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Aniversário da Cidade de Itaboraí

“É por isto e por muito mais, é porque foi meu berço, e berço daqueles a quem mais amei e amo, é porque no seu seio tenho sepulturas queridas, é porque me guarda em seus lares amigos dedicados, é porque desejo ter em seus campos um abrigo na minha velhice que começa, e no seu cemitério um leito para dormir o último sono, é enfim por todos esses laços da vida e da morte que a Vila de Itaboraí me é tão querida.”

Joaquim Manoel de Macedo
O Rio do Quarto, 1869 _ Cap 01: Para se ler ou não ler.
Escritor Itaboraiense, maior romancista do século XIX
Autor do clássico “A Moreninha”

Itaboraí, cidade histórica do Estado do Rio de Janeiro, localizada na região metropolitana, é o resultado da união de três importantes vilas do passado colonial e imperial do Brasil: Santo Antônio de Sá, São João de Itaboraí e São José Del Rey. A maior delas, a Vila de Santo Antônio de Sá, segunda formação do Rio de Janeiro no recôncavo da Guanabara; A Vila de São João de Itaboraí, inicialmente uma parada de tropeiros, que mais tarde se tornaria o maior produtor açucareiro da região e principal entreposto comercial ligando o norte fluminense a capital da província; e a Vila de São José Del Rey (conhecida como São Barnabé, ou Itambi), cuja região fora uma importante Missão Jesuítica entre os índios Maromomis e Tamoios que por aqui habitavam.

Para conhecer a história de Itaboraí, é importante compreender como se deu o povoamento de toda a região, e que a ocupação territorial foi condicionada a diversas variáveis, como a proximidade de rios navegáveis, situação do sertão do Macacu, ou de fins catequistas, caso dos Jesuítas na região de Cabuçú e Itambi, ou mesmo de localizações estratégicas em rotas de tropeiros, situação de Itaboraí, o que também acabou beneficiando o desenvolvimento econômico com os grandes engenhos, dentre outras razões.

A antiga Vila de Santo Antônio de Sá

É no século XVI que se dá a ocupação dos “sertões do Rio Macacu” pelos colonizadores portugueses, pois em 1567 o fidalgo português Miguel de Moura recebeu uma sesmaria (grande extensão de terras) na planície do Rio Macacu (José Matoso Maia Forte – 1937). Entretanto, apesar da abertura de fazendas e engenhos de cana-de-açúcar na região, o primeiro povoamento no Recôncavo da Guanabara foi a Vila de Santo Antônio de Sá, fundada em 1697, às margens do Rio Macacu (Na mesma região que hoje abriga o Comperj).

O ato de criação da vila de Santo Antônio de Sá seria uma mera curiosidade histórica não fosse o fato de que a descrição da solenidade constitui uma fonte rica de informações sobre a estrutura social que estava sendo criada no sertão do Macacu. Não só a maior parte das terras pertencia a um grupo muito pequeno de indivíduos, como os laços familiares entre eles garantiam o controle das terras, fosse por casamento ou herança. Assim estavam presentes naquela solenidade membros das famílias dos Duque Estrada, dos Sardinha, dos Silva, dos Costa Soares, dos Pacheco e dos Azevedo Coutinho (às vezes escrito Azeredo Coutinho). Cada família era associada a uma parcela do território: por exemplo, os Azevedo Coutinho e os Sardinha eram donos de terras e engenhos em Itapacorá; os Sardinha também eram proprietários em Macacu e Guaxindiba, e assim por diante (Forte,1984).

A Vila de Santo Antônio de Sá, com suas freguesias e povoados, experimentou um grande desenvolvimento econômico, parte disto em razão de sua localização, tendo em toda a região entrepostos comerciais que recebiam, via escoamento fluvial, a sua produção e a da região serrana e interior fluminense, através de seus rios como o Macacu, Casseribu e Aldeia. Porém, anos de desmatamento desordenado, tornaram as áreas aráveis em charcos, e o consequente assoreamento dos rios não só foi destruindo o potencial produtivo, mas também cooperou na proliferação de mosquitos, vetores de doenças como a febre amarela e a malária, o que resultou, a partir de 1829 no início da extinção da Vila (então a mais atingida pelas doenças). As chamadas “Febres do Macacu” foram tão marcantes que nos anos que se seguiram as pessoas evitavam retornar ao lugar devido ao medo que se instalou (Num ofício ao Marquês de Caravelas, que era Ministro e Secretário dos Negócios do Império, em 25 de agosto de 1830, Francisco José Alves Carneiro, Juiz de Fora da Vila de Sto Antônio de Sá, fazia saber sobre a Vila já se encontrar quase deserta, contando talvez, com meia dúzia de homens, levando-se em conta que a Vila chegou a ter uma população de aproximadamente 19.000 “almas”.

