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Caso Sophia completa um mês e é lembrado em ato

A morte de Sophia Ocampo completou um mês neste domingo (26) e a data foi marcada por protesto na avenida Afonso Pena, em Campo Grande (MS).

Cerca de trinta pessoas se reuniram em frente ao Bioparque Pantanal em um ato por justiça pela morte da menina Sophia de Jesus Ocampo, de 2 anos. Familiares e amigos cobram que após um mês nenhuma medida concreta foi tomada para evitar que outras crianças sejam mortas, vítimas de violência ou abuso sexual.

“Nesse prazo de um mês, após a Sophia, a gente já viu mais quatro casos novos. O que mais sangra o nosso coração, o que mais nos revolta além da nossa filha, é que não tomaram nenhuma atitude. O que está lutando aqui hoje é justamente para a prevenção. O Brasil, infelizmente, não trabalha com prevenção à agressão à criança”, afirmou Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia.

Secretária de segurança anuncia medidas

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Antônio Carlos Videira, afirmou ao jornal Correio do Estado que, a curto prazo, que somente atendimento será ampliado na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca), e que a implantação da ‘salinha’ de denúncias na Casa da Mulher Brasileira, em combate à violência infantil, ainda não saiu do papel por questões burocráticas. Desta forma, ele já admite que o projeto pode ficar em segundo plano ou nem ser executado.

Videira anunciou que, por enquanto, a ideia é estender o atendimento da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente (Depca) para finais de semana e feriados. Assim, a sede da Depca ficará aberta nos sete dias da semana, e não apenas em dias úteis, como ocorre atualmente. Para isso, de acordo com o secretário, será necessário trazer policiais de outras cidades para atuar nas escalas extras de plantão, não havendo um prazo definido para a possível implantação do novo horário. Portanto, a curto prazo, haverá atendimento plantonista na sede da Depca. Entretanto a previsão é que a Casa da Criança seja construída nos mesmos moldes e com o mesmo objetivo da Casa da Mulher Brasileira.

Videira irá se reunir com o Delegado-Geral de Polícia Civil-MS, Roberto Gurgel, ainda nesta semana, para agilizar o funcionamento plantonista na sede da Depca e ainda ressaltou que o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, irá nomear agentes de Polícia Científica, Peritos Criminais e Escrivães, o que pode auxiliar no

O secretário, no entanto, não informou se há outros planos que possam atuar na prevenção à violência contra crianças.

Mais um caso Hanry

A morte de Sophia mais uma vez causou comoção nacional e ganhou repercussão nas redes sociais, levando educadores, advogados, médicos, psicólogos, atores e influenciadores digitais a manifestarem sua revolta contra a violência e morte da menina. Muitos usaram o termo #JustiçaporSophia, que já reúne milhares de postagens nas plataformas.

“Foi mais um caso Henry Borel, fruto da omissão do conselho tutelar, da polícia civil do judiciário”, escreveu em uma rede social o jornalista Adriano Dias, fundador da ComCausa. “O Estado tem tanta, ou mais culpa, do que os assassinos. Já havia dezenas de indícios e mesmo assim mais uma criança é vítima da alienação parental”.

Entre 2017 e 2020, 180 mil crianças e adolescentes sofreram violência sexual – uma média de 45 mil por ano e a maioria dos crimes ocorre na casa das próprias vítimas. É o que revela o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado no ano passado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Casal quis criar versão para morte: “Inventa qualquer coisa”.

Na quebra de sigilo telefônico feita pela polícia mostrou que a mãe e o padrasto sabiam das implicações da morte da menina e tentavam criar uma história. “Inventa qualquer coisa, diga que ela caiu no parquinho”, escreveu Christian Leitheim, padrasto da criança.

Na coletiva feita pela polícia, a delegada Anne Karine Trevisan, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Expôs que a menina morreu entre 8h e 9h do dia 26 de janeiro, mas somente foi levada ao posto de saúde da Vila Nasser às 17h daquele dia. Neste período, o casal tentou criar a história que explicasse a morte.

Relembre o caso:

Criança é morta pela mãe e padrasto em Campo Grande (MS)

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Emanoelle Cavalcanti

Acadêmica de psicologia, voluntária na Ong Médicos do Mundo