Memória: Nascimento de santo Oscar Romero
Oscar Arnulfo Romero nasceu em agosto de 1917, numa família modesta em Ciudad Barrios, El Salvador. Aos 14 anos, ingressou no seminário, mas seis anos depois afastou-se para ajudar a família, que enfrentava dificuldades. Passou a trabalhar nas minas de ouro com os irmãos. Retomou os estudos e foi enviado para Roma, onde estudou teologia na Universidade Gregoriana. Romero foi ordenado sacerdote em 1942, retornou a El Salvador e assumiu uma paróquia no interior. Posteriormente, foi transferido para a catedral de San Miguel, onde permaneceu por 20 anos. Como sacerdote dedicado à oração e à atividade pastoral, dedicou-se a obras de caridade, mas sem um envolvimento social reconhecidamente significativo.
Em 1970, foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador. O arcebispo Luis Chávez y González buscava atualizar a linha pastoral de acordo com o Concílio Vaticano II e a Conferência de Medellín, mas Romero não se identificava integralmente com a proposta. Em 1974, foi nomeado bispo da diocese de Santiago de María, em meio a um contexto político de forte repressão, especialmente contra as organizações camponesas.
No ano seguinte, a Guarda Nacional executou cinco camponeses, e Dom Romero celebrou uma missa pelas vítimas. Ele não fez uma denúncia explícita do crime, mas escreveu uma carta severa ao presidente Molina.
Em 1977, Dom Óscar Romero foi nomeado arcebispo de San Salvador. Pouco tempo depois, o jesuíta padre Rutilio Grande, que estava comprometido com a luta do povo e tinha ligação com Dom Romero, foi assassinado. Esse foi o momento em que Romero reavaliou sua posição e se colocou corajosamente ao lado dos oprimidos, denunciando a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos Estados Unidos. O arcebispo também denunciou a violência da guerrilha revolucionária. Suas homilias, transmitidas pela rádio católica, davam esperança à população e provocavam a ira dos governantes.
Em outubro de 1979, um golpe de Estado depôs o ditador Humberto Romero. Uma junta de civis e militares assumiu o poder, e, nesse cenário, o exército e organizações paramilitares assassinaram centenas de civis, incluindo sacerdotes. A guerrilha respondeu com execuções sumárias.
Em fevereiro de 1980, Dom Romero escreveu ao presidente dos EUA, Jimmy Carter, pedindo que ele não enviasse ajuda militar e econômica ao governo salvadorenho e não financiasse a repressão ao povo. Em 24 de março do mesmo ano, Dom Óscar Romero foi assassinado por um franco-atirador enquanto celebrava a missa na capela do Hospital da Divina Providência em San Salvador. Ele denunciava publicamente a repressão da ditadura militar de El Salvador, no início da guerra civil do país, que ocorreu entre 1980 e 1992.
Ele foi assassinado por um esquadrão da morte de direita enquanto celebrava uma missa em 1980. Seu assassinato foi um dos mais chocantes do longo conflito entre uma série de governos apoiados pelos Estados Unidos e rebeldes de esquerda, durante o qual milhares de pessoas foram assassinadas por esquadrões da morte de direita. Ninguém jamais foi julgado por sua morte.
Para inúmeras comunidades cristãs do continente americano, Oscar Romero passou a ser considerado santo desde o dia de seu martírio. Chamam-lhe São Romero da América Latina pelo seu empenho em favor da paz, sua luta contra a pobreza e a injustiça. Dom Óscar Romero foi assassinado em 24 de março de 1980 enquanto celebrava a missa.
Francisco, o primeiro papa latino-americano, reconheceu Romero como “mártir da Igreja” em 2014, colocando-o no caminho da santidade em 2015, ao beatificá-lo, dizendo que ele havia sido assassinado “por ódio à fé”.
O Papa Francisco proclamou santo Oscar Romero no dia 14 de outubro de 2018, em uma grande cerimônia na Praça de São Pedro, no Vaticano. A cerimônia contou com dezenas de milhares de peregrinos, entre eles cerca de 5 mil salvadorenhos e alguns presidentes. Os presidentes de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén; do Panamá, Juan Carlos Varela; do Chile, Sebastián Piñera; e da Itália, Sergio Mattarella, assim como a rainha Sofia da Espanha, estavam entre os participantes do ato solene. Na cerimônia, o Papa usou como vestes litúrgicas o cíngulo com sangue que Romero usava na cintura no dia de seu assassinato, bem como a casula (veste litúrgica) de Paulo V