Seu maior destaque foi o Convento Franciscano de São Boaventura, inaugurado em 04 de fevereiro de 1670, após dez anos de construção. Hoje, são as suas ruínas que ostentam a outrora história de importância da antiga Vila no desbravamento do que os antigos chamavam de os “Sertões do Macacu”.

A Vila de São José Del Rey

A Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Itamby, cujo território foi desmembrado da Vila de Sto. Antônio de Sá, é nomeada Vila de São José Del Rey por força de Alvará em 1772, sendo assim denominada para solenizar o aniversário do Príncipe Dom José de Portugal, pelo então Vice-Rei e Governador do Brasil Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, o Marquês do Lavradio. Contudo, somente onze anos depois houve a instalação da Justiça e da Câmara naquela que seria uma das mais importantes vilas do recôncavo da Guanabara, por estar situada a pouco mais de dois quilômetros da foz do rio Macacu, próximo de Itambi, hoje 3º distrito de Itaboraí.

Inicialmente, a região de Itambí era apenas uma terra de índígenas, até a chegada dos colonizadores, que lá se estabeleceram e deram o nome àquela região pertencente ao recôncavo do Rio de Janeiro, mantendo o topônimo indígena de origem tupi que, segundo Teodoro Sampaio, significa Ita = pedra, e Mbi = alto, erguida, alçada, ou seja, “Pedra em Pé”, denominação esta, dada a toda área que hoje compreende o município de Itaboraí, e que guarda ainda, em suas origens, as mais belas raízes da história do município, com ascendência em todos os antigos povoados do Brasil. Seus colonizadores, principalmente os Jesuítas que tinham a função sagrada de ensinar a língua e a religião Católica aos nativos, não desprezavam os nomes indígenas.

O aldeamento de São Barnabé fazia parte de uma estratégia de segurança dos colonizadores portugueses que junto com os aldeamentos de Itaguaí, São Lourenço (Niterói), São Pedro (São Pedro D’aldeia) e Macaé contra possíveis invasões de nações inimigas (Franceses, Holandeses) estes povoamentos serviam para guardar a costa em torno do Rio de Janeiro e também como locais de produção de mão de obra, principalmente no período da União Ibérica, quando o controle do mercado escravo ficou um bom tempo com a Holanda.

Assim como aconteceu em outras vilas, há registros de que os índios que ali existiam foram levados a participar do processo de desmatamento das áreas circunvizinhas a Baía da Guanabara, para que se realizasse o plantio da cana de açúcar e a construção de engenhos. Estes teriam sucumbido diante do trabalho pesado, uma das razões pelas quais podem ser encontrados inúmeros enterramentos indígenas na região, sendo imediatamente substituídos pelos escravos provenientes do continente africano.

“Em determinado momento do processo de colonização no séc. XVII, mais ou menos em 1628, por causa da presença dos franceses e holandeses, o colonizador português usou a mão-de-obra indígena que era numerosíssima em Itambi – era a maior população indígena, 3500 selvagens, segundo Fernão Candim – utilizou essa mão-de-obra para construir fortificações no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara.”

Adamastor Camará Ribeiro – Historiador,
na primeira jornada de cultura local, realizada em Itaboraí, em 1984

“É essa força de trabalho de São Barnabé, juntamente com o escravo negro, que fez o vigor canavieiro de Itaboraí.”

Complementa Adamastor Camará Ribeiro

O Marquês do Lavradio relata em carta datada de 1773 a seu tio, Reverendo Principal de Almeida, que havia retirado da Aldeia de São Barnabé da Vila de São José Del Rei “muitas índias que estavam em perigo”, na faixa etária de oito a doze anos, para o Rio de Janeiro, a fim de que se educassem e pudessem ter sentimento, tornando famílias com homens brancos, já que os indígenas desta então vila tiveram suas terras roubadas e eles, escravizados. Querendo dar encaminhamento diverso ao dos jesuítas em relação à população local, o Marquês toma decisões muito definitivas, destinando os homens que podem trabalhar as fazendas e aos cinco engenhos, que produziam por safra 60 toneladas de açúcar e 140 mil litros de aguardente, e os jovens da mesma idade das meninas, eram destinados ao aprendizado de ofícios mecânicos no Rio de Janeiro. Diante de sua política, pouco sobrou do aldeamento considerado por ele como sendo um dos mais civilizados.

A Vila de São José Del Rey teve uma curta vida de autonomia administrativa, pois já em 1833 foi anexada a então Vila de São João de Itaboraí.

Milagres de Anchieta

A Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Itamby, cujo território foi desmembrado da Vila de Sto. Antônio de Sá, é nomeada Vila de São José Del Rey por força de Alvará em 1772, sendo assim denominada para solenizar o aniversário do Príncipe Dom José de Portugal, pelo então Vice-Rei e Governador do Brasil Dom Luiz de Vasconcelos e Souza, o Marquês do Lavradio. Contudo, somente onze anos depois houve a instalação da Justiça e da Câmara naquela que seria uma das mais importantes vilas do recôncavo da Guanabara, por estar situada a pouco mais de dois quilômetros da foz do rio Macacu, próximo de Itambi, hoje 3º distrito de Itaboraí.

Inicialmente, a região de Itambí era apenas uma terra de índígenas, até a chegada dos colonizadores, que lá se estabeleceram e deram o nome àquela região pertencente ao recôncavo do Rio de Janeiro, mantendo o topônimo indígena de origem tupi que, segundo Teodoro Sampaio, significa Ita = pedra, e Mbi = alto, erguida, alçada, ou seja, “Pedra em Pé”, denominação esta, dada a toda área que hoje compreende o município de Itaboraí, e que guarda ainda, em suas origens, as mais belas raízes da história do município, com ascendência em todos os antigos povoados do Brasil. Seus colonizadores, principalmente os Jesuítas que tinham a função sagrada de ensinar a língua e a religião Católica aos nativos, não desprezavam os nomes indígenas.

O aldeamento de São Barnabé fazia parte de uma estratégia de segurança dos colonizadores portugueses que junto com os aldeamentos de Itaguaí, São Lourenço (Niterói), São Pedro (São Pedro D’aldeia) e Macaé contra possíveis invasões de nações inimigas (Franceses, Holandeses) estes povoamentos serviam para guardar a costa em torno do Rio de Janeiro e também como locais de produção de mão de obra, principalmente no período da União Ibérica, quando o controle do mercado escravo ficou um bom tempo com a Holanda.

Assim como aconteceu em outras vilas, há registros de que os índios que ali existiam foram levados a participar do processo de desmatamento das áreas circunvizinhas a Baía da Guanabara, para que se realizasse o plantio da cana de açúcar e a construção de engenhos. Estes teriam sucumbido diante do trabalho pesado, uma das razões pelas quais podem ser encontrados inúmeros enterramentos indígenas na região, sendo imediatamente substituídos pelos escravos provenientes do continente africano.

“Em determinado momento do processo de colonização no séc. XVII, mais ou menos em 1628, por causa da presença dos franceses e holandeses, o colonizador português usou a mão-de-obra indígena que era numerosíssima em Itambi – era a maior população indígena, 3500 selvagens, segundo Fernão Candim – utilizou essa mão-de-obra para construir fortificações no Rio de Janeiro, na Baía de Guanabara.”

Adamastor Camará Ribeiro – Historiador,
na primeira jornada de cultura local, realizada em Itaboraí, em 1984

“É essa força de trabalho de São Barnabé, juntamente com o escravo negro, que fez o vigor canavieiro de Itaboraí.”

Complementa Adamastor Camará Ribeiro

O Marquês do Lavradio relata em carta datada de 1773 a seu tio, Reverendo Principal de Almeida, que havia retirado da Aldeia de São Barnabé da Vila de São José Del Rei “muitas índias que estavam em perigo”, na faixa etária de oito a doze anos, para o Rio de Janeiro, a fim de que se educassem e pudessem ter sentimento, tornando famílias com homens brancos, já que os indígenas desta então vila tiveram suas terras roubadas e eles, escravizados. Querendo dar encaminhamento diverso ao dos jesuítas em relação à população local, o Marquês toma decisões muito definitivas, destinando os homens que podem trabalhar as fazendas e aos cinco engenhos, que produziam por safra 60 toneladas de açúcar e 140 mil litros de aguardente, e os jovens da mesma idade das meninas, eram destinados ao aprendizado de ofícios mecânicos no Rio de Janeiro. Diante de sua política, pouco sobrou do aldeamento considerado por ele como sendo um dos mais civilizados.

A Vila de São José Del Rey teve uma curta vida de autonomia administrativa, pois já em 1833 foi anexada a então Vila de São João de Itaboraí.

Milagres de Anchieta

A ação evangelizadora dos jesuítas no Brasil iniciou-se em 1549, por determinação de D. João III, rei de Portugal.

Na Capitania do Rio de Janeiro, os jesuítas organizaram cinco aldeias indígenas: São Lourenço (Niterói), Itingá (Itaguaí), São Pedro (Cabo Frio), São Barnabé (Itambi) e Guaratiba (Ilha do Governador)

O apóstolo do Brasil, Padre José de Anchieta, que chegou na Bahia no dia 13/07/1553, e que prestou relevantes serviços a Mem de Sá, na conquista e na fundação do Rio de Janeiro, diversas vezes, esteve na aldeia de São Barnabé, onde, de acordo com o historiador jesuíta Simão de Vasconcelos, realizou dois pequenos milagres: Fez “deslizar para o mar pesadíssima canoa, com que os índios não podiam, e, dias depois, abrigou um bando de guarazes a dar sombra a ele e aos índios que conduziam a canoa sob um sol muito forte”.

A Vila de São João de Itaboraí.

Com relação ao povoamento de Itaboraí, ou Itapacorá, como a região era conhecida nas crônicas “Reminiscências de Itaboraí”, do escritor e acadêmico Salvador de Mendonça, e publicadas no jornal “O Brasil, de 1907”, o autor fala o seguinte sobre Itaboraí:

“No século XVII, o governador Salvador Corrêa de Sá mandou abrir a estrada de Campos dos Goytacases a Niterói. Essa estrada passava pela colina de Itaboraí, caminho de Vila Nova e São Gonçalo. No alto da colina, à beira dessa estrada, havia uma fonte sob um bosque frondoso. Tornou-se esse lugar um ponto de parada para as tropas que por ali transitavam. Levantaram-se ranchos ao lado oposto da fonte, esses ranchos foram as primeiras casas itaboraienses. A fonte dera o nome ao lugar – ITABORAÍ, que quer dizer “Pedra Bonita escondida na água”, e essa denominação nascera de haver, no fundo da fonte, metido na pedra, um pedaço de quartzo que despertara a atenção dos índios do lugar.”

Defende-se que o altar-mor da igreja Matriz de São João Batista fica exatamente sobre essa fonte, cujas águas foram canalizadas pelo subterrâneo, colina abaixo, até desembocar na “Fonte da Carioca”.

O surgimento do povoado se dá em razão da existência da parada de tropeiros na colina de Itaboraí, junto à fonte, e é pela iniciativa destes e de João Vaz Pereira que, em 1670, realizou-se a construção de uma nova capela, em substituição a antiga que era utilizada como “curato” na fazenda do Iguá, erguida por João Pereira da Silva em 1627, tendo, inclusive, recebido dela parte dos seus retábulos. Em alvará de 18 de janeiro de 1696 é elevada a categoria de paróquia coletiva com o título de São João de Itaboraí, tornando-se S. João, o orago da freguesia.

Os engenhos de açúcar que já existiam pela região, conforme descrito anteriormente sobre a fundação da Vila de Santo Antônio de Sá. Foram os responsáveis pelo desenvolvimento econômico de Itaboraí, sendo a principal atividade econômica do vale do Macacu-Caceribu durante todo o período colonial, perpetuando até o séc. XX.

É preciso lembrar que o açúcar foi durante séculos um dos produtos tropicais mais valorizados no mercado estrangeiro. Por isso tornou-se o principal produto de exportação das pequenas colônias luso-brasileiras que foram sendo implantadas na costa atlântica, logo que os primeiros colonizadores verificaram a aptidão de algumas terras ao seu plantio.

