Rio de Janeiro

Um ano dos Anjos de Realengo

Um ano após o trágico ataque à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, a comunidade escolar se reuniu para lembrar as vítimas e destacar as ações realizadas para melhorar a segurança e a qualidade do ensino na instituição. A ComCausa participou de ato promovido por amigos e familiares das vítimas, juntamente com a ‘Associação Anjos de Realengo’, o Movimento Candelária Nunca Mais, PAMEN e CHEIFA.

Foram três dia de atividades de lembrança, no dia 06 de abril, foi realizada uma Vigília das Mães de Realengo em frente a Escola Municipal Tarso da Silveira. Cartazes e faixas com fotos foram fixados no muro onde outrora ficava a entrada principal da unidade. Ao final, foram acesas velas e foi realizado um Ato Ecumênico. No sábado, dia 07 de abril de 2011, no mesmo horário que o ex-aluno Wellington de Oliveira assassinou os doze adolescentes, as mães do massacre de Realengo foram até o Cristo Redentor, onde realizaram orações. No dia 08 de abril, foi realizada missa em memória das crianças na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Novo.

Durante uma cerimônia realizada na escola, familiares das vítimas, estudantes, funcionários e autoridades locais prestaram homenagens e relembraram os momentos difíceis vividos após o ataque.

“Essa data marca um momento muito triste em nossa história, mas também é um dia de reflexão e de lembrar as pessoas que perdemos”, afirmou a diretora da escola, Maria das Graças.

Desde o ataque, a escola passou por uma grande reforma e mudanças estruturais para melhorar a segurança e a qualidade do ensino. Foram instalados novos equipamentos de segurança, como câmeras e detectores de metal, além de treinamentos para professores e funcionários em como lidar com situações de emergência.

A cerimônia também contou com a presença de representantes de outras escolas da região e de organizações da sociedade civil, que prestaram solidariedade e apoio à escola.

Lembrança das vítimas

 Abaixo segue a reprodução do O Globo com a lembrança das vítimas.

– Luiza Paula da Silveira, 14 anos
Luiza Paula da Silveira (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Luiza Paula da Silveira (Foto: Bernardo Tabak/G1)

Luiza estava no 8º ano do Ensino Fundamental e sonhava em ser modelo fotográfico. “Ela adorava tirar fotos e colocar no Orkut”, contou a tia dela, Cristiane da Silva Machado Gomes. Luiza era fã de Ivete Sangalo. “Tem uma música da Ivete, que fala em sol, terra, mar, que ela adorava. E essa música dizia: ‘Quando a chuva passar…’ Parece que ela sabia o que ia acontecer, e ela queria deixar essa mensagem. Acho que é essa música que vai ajudar a consolar a gente.”

A estudante fazia aulas de inglês e adorava ir à academia de ginástica. “Ela estava malhando com a prima, que é minha filha. As duas estavam querendo ficar em forma para o aniversário de 15 anos dessa minha filha”, disse a tia.

– Karine Chagas de Oliveira, 14
Karine Lorraine Chagas de Oliveira (Foto: G1)
Karine Lorraine Chagas de Oliveira (Foto: G1)

Karine era uma menina muito carinhosa, de acordo com Ana Paula Oliveira dos Santos, tia da estudante. Ela diz que a sobrinha vivia com a avó desde pequena. “Minha mãe está em estado de choque. Ela cria a Karine desde dois anos de idade”, conta.

A aluna do 8º ano da Escola Municipal Tasso da Silveira tinha acabado de começar a praticar atletismo na Escola Militar, em Sulacap.

“Ela fazia atletismo em um curso oferecido pela PM. Na semana que vem, ela iria pariticpar de uma prova no Estádio Célio de Barros, no Maracanã”, conta Débora Martins, tia de Karine. “Ela era botafoguense, mas gostava muito do Neymar (jogador do Santos e da seleção brasileira)”, acrescenta. “Para continuar praticando atletismo, ela precisava se esforçar na escola. E estava empolgada, tirando boas notas”, complementou.

– Larissa dos Santos Atanázio, 13
Larissa dos Santos Atanázio, vítima do atirador em Realengo (Foto: Reprodução)
Larissa dos Santos Atanázio (Foto: Reprodução)

Larissa era uma menina muito brincalhona, simpática e inteligente. Assim Daniele Azevedo define a prima que foi vítima do atirador na escola em Realengo.

Segundo Daniele, Larissa, que aparece na foto ao lado posando de modelo, estudava na Escola  Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, há dois anos. “Ela gostava muito de ir à aula”.

