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Caso Lucas Terra: Testemunha afirma que não denuncia pastores em caso pedofilia

Nesta quarta-feira (26), ocorreu o segundo dia do julgamento dos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, acusados de envolvimento na morte de Lucas Terra, no Fórum Ruy Barbosa.

Na audiência de hoje, Marion Terra, mãe de Lucas e testemunha de acusação no primeiro dia do julgamento, não está presente na plenária. Isso porque a coordenação decidiu que ela não pode assistir ao julgamento enquanto outras testemunhas estiverem prestando depoimento, já que também é uma testemunha no caso.

Testemunha acusada de estupro de vulnerável

A defesa de Fernando e Joel apresentou o Bispo Jadson como segunda testemunha, ainda pela manhã. Durante seu depoimento, o promotor Davi Gallo o questionou Jadson se havia casos de pedofilia na Universal. Em seguida, a acusação perguntou se Jadson “tinha algum envolvimento com acusações de estupro de vulnerável”. Essas perguntas levantaram a questão: será que Jadson possui autoridade moral para defender seus colegas, o bispo Fernando e o pastor Joel, acusados de pedofilia e assassinato? O Bispo usou sua grande capacidade de oratória tentar conduzir os presentes durante todo o depoimento.

Questionado pela acusação se denunciaria outro pastor à polícia por pedofilia, pastor respondeu “não”.

Entre os depoimentos deste segundo do júri popular do caso  a terceira testemunha ouvida foi o pastor Gilberto da Silva Carvalho, que defendeu o pastor Fernando Aparecido da Silva. Gilberto afirmou que, mesmo em casos de crimes graves como pedofilia, a Igreja Universal não entrega seus pastores à justiça se eles demonstrarem arrependimento. Segundo ele, “os pastores culpados não podem mais exercer suas funções religiosas, mas continuam como membros da igreja”.

Quando questionado pela acusação se denunciaria outro pastor à polícia por pedofilia, Gilberto respondeu “não”. Ele também afirmou que, em seus 36 anos de vínculo com a Igreja Universal, nunca tomou conhecimento de casos de pedofilia ou de membros homossexuais.

Gilberto era o pastor da Igreja Universal do Vale das Pedrinhas na época do crime e reportava suas atividades à igreja da Pituba, liderada pelo pastor Joel Miranda, outro acusado no caso Lucas Terra. Ele acrescentou que, na noite do crime, os suspeitos Fernando Aparecido e Joel Miranda estavam na igreja da Pituba até as 21h40 e que não era possível que eles tivessem tido qualquer relação sexual dada a presença de outros pastores e esposas após o culto.

Julgamento dos pastores

Os acusados respondem pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e ocultação de cadáver, será realizado no Fórum Ruy Barbosa e deve ser concluído na sexta-feira (28). O Ministério Público da Bahia não informou se eles também irão a júri pelo abuso sexual. Além dos dois, o pastor Silvio Galiza também foi acusado do crime, condenado e preso em 2007, mas teve a pena reduzida e ganhou liberdade condicional em 2012.

Joel Miranda era pastor da Igreja Universal no Rio Vermelho na época do crime, enquanto Fernando Aparecido da Silva trabalhava no Templo da Pituba. Após o ocorrido, Joel se mudou para o Rio de Janeiro, onde comandava uma igreja até 2022, e Fernando passou a comandar uma igreja em Minas Gerais.

A família de Lucas recorreu da decisão da juíza que inocentou Joel e Fernando em 2013, e em 2015, o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu, por unanimidade, que os religiosos deveriam ser julgados pelo júri popular. A defesa dos ex-bispos recorreu, mas o Superior Tribunal de Justiça confirmou a decisão do TJ-BA em 2017. Em 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, anulou o processo que envolvia a participação do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de Lucas, por falta de provas. No entanto, em novembro de 2020, a 2ª Turma do STF decidiu que os pastores deveriam ir a júri popular.

Os acusados são:

  • Joel Miranda: na época do crime, Joel era pastor da Igreja Universal no Rio Vermelho – onde o estupro teria acontecido. Após o crime, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde até 2022 comandava uma igreja.
  • Fernando Aparecido da Silva: em 2001, Fernando trabalhava no Templo da Pituba. Após o crime, ele passou a comandar uma igreja em Minas Gerais.

Crime

  • O crime aconteceu no dia 21 de março de 2001, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho.
  • Na época, o pai da vítima contou que o adolescente teria sido estuprado e morto após ter flagrado os pastores Joel e Fernando tendo relações sexuais.
  • Após presenciar a cena, o adolescente teria sido estuprado, colocado dentro de uma caixa de madeira e queimado vivo em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama, em Salvador.

Investigações

  • O pastor Silvio Galiza foi condenado a 18 anos de prisão em 2004 e cumpriu cerca de sete anos de regime fechado. Em 2012, ele ganhou liberdade condicional.
  • Em 2007, Silvio denunciou os pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva por envolvimento no crime. Ele também informou a motivação do crime, que teria sido o flagrante da relação sexual entre Joel e Fernando.
  • Em 2008, o pastor Fernando Aparecido da Silva chegou a ser preso, mas em poucos meses, passou a responder o processo em liberdade.
  • Em novembro de 2013, a juíza Gelzi Almeida inocentou Joel e Fernando. A família de Lucas recorreu e, em setembro de 2015, o recurso de apelação foi julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Os desembargadores decidiram, por unanimidade, que os religiosos fossem à júri popular. Foi então a vez da defesa dos ex-bispos recorrerem. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão do TJ-BA.
  • Em abril de 2017, o STJ negou recurso especial para os acusados, que pediram a suspensão do júri popular.
  • Em 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, anulou, por falta de provas, o processo que envolve a participação do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de Lucas.
  • Em novembro de 2020, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu que os pastores vão a júri popular.

Dois pastores evangélicos, acusados de estuprar e assassinar o adolescente Lucas Vargas Terra, serão julgados nesta terça-feira (25) em Salvador. O crime ocorreu em 2001, quando Lucas Terra tinha 14 anos, e foi estuprado pelos pastores Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva após flagrar uma relação sexual entre os dois dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana. Depois de ser flagrado, os pastores colocaram o adolescente dentro de uma caixa de madeira e o queimaram vivo em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama.

O julgamento dos pastores, que responderão pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e ocultação de cadáver, será realizado no Fórum Ruy Barbosa e deve ser concluído na sexta-feira (28). O Ministério Público da Bahia não informou se eles também irão a júri pelo abuso sexual. Além dos dois, o pastor Silvio Galiza também foi acusado do crime, condenado e preso em 2007, mas teve a pena reduzida e ganhou liberdade condicional em 2012.

Joel Miranda era pastor da Igreja Universal no Rio Vermelho na época do crime, enquanto Fernando Aparecido da Silva trabalhava no Templo da Pituba. Após o ocorrido, Joel se mudou para o Rio de Janeiro, onde comandava uma igreja até 2022, e Fernando passou a comandar uma igreja em Minas Gerais.

A família de Lucas recorreu da decisão da juíza que inocentou Joel e Fernando em 2013, e em 2015, o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu, por unanimidade, que os religiosos deveriam ser julgados pelo júri popular. A defesa dos ex-bispos recorreu, mas o Superior Tribunal de Justiça confirmou a decisão do TJ-BA em 2017. Em 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, anulou o processo que envolvia a participação do bispo Fernando Aparecido da Silva na morte de Lucas, por falta de provas. No entanto, em novembro de 2020, a 2ª Turma do STF decidiu que os pastores deveriam ir a júri popular.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa