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Memória: 48 anos do assassinato de Vladimir Herzog

No dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog, conhecido como Vlado, foi submetido a torturas e assassinado pelas autoridades da ditadura militar brasileira, dentro das instalações do DOI-CODI, no quartel-general do II Exército, localizado no município de São Paulo. Isso ocorreu após ele voluntariamente se apresentar ao órgão para “prestar esclarecimentos”. Vladimir Herzog era um militante em prol da democracia e contra a censura imposta pelo regime militar. Sua trágica morte causou uma intensa indignação popular e se tornou um marco crucial na luta pelo processo de redemocratização do Brasil, que culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988.

Vladimir Herzog, cujo apelido era Vlado, era um respeitado jornalista, professor e cineasta brasileiro. Ele nasceu em 27 de junho de 1937, na cidade de Osijsk, na Croácia (naquela época, parte da Iugoslávia). Mais tarde, emigrou para o Brasil com seus pais em 1942, onde foi criado e naturalizou-se brasileiro. Vladimir Herzog estudou Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e iniciou sua carreira como jornalista em 1959, trabalhando para o jornal O Estado de S. Paulo. Durante esse período, decidiu adotar o nome Vladimir em vez de Vlado, acreditando que soaria melhor no contexto brasileiro. Na década de 1960, ele se casou com Clarice Herzog.

Vladimir começou a trabalhar na televisão em 1963 e, dois anos depois, foi contratado pelo Serviço Brasileiro da BBC, mudando-se para Londres. Neste período, seus dois filhos, Ivo e André, nasceram. Em 1968, retornou ao Brasil, trabalhando na revista Visão por cinco anos e também atuando como professor de telejornalismo na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e na Escola de Comunicações e Artes da USP. Em 1975, Vladimir Herzog foi convidado para liderar o jornalismo da TV Cultura de São Paulo.

Em 24 de outubro do mesmo ano, Herzog foi convocado para prestar esclarecimentos na sede do DOI-Codi sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Nesse local, ele foi brutalmente torturado e, no dia seguinte, tragicamente assassinado. A versão oficial divulgada pelas autoridades militares afirmou que Vladimir Herzog havia cometido suicídio por enforcamento, inclusive apresentando uma fotografia que supostamente confirmava essa versão. No entanto, depoimentos de jornalistas que estavam presos no mesmo local apontaram que ele fora assassinado sob tortura. Além disso, em 1978, o legista Harry Shibata admitiu ter assinado o laudo necroscópico sem ter examinado ou sequer visto o corpo.

Em 1978, a Justiça brasileira condenou a União pelos crimes de prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir Herzog. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu oficialmente que ele havia sido assassinado e concedeu uma indenização à sua família, embora esta tenha recusado a compensação, alegando que o Estado brasileiro deveria continuar investigando o caso. Somente mais de 15 anos depois, em março de 2013, o atestado de óbito de Vladimir Herzog foi finalmente retificado, substituindo a afirmação anterior de que ele havia morrido por enforcamento pela declaração de que “a morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório em dependência do II Exército – SP (DOI-Codi).”

Fonte com acréscimos: memoriasdaditadura.org.br

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa