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Cinco anos do incêndio que atingiu a sede do Museu Nacional

Na noite do dia 2 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções que atingiu a sede do Museu Nacional na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro. destruindo quase a totalidade do acervo histórico e científico construído ao longo de duzentos anos, e que abrangia cerca de vinte milhões de itens catalogados. O edifício histórico que abrigava o museu antiga residência oficial dos Imperadores do Brasil, ficou extremamente danificado.

Oitenta bombeiros de doze quartéis combateram as chamas, que começaram por volta das 19h30. O incêndio foi controlado mais de seis horas depois, devido à dificuldade pela falta de água nos hidrantes próximos, tendo sido necessário captar em um lago próximo e transportar por caminhões-pipa até o ponto de combate.

O Ministério da Transparência e a Controladoria-Geral da União (CGU) em uma fiscalização feita em 15 de setembro de 2014 constatou que a instituição não tinha laudo atualizado de vistoria do Corpo de Bombeiros, em 2004, já havia ocorrido um alerta por parte do governo estadual do Rio de Janeiro de que o Museu Nacional corria risco de incêndio, associado à má qualidade das instalações elétricas do edifício.

Em cinco anos os repasses do governo federal ao museu também haviam caído praticamente à metade: de 1,3 milhão de reais, em 2013, para 643 mil reais, em 2017. Os dados foram levantados pela Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados, com base no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) do governo federal pela Folha de São Paulo, que corrigiu os valores pela inflação do período. Esses cortes impossibilitaram de que o local tivesse uma melhor preservação.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ, que administra a instituição, reduziu de 709 mil reais, em 2013, para 166 mil reais, em 2017 O reitor também afirmou que a UFRJ não tinha condições financeiras de manter a brigada de incêndio durante 24 horas no museu.

Os três andares do edifício foram bastante destruídos e o teto desabou. Segundo o vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, toda a coleção da Imperatriz Teresa Cristina, os afrescos de Pompeia, o Trono do Rei do Daomé, assim como os acervos linguísticos foram perdidos. Entre os itens que se estimam destruídos pelo fogo está o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, achado em 1974 e batizado de Luzia. As coleções de paleontologia que ali se encontravam incluíam o Maxakalisaurus topai, um dinossauro encontrado em Minas Gerais e o primeiro de grande porte montado no Brasil. O acervo de etnologia contava com artefatos da cultura afro-brasileira, africana e indígena, como objetos raros do Tribo tikuna, além de itens polinésios, assim como o trono do rei africano Adandozan (1718-1818), doado pelos seus embaixadores ao príncipe regente, futuro D. João VI, em 1811.

Apoio da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)

No dia 19 de agosto de 2020, o presidente da a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano, formalizou a doação de R$ 20 milhões para apoiar a reconstrução do Museu Nacional da UFRJ, que sofreu um sério incêndio em setembro de 2018. A cerimônia de oficialização desse aporte financeiro ocorreu na Quinta da Boa Vista, e a fonte desse investimento é a lei 8.971/20.

Essa contribuição assegurou o progresso nos processos de licitação para as obras de restauração das fachadas e telhados do Paço de São Cristóvão. As intervenções planejadas para essa primeira fase já receberam aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Qual é o status atual da reconstrução do Museu Nacional?

O custo total estimado para as obras de reconstrução do Museu Nacional é de R$ 450 milhões, contudo, ainda é necessário angariar R$ 180 milhões. A previsão é reabrir suas portas ao público até abril de 2026. Até o momento, a cobertura e a fachada do Bloco 1 estão em estágio avançado e têm previsão de conclusão para abril deste ano, em 24 de março de 2023.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa