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ComCausa participa da 13ª Lavagem do Cais do Valongo

No último sábado, 27 de julho, a ComCausa, juntamente com representantes da prefeitura do Rio, integrantes do comitê gestor do sítio arqueológico, membros do Movimento Negro, religiosos e outras instituições, como os Filhos de Gandhi do Rio, marcou presença na 13ª edição da Lavagem do Cais do Valongo. Este evento, realizado na Praça Jornal do Comércio, na região portuária do Rio de Janeiro, celebra a importância histórica e cultural do Cais do Valongo, reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

O Cais do Valongo, principal ponto de desembarque de africanos trazidos para o Brasil para serem escravizados entre 1758 e 1831, é um símbolo poderoso da história dolorosa do tráfico humano transatlântico. O Brasil recebeu cerca de 4 milhões de africanos escravizados, sendo o país das Américas que mais participou desse comércio.

O reconhecimento do Cais do Valongo pela UNESCO em 2017 foi um marco importante, resultado de esforços conjuntos de acadêmicos, ativistas e várias instituições, entre elas a ComCausa, visando valorizar a cultura afro-brasileira e promover a reflexão sobre o impacto duradouro da escravidão.

No mesmo ano, a Lei 7.741/2017, de autoria do então deputado estadual André Ceciliano, declarou o Sítio Arqueológico do Cais do Valongo como patrimônio histórico e cultural da Diáspora Africana no Estado do Rio de Janeiro. A legislação tem como objetivo proteger e preservar as características históricas do local, garantindo que futuras gerações reconheçam e respeitem sua importância.

ComCausa participa da 13ª Lavagem do Cais do Valongo (11)

Lavagem do Cais do Valongo

Durante o evento, a ComCausa transmitiu ao vivo por meio de suas redes sociais. João Oscar, da ComCausa, destacou a relevância do evento: “Participar da Lavagem do Cais do Valongo é reafirmar nosso compromisso com os direitos humanos e a preservação da memória histórica. Este evento nos lembra a brutalidade humana, mas também a resistência e resiliência da população negra”.

Presente na atividade, Yago Feitosa, coordenador de promoção da igualdade racial da prefeitura do Rio de Janeiro, explicou que a lavagem do Cais do Valongo ocorre todo último sábado do mês de julho, conforme estipulado pela Lei Nº 5820/2014. Ele contou que a tradição da lavagem começou com a redescoberta do cais e as escavações que trouxeram à tona 16 peças de búzios. Então, a Mãe Edelzuita de Oxaguiã, uma das mais antigas do Rio de Janeiro, foi convidada para jogar os búzios e recebeu orientação dos ancestrais para realizar um ritual de limpeza e descarrego periódico no local.

Yago Feitosa destacou a importância da cerimônia: “Essa é uma das principais ações de salvaguarda desse patrimônio que tem o reconhecimento da UNESCO como patrimônio da humanidade por ser o maior porto escravagista do mundo. Recebemos ali africanos que foram brutalmente escravizados, mas que deixaram um legado importante para nossa cultura. A África civilizou o Brasil a partir desse intercâmbio, mesmo diante da violência e da exploração. Somos gratos pelas heranças que recebemos dessas pessoas”.

A Lavagem do Cais do Valongo foi uma celebração de resistência, memória e reconhecimento, essencial para a construção de uma sociedade mais justa e consciente de seu passado.

Relembre:

Semana de atividades antirracistas e compromisso coletivo da ComCausa

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa