Campanhas

Dia da Resistência Indígena na América Latina

No dia 12 de outubro, a América Latina celebra o Dia da Resistência Indígena, uma data que foi ressignificada em toda a região. Originalmente atribuído à celebração da chegada de Cristóvão Colombo às Américas, conhecido como o “Dia da Hispanidade”, a data ainda é celebrada desta maneira na Europa. No entanto, para os povos originários, representa séculos de exploração e extermínio decorrentes desse encontro.

Atualmente, a América Latina abriga cerca de 826 povos indígenas, totalizando mais de 45 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 10% da população do continente. Nos últimos anos, essas comunidades têm enfrentado investidas crescentes, marcadas por retrocessos legislativos, golpes de Estado e avanços extrativistas.

Na Argentina, um dado foi oficialmente estabelecido como o “Dia do Respeito à Diversidade Cultural”. Movimentos indígenas e antirracistas, como o OLP Resistir y Luchar, Coluna Antirracista e Resumen Latinoamericano, organizaram um ato cultural e escracho à estátua do ex-presidente militar Julio Argentino Roca, localizado no centro da capital federal, Buenos Aires.

Julio Roca liderou uma brutal “Campanha do Deserto”, que resultou no genocídio dos povos indígenas mapuches na Patagônia entre 1876 e 1879. Este ato está alinhado ao movimento de desmonumentalização promovido por grupos progressistas, que busca combater homenagens a colonizadores e genocidas em várias partes do mundo.

Simultaneamente, o Movimento de Mulheres Indígenas pelo Bem Viver convocou uma greve plurinacional em defesa do povo mapuche, que tem enfrentado despejos violentos na Patagônia. Denominando esses crimes como “terricídio”, o movimento destaca a expulsão de terras e o roubo de água por empresas extrativistas em territórios plurinacionais.

Na Bolívia, um ato significativo denominado “Grande Wiphalazo” ocorre, fazendo referência à bandeira de quadrados coloridos que simbolizam as nações indígenas andinas. Milhares de bolivianos se reuniram em diferentes pontos do país para erguer a bandeira, um símbolo reconhecido pela Constituição.

O Wiphalazo não apenas reivindica os dados como uma celebração da identidade cultural e resistência indígena, mas também fortalece o movimento popular contra as investidas do setor direitista associado ao golpe de 2019, que busca desestabilizar o governo do presidente Luis Arce (MAS).

Enquanto isso, na Guatemala, o dia 12 de outubro é celebrado como o Dia da Dignidade, Resistência Indígena, Negra e Popular. Uma marcha partiu do Obelisco em direção à Câmara da Indústria, na Cidade da Guatemala, como parte das comemorações que destacam 529 anos de resistência indígena, negra e popular contra as imposições violentas da invasão europeia. A Assembleia Social e Popular da Guatemala enfatizou uma luta contínua contra essas imposições, que busca subjugar e silenciar esses povos desde o início da colonização europeia.

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa