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Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras

De acordo com Levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil em 2022.

Outras 20 tiraram a própria vida diante da discriminação e do preconceito presente na sociedade brasileira. Os dados constam no “Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”, que foi entregue ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) no dia 26 de janeiro.

Do total de 151 pessoas trans mortas em 2022, 65% dos casos foram motivados por crimes de ódio, com requinte de crueldade. 72% dos suspeitos não tinham vínculo com a vítima. De acordo com o relatório, a identidade de gênero é um fator determinante para essa violência.

Para o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, apesar da tristeza estampada nas páginas do relatório, a existência do documento aponta para caminhos que levarão o Brasil a superar a tragédia dos números a partir da mudança e da transformação.

“Quando falamos sobre gênero e sexualidade, somos acusados de sermos identitários. Pergunto a essas pessoas se é possível construir um país com os números que vemos agora. É possível construir um país suportando o assassinato de pessoas só porque elas são o que elas são? Se não tivermos a decência de mudar essa realidade, não mereceremos ser um país”.

Symmy Larrat, secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, destacou que pretende ultrapassar a simbologia de ser a primeira travesti a ocupar o cargo atual.

“Iremos trabalhar com ousadia. Vamos realizar entregas importantes para a população brasileira. Os dados que recebemos hoje vão reger a criação das nossas políticas públicas”.

 

Keila Simpson, presidente da Antra, contextualizou o período vivido pelo Brasil nos últimos anos. “Nos arrancaram desse espaço de forma cruel e danosa. Mas não tivemos medo: desenhamos novas estratégias pelos movimentos sociais. E quando não conseguiram deter a primavera que estava se avizinhando, voltamos a partir do dia 30 de outubro de 2022”, declarou, antes de dizer que “agora nós temos vez, voz e vamos avançar”.

Já Bruna Benevides, secretária de Articulação Política da Antra, apresentou os dados revelados pelo levantamento. A pesquisadora citou o apagamento da luta de pessoas trans desde 2019. “Houve exclusão de comitês e mecanismos de proteção e visibilidade da pauta pelos ministérios dos Direitos Humanos, da Educação e das Relações Exteriores”, apontou. Na visão da pesquisadora, as notícias falsas contribuíram como método para silenciar pessoas transgênero.

Igualdade Racial

Na apresentação, a secretária de Articulação Política da Antra, aponta que a estimativa média de vida de pessoas trans no ano de 2022 foi de 29,5 anos. Pessoas negras e pardas somam 79,8%.

Também estava presente a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Afirma que nos últimos anos existiu um processo político de negação da existência de pessoas negras e trans. “Esses números são extremamente impactantes. Isso tem relação com a necropolítica e o quanto esses corpos são descartáveis”.

O “Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras” é produzido pela ANTRA desde 2017. Além do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o levantamento também conta com o apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). A versão digital do Dossiê está disponível no site antrabrasil.org e também neste link: Versão digital Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras

Fonte: Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

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Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.