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Memória: Betinho símbolo de cidadania

No dia 9 de agosto de 1997, o Brasil perdeu Betinho, um símbolo de cidadania. Nascido em Bocaiuva, Minas Gerais, em 3 de novembro de 1935, Herbert José de Souza, conhecido como Betinho, foi o quarto filho de Henrique Souza e Maria da Conceição Figueiredo. A família enfrentou a Hemofilia, uma doença genética grave que causou a morte de seu irmão mais velho em um acidente doméstico quando ele não conseguiu estancar um sangramento.

Betinho cresceu no interior de Minas Gerais, testemunhando as desigualdades sociais enquanto seu pai chefiava o almoxarifado de uma prisão agrícola. Mudou-se para Belo Horizonte em 1950, onde recebeu tratamento para a hemofilia e enfrentou também a tuberculose.

Em Belo Horizonte, Betinho iniciou suas lutas sociais. Em 1960, ajudou a fundar a Ação Popular, uma organização política e social com ideais socialistas. Em 1962, formou-se em Sociologia na Universidade Federal de Minas Gerais. Entre 1961 e 1964, envolveu-se na resistência ao Golpe Militar, indo para o Uruguai em busca de exílio. Retornou clandestinamente ao Brasil, mas em 1971, com o aumento da repressão, foi para o Chile e depois para o Panamá e Canadá.

Betinho retornou ao Brasil em 1981 e fundou o Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). Tornou-se um símbolo na luta pela anistia, apoiando movimentos sociais e democratizando a informação. Em 1988, perdeu seus dois irmãos para a Aids, contraída através de transfusões de sangue para tratar a hemofilia. Betinho descobriu que também era portador do HIV e tornou-se um ativista pelos direitos dos portadores da doença.

Nos últimos anos de vida, Betinho participou ativamente do impeachment do presidente Fernando Collor, integrou o Movimento pela Ética na Política, fundou a Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida, e participou da criação da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) e do Viva Rio, um movimento contra a violência e pela justiça social. Sua figura tornou-se emblemática na luta pelos direitos humanos, sendo indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Hemofílico e portador do HIV, Betinho faleceu em 9 de agosto de 1997, no Rio de Janeiro, mas seu legado continua vivo como um defensor incansável das causas sociais.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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