Outra região que se destacou muito foi o povoado de Porto das Caixas, surgido no início do século XVIII e que estava então ligado a Santo Antônio de Sá. Seu nome vem do fato de ter se tornado um importante entreposto comercial, responsável por todo o escoamento da produção agrícola de nossa região e do interior fluminense que chegava pelo rio Aldeia ao seu porto, tendo a produção encaixotada para transporte até a Bahia da Guanabara e de lá seguir rumo à Europa. Com o seu crescimento, o povoado chegou a ter uma ativa vida cultural, contando com dois teatros e um comércio muito bem estabelecido. Contudo, com a decadência do transporte fluvial e a posterior inauguração da Estrada de Ferro ligando P. Caixas a Cantagalo em 1860, e a da Carril Niteroiense, em 1874, ligando Niterói (então capital da Província do Rio de Janeiro) diretamente ao interior fluminense, viabilizando o escoamento mais vantajoso da produção cafeeira da região serrana, o antigo entreposto de Porto das Caixas da Vila de São João de Itaboraí entrou em declínio. Outro fator preponderante foi a decadência do transporte fluvial.

“Ao entrar na pequena vila, senti pedras sob a relva brava da estrada, onde meu passo incerto contou com o ritmo de geração e aquelas Lages contaram-me que aquilo fora uma rua onde faiscaram cascos, de cavalo de estirpe, conduzindo grandes senhores, de numerosa escravatura e barcos…”

Guilherme de Almeida – Cronista, descrevendo uma visita a Porto das Caixas em 1927.

Por outro lado, enquanto os portos fluviais entravam em decadência, a chegada da estrada de ferro à então vila de Itaboraí deu um certo alento ao comercio e à industria das olarias e cerâmica, permitindo o crescimento urbano e sua transformação de vila em cidade.

No século XX, depois de um período de declínio, surge uma nova economia agrícola, a laranja, perdurando dos anos 20 até a década de 80. Cabe ressaltar que Itaboraí se tornou o maior produtor dessa cultura no Rio de Janeiro, e o segundo no Brasil, chegando a ser conhecida como “Terra da Laranja”. Já a arte em cerâmica esteve sempre presente na cultura e na economia do município, sendo encontrados registros entre os nossos índios, e nos próprios engenhos, que possuíam pequenas olarias para confecção em argila dos invólucros para transporte de açúcar, cuja tradição se perpetuou pelo século XX, ampliada pela indústria ceramista, primeiramente com a chegada de novos colonos portugueses entre 1897 e 1912 e na chegada de novas tecnologias na década de 40, mecanizando a produção.

Após experimentar um período de destaque na produção de laranja durante boa parte do século XX, Itaboraí vê-se mais uma vez numa situação de declínio, pois as terras já não mais produziam frutos de boa qualidade (O motivo não era o fato das terras estarem cansadas e sim os erros na técnica de plantio, no transporte e na colheita e na falta de adubação, mostrando o caráter especulativo do empreendimento), e a indústria ceramista, antes aquecida, não buscou novas tecnologias que fossem mais eficazes, ou menos poluentes, perdendo mercado para outras regiões e estados do Brasil. Porém, ao contrário da laranja, a produção cerâmica não se extinguiu, mas, de grande empregador em meados do século XX, resume-se hoje a umas poucas unidades, sendo que algumas buscaram se aprimorar nos últimos anos.

O fato que ora descrevemos e a construção da ponte Rio-Niterói aceleraram o processo de urbanização em Itaboraí, que se tornara uma “cidade-dormitório”, a partir da década de 70, estimulando uma especulação imobiliária que criou novos problemas ambientais na região, pois as antigas áreas de plantações de laranja foram convertidas em loteamentos, sem nenhuma infraestrutura urbana, em praticamente todos os distritos (cabe lembrar que não haviam políticas públicas organizadas, ou definidas de zoneamento urbano, e nem leis muito claras, à época), e isso trouxe sérios problemas para o município, que hoje assume todo o ônus daquele processo, inclusive chegando a ser considerado uma região de baixo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – como um dos municípios mais pobres do estado. Ainda hoje, Itaboraí tem boa parte de sua população empregada na capital, na região metropolitana e em alguns municípios da Baixada Fluminense, mas vivemos uma inversão econômica com novos empreendimentos, transformando Itaboraí de satélite (quando da implantação da primeira Estação Terrena da Embratel, no Brasil, em Tanguá – na época 5º distrito do município), ou de dormitório, numa cidade polo para, pelo menos 12 municípios circunvizinhos, constituindo uma nova geografia socioeconômica na região.

Prof. Cláudio Rogério S. Dutra
Secretário Presidente
FCI – Fundação cultural de Itaboraí

Fonte: Prefeitura de Itaboraí

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa