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Caso Sophia: Mãe culpava o irmão pelas agressões

O pai da menina Sophia Ocampo, morta após ser espancada pela mãe e pelo padrasto, disse que a mulher culpava o irmão da criança pelos ferimentos.

Em audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira (15), Jean Ocampo disse que a mulher esperava os ferimentos da menina cicatrizarem para entregá-la a ele.

“Era sempre assim, quando a neném estava machucada, ela [a mãe] sumia. Aí quando passava os hematomas, ela aparecia querendo dinheiro”, disse Jean.

Ainda segundo ele, quando ele questionava Stephanie sobre as marcas, ela culpava o irmão da criança, um menino de 4 anos, pelos machucados.

“Quando ela vinha com a coloração [dos machucados] já quase cicatrizada, dizia que ela caia o tempo inteiro e, com marcas de mordida, ela falava que era o outro menino [filho de Stephanie] que tinha lá na casa e era um pouco mais velho do que ela”, afirmou, “Então, sempre era culpa do menino, sempre era eles brincando, sempre era uma queda”, acrescentou.

Ainda muito abalado pelo caso, Jean conta que o foco agora é buscar justiça por Sophia e ajudar para que outras pessoas não passem pelo mesmo.

“Em relação a tudo, não vai trazer minha filha de volta. Mas o que a gente quer é que outros pais não passam pelo que a gente passou”, conta, “Esse mal, a morte da Sophia eu não carrego nas minhas mãos, porque eu tenho, no meu coração, que o que eu pude fazer para ter a minha filha comigo viva, eu fiz, eu fiz a minha parte como pai, mas eu sou limitado”.

Ele critica o fato de ter tentado diversos meios legais para tentar impedir que o caso chegasse a tal gravidade, tanto fazendo boletins de ocorrência devido à suspeita de que a filha era agredida, quanto pedindo a guarda dela na justiça. Além disso, ele também cita possível omissão da rede de saúde, porque a menina tem histórico de 30 entradas em unidades de saúde e o caso nunca foi reportado.

Sobre estes casos, ele critica a burocracia, pois, pela demora, a menina morreu enquanto o processo ainda tramitava. Ele disse ainda que apresentou diversos documentos para obtenção da guarda e acredita que houve “homofobia velada” para a não concessão, pelo fato dele ser casado com outro homem.

“Nós estamos buscando justiça pela Sofia e nós queremos que venha ter uma facilidade de acesso em relação aos órgãos que protegem a criança. Porque é muito difícil, você vai num lugar, aí você é encaminhado para outro. Então que todos falem uma só voz, que todos tenham um objetivo só, que é é proteção à criança”, pediu.

Audiência Pública

A audiência foi convocada pela Comissão Permanente de Segurança Pública, composta pelos vereadores Tiago Vargas (Presidente), Coronel Villasanti, Valdir Gomes e Ayrton Araújo, para debater sobre a Rede de Proteção à Crianças e Adolescentes em situação de risco. Conforme Vilassanti, o objetivo é ouvir todas as entidades e verificar os procedimentos da atual rede de atendimento e proteção à criança e adolescente.

“É preciso identificar se o sistema atual possui falhas e saná-las o mais rápido possível, para que não ocorra mais casos como o da menina Sophia que perdeu a vida com apenas dois anos e meio”, disse Villasanti.

A mãe Stephanie de Jesus da Silva e o padrasto, Christian Campocano Leitheim estão presos.

Reprodução: Correio do Estado.

Casal quis criar versão para morte: “Inventa qualquer coisa”.

Na quebra de sigilo telefônico feita pela polícia mostrou que a mãe e o padrasto sabiam das implicações da morte da menina e tentavam criar uma história. “Inventa qualquer coisa, diga que ela caiu no parquinho”, escreveu Christian Leitheim, padrasto da criança.

Na coletiva feita pela polícia, a delegada Anne Karine Trevisan, titular da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente). Expôs que a menina morreu entre 8h e 9h do dia 26 de janeiro, mas somente foi levada ao posto de saúde da Vila Nasser às 17h daquele dia. Neste período, o casal tentou criar a história que explicasse a morte.

Relembre o caso:

Criança é morta pela mãe e padrasto em Campo Grande (MS)

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Comunicação de interesse público | ComCausa

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Emanoelle Cavalcanti

Acadêmica de psicologia, voluntária na Ong Médicos do Mundo