Crianças com direitosRio de Janeiro

Menina de dois anos morre torturada pelo pai e madrasta

A menina Quenia Gabriela, de dois anos morreu torturada pelo pai e madrasta na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O caso aconteceu nesta quinta-feira (2/3) na região de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ). Segundo a polícia, a vítima chegou ao hospital sem vida, “com sinais severos de violência”. O pai e a madrasta foram presos em flagrante pelo crime.

Marcos Vinicius Lino, pai da criança, deu entrada com a menina na Clínica da Família Hans Jurgen Fernando Dohmann, em Guaratiba, Quenia Gabriela Oliveira Matos de Lima tinha lesões pelo corpo e Marcos alegara que ela não se alimentava há três dias.

A médica da unidade de saúde procurou a delegacia depois de ver o estado em que se encontrava a criança, e em seu depoimento, disse que a menina já tinha morrido a pelo menos uma hora antes do pai dar entrada na clínica. A causa da morte foi dada como “grave agressão física e provável abuso sexual”. A profissional também se recorda de que Quenia já tinha sido atendida na clínica no mês de novembro do ano passado, com um corte de 5 cm no couro cabeludo. Na época, Patricia André Ribeiro, madrasta da menina, informou que uma louça tinha caído na cabeça da enteada.

A menina continha 59 lesões pelo corpo: 17 no abdômen, 16 no dorso, 12 no rosto, 7 nas pernas e 6 nos braços. Além de queimadura no umbigo e uma fissura no ânus. Os policiais foram até a clínica e deram voz de prisão a Marcos Vinicius Lino e a Patricia André Ribeiro, o pai e a madrasta de Quenia. Eles responderão por homicídio.

Segundo a delegada Márcia Helena Julião, titular da 43ª DP (Guaratiba), “O crime bárbaro chocou a todos os policiais desta unidade e causou grande comoção, diante dos atos cruéis de tortura”.

De acordo com a polícia, vizinhos relataram que ouviram choro e ajudaram a prestar socorro. Um dos vizinhos percebeu as lesões em Quenia e ja ouvira chorar algumas vezes. Segundo esse mesmo vizinho, a madrasta bateu forte na sua porta, informando que Quenia “não estava respirando e que tinha se engasgado”. No depoimento, outro vizinho disse ter levado os três para a Clínica da Família.

Também em depoimento, Marcos ficou com a guarda da criança pois se recusava a pagar pensão. Na creche, a direção entrou em contato para questionar as lesões da menina e que não a receberiam enquanto não fosse levada ao médico.

Em sua fala, Marcos acredita que a lesão no ânus seja da “força que fez soprando a boca da criança para tentar fazê-la voltar a respirar”.

Afirmou também que algumas vezes Patrícia ligava e dizia que Quenia tinha “caído e se machucado, mas não levava a um hospital, passando uma pomada e dando uma dipirona para febre”. Patrícia contou à polícia que a enteada estava havia três dias sem se alimentar, fato comunicado inclusive pela creche.

Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.