– Rafael Pereira da Silva, 14

Rafael Pereira da Silva (Foto: G1)
Rafael Pereira da Silva (Foto: G1)

A foto ao lado mostra a imagem de Rafael em uma camiseta feita em homenagem ao jovem estudante, outra vítima da chacina. O pai, Carlos Mauricio Pinto, se emociona ao lembrar do filho. Rafael era aluno do 9º ano da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo. Ele foi um dos dois meninos mortos pelo atirador. As outras dez vítimas assassinadas eram meninas.

“Pela quantidade de pessoas que vieram ao enterro, vocês podem ver que ele era muito querido”, disse Wagner Assis da Silva, de 35 anos, irmão de Rafael. “Ele estava tirando o CPF para trabalhar como menor-aprendiz, em uma rede de supermercados. Ele já queria ganhar o dinheirinho dele”, acrescentou. “Ele era mais caseiro, jogava muito no computador e gostava de rock. Ele ouvia muito a banda Linkin Park”, finalizou.

– Samira Pires Ribeiro, 13
Samira Pires Ribeiro (Foto: Reprodução/Ag. O Globo)
Samira P. Ribeiro (Foto: Reprodução/Ag. O Globo)

Samira havia entrado este ano na Escola Municipal Tasso da Silveira, de acordo com a irmã dela, Valéria Pires. A estudante estava no 8º ano e gostava muito de ir às aulas.A morte deixou a família muito abalada. “Minha mãe está em estado de choque”, disse Valéria.

– Mariana Rocha de Souza, 12

Mariana Rocha de Souza (Foto: Reprodução)
Mariana Rocha de Souza (Foto: Reprodução)

A menina Mariana foi uma das vítimas do assassinado na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.

“Ela era muito brincalhona, gostava de Restart e Luan Santana. Ela jogava handebol e queimada no colégio e era muito estudiosa”, disse o primo de Mariana, Josimar Nunes, de 12 anos.

– Ana Carolina Pacheco da Silva, 13

Ana Carolina Pacheco da Silva  (Foto: Reprodução/Ag. O Globo)
Ana Carolina P. Silva ( Reprodução/Ag. O Globo)

Ana Carolina foi a última das vítimas a ter o corpo reconhecido. A família da estudante esteve no IML em busca da menina, mas não a reconheceu entre os corpos.

A irmã, Ana Paula, disse que ela estava desaparecida desde a manhã de quinta-feira (7) e que iria continuar procurando por ela pelos hospitais da cidade.

Após a confirmação da morte, a família ficou em estado de choque.

– Bianca Rocha Tavares, 13
bianca Rocha Tavares (Foto: Reprodução/TV Globo)
Bianca Rocha Tavares (Foto: Reprodução/TV Globo)

O sonho dela era ser pediatra. Ela gostava muito de crianças”, disse o tio da menina, Ricardo Goulart.

– Géssica Guedes Pereira, 15 anos.
Géssica Guedes Pereira (Foto: Reprodução/TV Globo)
Géssica Guedes Pereira (Reprodução/TV Globo)

“Ela jogava vôlei no colégio, gostava de estudar e de dançar funk. Era uma boa colega de sala”, disse Camile Nascimento, de 18 anos, irmã de uma colega de turma de Géssica.

– Laryssa Silva Martins, 13 anos.
Laryssa realengo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Laryssa S. Martins (Foto: Reprodução/TV Globo)

“A Laryssa era uma menina meiga, tranquila e queria ser marinheira. Ela queria ganhar dinheiro para ajudar o pai, que é aposentado”, contou o padrinho de Laryssa, Gerson da Silva, de 47 anos.

– Milena dos Santos Nascimento, 14 anos.
Milena realengo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Milena S. Nascimento (Foto: Reprodução/TV Globo)

“O sonho dela era fazer faculdade e ser modelo”, disse a tia de Milena, Ana Rosa Nascimento.

– Igor Moraes da Silva, 13
igor realengo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Igor Moraes da Sila (Foto: Reprodução/TV Globo)

“O sonho dele era ser jogador de futebol”, conta Walmir de Souza Macedo, coordenador da Escolinha de Futebol Roberto Dinamite, onde Igor jogava. “Ele era franzino por causa da idade, mas tinha qualidade, talento. Começou como lateral e já tinha passado para o meio campo”, acrescenta.

Igor era flamenguista e, em março, foi vice-campeão de um campeonato de futebol realizado no condomínio onde morava. “Ele sempre me fazia companhia para ir ao treino e voltar, pois moro no mesmo condomínio onde ele morava. Para mim vai ser difícil não encontrar mais com ele”, disse Macedo, com a voz embargada. “Na véspera da morte dele, o Igor estava muito feliz, pois a gente tinha acabado de ganhar chuteiras novas na escolinha”, finalizou.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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