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Nascimento de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa

No dia 13 de junho de 1888 nascia Fernando Pessoa, um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio.

Poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português, Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo, criou heterônimos – poetas com personalidades próprias que escreveram sua poesia e, com eles procurou detectar, sob vários ângulos, os dramas do homem de seu tempo.

Era filho de Joaquim de Seabra Pessoa, natural de Lisboa, que era crítico musical, e de Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, natural dos Açores. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade.

Seu padrasto era o comandante militar João Miguel Rosa, que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. Acompanhando a família Fernando Pessoa seguiu para a África do Sul, onde recebeu educação inglesa no colégio de freiras e na Durban High School.

Aos 16 anos, Pessoa era fã da literatura inglesa e se aprofundava em William Shakespeare, John Milton e Allan Poe, tendo assim escrito seus primeiros poemas em inglês

Tendo estudado na África do Sul e se matriculado na Faculdade de Lestras em Lisboa, deixou o curso para se dedicar os seus escritos, passando a trabalhar como tradutor autônomo em escritórios comerciais.

Foi trabalhando como crítico literário na revista “Águia” e como poeta em “A Renascença” (1914). A partir de 1915 liderou o grupo mentor da revista “Orpheu”, entre eles, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal, Luís de Montalvor, Almada-Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho, que Pessoa criou seus heterônimos principais.

Heterônimos de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa foi vários poetas ao mesmo tempo. Tendo sido “plural”, como se definiu, criou personalidades próprias para os vários poetas que conviveram nele.

Cada um tem sua biografia e traços diferentes de personalidade. Os poetas, não são pseudônimos e sim heterônimos, isto é, indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo próprio, representando o que angustiava ou encantava seu autor.

Alberto Caeiro

O poeta Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 16 de abril de 1889. Órfão de pai e mãe, só teve instrução primária e viveu quase toda a vida no campo, sob a proteção de uma tia. Poeta de contato com a natureza, extraindo dela os valores ingênuos com os quais alimenta a alma.

Para Caeiro, “tudo é como é”, “tudo é assim como é assim”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem a mediação do pensamento. O poema “O Guardador de Rebanhos” mostra a forma simples e natural de sentir e dizer desse poeta. Alberto Caeiro morreu tuberculoso, 1915.

Ricardo Reis

O poeta Ricardo Reis nasceu na cidade do Porto, Portugal, no dia 19 de setembro de 1887. Teve formação em escola de jesuítas e estudou medicina. Monarquista, exilou-se no Brasil, por não concordar com a Proclamação da República Portuguesa.

Foi profundo admirador da cultura clássica, tendo estudado latim, grego e mitologia. A obra de Reis é a ode clássica, cheia de princípios aristocráticos.

Bernardo Soares

É um dos heterônimos que o próprio Fernando Pessoa definiu como sendo um “semi-heterônimo”. É o autor do livro Desassossego.

Álvaro de Campos

O poeta Álvaro de Campos foi o mais importante heterônimo de Fernando Pessoa, nasceu no extremo sul de Portugal, em Tavira, em 15 de outubro de 1890. É o poeta moderno, aquele que vive as ideologias do século XX. Estudou Engenharia Naval, na Escócia, mas não podia suportar viver confinado em escritórios.

De temperamento rebelde e agressivo, seus versos reproduzem a revolta e o inconformismo, manifestados através de uma verdadeira revolução poética. Escreveu “Ode Triunfal”, “Ode Marítima” e “Tabacaria”

Fernando Pessoa como ele mesmo

Mestre da poesia, Fernando Pessoa mostrou muito pouco de seu talento em vida. Foi na época em que colaborava com a revista “Presença” (1927), que sustentava a liberdade de expressão e apregoava a emoção estética como o real objetivo do Movimento Modernista.

Além das representações poéticas dos heterônimos, há os poemas de Fernando Pessoa, ele mesmo, como O Nada que é Tudo, ou ainda, os famosos versos da Autopsicografia que enunciam o mistério da criação poética que ele próprio sentiu:

Autopsicografia

“O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

 

E os que leem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não têm.

 

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.”

Fernando Pessoa interessava-se pelo ocultismo e pelo misticismo, com destaque para a Maçonaria e a Rosa-cruz, havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas no Diário de Lisboa (4 de fevereiro de 1935), contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se “No Túmulo de Christian Rosenkreutz”.

Fernando Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de 1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com diagnóstico de “cólica hepática” causada por cálculo biliar associado a cirrose hepática, diagnóstico que é hoje contestado por estudos médicos, embora o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida seja consensualmente considerado como um importante fator causal.

Segundo um desses estudos, Pessoa não revelava alguns dos sintomas mais típicos de cirrose hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma pancreatite aguda ou, de acordo com o seu registo de óbito, “obstrução intestinal”.

Morreu nesse hospital, na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa, no dia 30 de novembro de 1935, pelas 20h, com 47 anos. Apenas em 1985 foi averbado no registo de óbito o local correto da morte do poeta, que, até então, se julgava ter ocorrido na sua residência da Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, onde se encontra atualmente instalada a Casa Fernando Pessoa. No dia anterior, escrevera sua última frase, em inglês: “I know not what tomorrow will bring” (“Não sei o que o amanhã trará”). O funeral realizou-se a 2 de dezembro de 1935 para o Cemitério dos Prazeres.

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