Dez anos de fechamento do hospital psiquiátrico Dr Eiras de Paracambi
Há dez anos o hospital Casa de Saúde Doutor Eiras foi definitivamente fechado após um longo histórico de violações aos direitos humanos, denúncias e sofrimento de muita gente.
Fundada na década de 1960, o manicômio era uma filial da Casa de Saúde Dr. Eiras de Botafogo e recebia exclusivamente pacientes psiquiátricos considerados “sem possibilidades terapêuticas”. Localizado longe da capital do Rio de Janeiro, o local se tornou um depósito de gente em sofrimento mental. “Encontramos pacientes internados há mais de 30 anos, mesmo com alta. Muitos desnutridos, nus, desassistidos: um campo de concentração”, conta André Ceciliano, que era prefeito de Paracambi na época da intervenção.
Por outro lado, o Manicômio Dr Erias era um bom negócio, quanto mais pacientes, mais lucrativo se tornava. O hospital tinha capacidade de receber cerca de 2.500 internos, mas já houve relatos de que até 3 mil pessoas ficaram ao mesmo tempo internadas na unidade. Não por acaso, nas décadas de 1970 até 2000, o hospital chegou a ser conhecido como o maior hospício privado conveniado à rede pública de saúde da América Latina.
“Foi um dos maiores crimes contra a população brasileira” – disse Adriano Dias da ComCausa – “A existência de lugares como este foi embasada pela política manicomial que era mais conduzida pelo lucro e legitimada pelos preconceitos, do que por princípios científicos”.
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Fechamento definitivo
Após um longo processo que se iniciou com uma intervenção em 2004, a Casa de Saúde Doutor Eiras de Paracambi foi fechado definitivamente em uma sexta-feira, dia 23 de março de 2002, dois anos após a ordem da justiça para que as atividades fossem encerradas no hospital psiquiátrico pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Página Memorial Dr. Eiras Nunca
Ao final deste período, em maio, a ComCausa lançará a página /DrEirasNuncaMais como memorial com a história do hospital e proposta de manutenção e ampliação das politicas antimanicomiais.