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Caso Thiago: Familiares e amigos protestam contra o assassinato de crianças no Rio

Parentes e amigos do jovem Thiago Flausino, durante uma manifestação em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, neste sábado (19), exigem uma investigação aprofundada sobre a morte do rapaz. O adolescente foi atingido por tiros na semana passada durante uma operação realizada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar na comunidade Cidade de Deus, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro.

A família alegava que os policiais militares dispararam contra o menor e posteriormente manipularam a cena para simular um confronto armado.

“Enquanto a justiça não for feita, a gente não vai se cansar. Vamos até o fim”, afirmou Nathalia Flausino, tia de Thiago.

Desde as primeiras horas da manhã, parentes e amigos se reuniram nas imediações da Avenida Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes portando cartazes e trilhas. A locomoção foi seguida por militares.

“Ele não vai voltar mais, ninguém vai trazer meu filho de volta. A gente vai continuar lutando e pedindo justiça, para que não aconteça mais com outras famílias. E que as pessoas que fizeram isso não fiquem impunes. Porque isso tem que acabar”, afirmou Priscila Menezes, mãe de Thiago.

O grupo partiu em um ônibus da comunidade em direção à praia, concentrando-se em frente ao Copacabana Palace. Catorze caixões foram colocados no calçadão em memória das crianças mortas entre o ano passado e este ano em operações policiais ou conflitos entre grupos criminosos nas comunidades do Rio.

“Essas mortes ocorrem em mais de 90% das vezes em favelas. Em quase todos os casos, a autoria do homicídio não é elucidada. O Estado não oferece nenhum amparo para a família enlutada. E, como se não bastasse isso, a comunidade tem que vir para a Zona Sul para ser ouvida. Porque um ato desse, dentro da Cidade de Deus, é ignorado pelo poder público”, disse Antônio Carlos Costa, fundador da ONG Rio de Paz.

Os familiares carregam os caixões pela Avenida Atlântica até a Avenida Princesa Isabel, angariando mais adesões ao protesto.

“A gente está aqui como cidadão. Porque a morte dessas crianças é como a morte dos nossos filhos, é como a morte dos nossos netos. É um problema da sociedade inteira”, disse o músico e escritor Tony Belotto.

“Eu não consigo imaginar uma tragédia maior do que essa. Você ter um filho morto, um filho assassinado, e, eventualmente, um filho assassinado pela polícia, que existe para nos proteger. Então, é uma tragédia que passa de todos os limites. E não é um caso isolado. São muitos casos”, afirmou a atriz Malu Mader.

Thiago foi morto em 7 de agosto durante uma operação policial na Cidade de Deus. As testemunhas alegaram que ele estava na garupa de uma motocicleta, passando por um dos acessos à comunidade, quando foi baleado.

A Polícia Militar declarou na época que o Batalhão de Choque estava patrulhando a região quando dois homens em uma moto abriram fogo contra as equipes.

Entretanto, a família afirma que policiais militares atiraram no jovem e posteriormente alteraram a cena do crime para simular um confronto.

A Delegacia de Homicídios (DH) da capital está investigando o caso. Quatro policiais militares envolvidos na operação foram afastados de suas funções nas ruas. A Corregedoria da Polícia Militar também iniciou uma investigação.

Após doze dias desde a morte, o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não entrou em contato com a família para prestar assistência. O governo afirmou que expressa sua solidariedade aos pais de Thiago Flausino e destaca que está disponível para auxiliar a família.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa