Sindicalista Margarida Alves
Filha mais nova de uma família de nove irmãos, Margarida Maria Alves viveu na zona rural de Alagoa Grande, no Sitio Jacu, até os 22 anos de idade.
A vida de sua família mudou quando a família de Margarida foi expulsa de suas terras por grandes latifundiários, tendo que ir morar na periferia de Paraíba (PB).
Mesmo nunca conseguiu completar seus estudos, finalizando a quarta série do Ensino Fundamental mais velha do que a média de escolaridade comum. Margarida se tornou Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba em 1973, aos 40 anos. Foi uma das primeiras mulheres a assumir um cargo de direção sindical no Brasil e uma grande ativista de direitos humanos e trabalhistas no país.
Atuava em defesa dos trabalhadores poderem cultivar suas próprias terras, pelo direito do fim do trabalho infantil nas lavouras e canaviais e para que essas crianças pudessem estudar. Criou no sindicato um programa de alfabetização para adultos inspirada nos modelos do educador Paulo Freire, para conscientização e ensino de mais trabalhadores. Atuava também na luta pelos direitos básicos dos trabalhadores rurais em Alagoa Grande, como carteira de trabalho assinada e 13º salário, jornada de trabalho de oito horas diárias e férias. Rompendo com padrões tradicionais de gênero, participou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande por 23 anos como tesoureira e presidente. Em sua gestão, o sindicato moveu mais de 600 ações trabalhistas na Justiça do Trabalho local, de Alagoa Grande (PB) – que estavam relacionadas a grandes proprietários de terras e, principalmente, com os usineiros de açúcar, donos da Usina Tanques.
Margarida foi um dos maiores nomes da luta sindical no Brasil, e no seu discurso no Dia do Trabalho de 1983, falou uma de suas frases mais famosas: “Da luta eu não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
O assassinato de Margarida Maria Alves
Margarida Maria Alves foi brutalmente assassinada na porta de sua casa, em 12 de agosto de 1983, na frente de sua família, com um tiro no rosto. Os assassinos nunca foram condenados. Dos envolvidos, apenas Zito Buarque foi julgado. Ele ficou preso por três meses, tendo sido absolvido em 2001 em João Pessoa. Desde então, essa grande lutadora do povo tornou-se um símbolo nacional de força e coragem para mulheres e homens do campo, da floresta e das águas.
Marcha das Margaridas
A cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do país e de outros 26 países marcham em Brasília num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade. Realizada desde o ano 2000, a Marcha das Margaridas é a maior ação conjunta de mulheres trabalhadoras da América Latina. Infelizmente, em 2020 por conta da pandemia da covid-19, as mobilizações que acontecem anualmente para homenagear e fomentar a Marcha das Margaridas nas cidades, mobilizando mulheres do campo para protagonizar momentos de luta e mística camponesa, não ocorreu.
Dia Nacional dos Direitos Humanos
Por conta do assassinato de Margarida Alves, no dia 12 de agosto de 1983. Nesta data é lembrada o Dia Nacional dos Direitos Humanos.
Museu-Casa Margarida Maria Alves
O lugar onde morava com a família, local onde foi assassinada, tornou-se a Museu-Casa Margarida Maria Alves onde estão expostas fotografias, jornais que noticiaram o assassinato (fato de grande repercussão Nacional e Internacional), cartas, depoimentos, documentos, utensílios pessoais de Margarida, objetos da casa, fotografias, cartazes, livros, entre outros itens.
O Museu-Casa Margarida Maria Alves também é a sede da reunião das “Mulheres do Brejo”, movimento de trabalhadoras rurais de Alagoa Grande.
Endereço: Rua Olinda 624 – Alagoa Grande – PB.
Telefone: (83) 99146-4453
Documentário “Nos Caminhos de Margarida”
Assista ao Documentário “Nos Caminhos de Margarida“ (2017), realizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag) e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
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