escola previa horário integral; ela possuía biblioteca e introduziu a merenda escolar no país – o que lhe rendeu o apelido “Mate com Angu”, nome popular na cidade e que batiza seu festival de cinema.

Armanda foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Educação (ABE) em 1924. Em dezembro de 1927, compareceu à I Conferência Nacional de Educação, promovida pela ABE em Curitiba. Nesse encontro, a Escola Regional de Meriti recebeu um especial voto de aplauso do conselho diretor da ABE.

Em maio de 1935, foi uma das criadoras e, depois, a primeira presidente da União Feminina do Brasil (UFB), movimento político filiado à Aliança Nacional Libertadora (ANL), fechado em 11 de julho do mesmo ano, juntamente com a ANL, pelo Decreto nº 229.

Os objetivos da UFB consistiam na defesa dos interesses da mulher no Brasil, especialmente as “submetidas às mais precárias condições de existência e de trabalho”. Seu programa propunha a luta pelos direitos econômicos, sociais, políticos e civis da mulher, sem distinção de cor, religião, correntes filosóficas etc. Entre suas reivindicações básicas figuravam ainda a elevação do nível cultural e a igualdade econômica da mulher em relação ao homem. O movimento pregava ainda a luta contra as guerras e contra os regimes que restringiam os direitos femininos.

Após a derrota da Revolta Comunista de novembro de 1935, Armanda Álvaro Alberto foi acusada de envolvimento na preparação do levante. Segundo o inquérito da polícia do então Distrito Federal, a UFB foi criada para atuar de acordo com o programa do VII Congresso da Internacional Comunista, auxiliando na propaganda revolucionária. Em seu depoimento, porém, Armanda negou que a UFB tivesse mantido qualquer ligação com o então Partido Comunista do Brasil (PCB). Julgada em 28 de julho de 1937, foi absolvida, afastando-se das atividades políticas para se dedicar exclusivamente à sua obra pedagógica.

Seu marido, Edgar Sussekind de Mendonça, também pertenceu à ANL, tendo sido igualmente preso após o movimento de novembro de 1935.

Armanda Álvaro Alberto morreu no dia 5 de fevereiro de 1974. Publicou: Escola Regional de Meriti — uma tentativa de escola moderna (tese, 1927), Primeiro inquérito sobre leituras infantis nas escolas públicas e particulares do Distrito Federal (1928), Biblioteca para crianças e adolescentes (1930), Segundo inquérito sobre leituras infantis nas escolas públicas e particularesdo Distrito Federal (em colaboração com Edgar Sussekind de Mendonça, 1930), Bibliotecas públicas infantis(1932), Livros, jornais e revistas para crianças, Leitura para adultos e a coletânea A Escola Regional de Meriti (documentário): 1921-1964 (1968).

FONTES: ALBERTO, A. Escola; CONSULT. MAGALHÃES, B.; Grande encic. Delta; LUSTOSA, J. Cidade; PORTO, E.Insurreição; SILVA, H. 1937.

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