Rio de Janeiro

Cinemateca do MAM recebe Festival de Curtas em Homenagem a Flávio Migliaccio

No dia 26 de agosto, a Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM) abriu suas portas para um evento extraordinário. Após um longo período de inatividade, o local foi revitalizado para sediar o 1º Festival Nacional de Curtas, que reuniu 168 produções de todas as partes do Brasil. O festival não apenas celebrou o talento de cineastas, mas também prestou uma homenagem póstuma ao renomado ator Flávio Migliaccio, cujo aniversário de 89 anos seria exatamente naquela data.

Um dos momentos mais marcantes do evento foi a exibição de um emocionante documentário em primeira pessoa protagonizado pelo próprio Flávio Migliaccio. Nessa obra, o ator traçou um panorama de sua vida, explorou sua obra e compartilhou as profundas reflexões sobre sua arte e sua conexão com o mundo. Mesmo após seu falecimento em 2020, seu legado permaneceu vivo, enraizado em sua sinceridade e espontaneidade. Migliaccio revelou sua visão única sobre o mundo, sua aversão à vida urbana e seu amor pela natureza. Ele viveu em meio à exuberante vegetação, em total comunhão com o ambiente natural, as plantas, os animais e a vitalidade que permeia todas as coisas. Sua história impactante deixou uma marca indelével.

O visionário por trás desse festival foi o cineasta Francis Ivanovich, que liderou sua equipe com maestria na organização do evento. As obras foram divididas em várias categorias, incluindo animação, ficção, experimentais e documentários. Destacando-se pela criatividade, os produtores brasileiros apresentaram um material de qualidade excepcional, com especial destaque para produções do Nordeste do país.

Os premiados de cada categoria subiram ao palco junto a seus colaboradores para receberem seus merecidos troféus. O ambiente estava repleto de entusiasmo pela retomada dessa iniciativa após um período sombrio marcado por um governo pouco sensível à arte, especialmente àquela originada das camadas populares. Críticas discretas e diretas foram proferidas com razão, apontando para a importância da valorização cultural.

Dentre os premiados, um documentário capturou particular atenção: “O Grão”, dirigido por Adriana Miranda e sua equipe. Durante o discurso de aceitação, ressaltou-se a natureza coletiva do trabalho documental, uma vez que esse gênero emerge da colaboração criativa de um grupo. O tema central do filme, o “grão”, possui uma relevância atual, uma vez que é a partir dele que a vida se origina. Através das “casas de sementes”, presentes em grupos de agricultura orgânica e familiar, sementes crioulas são preservadas e compartilhadas entre diferentes comunidades.

Todo o evento foi permeado por uma atmosfera festiva e de camaradagem. A convicção geral era de que a criatividade, especialmente aquela que emerge das bases sociais menos privilegiadas, tem o poder de impulsionar transformações significativas. O festival não apenas celebrou o cinema, mas também reafirmou o potencial transformador da arte enraizada nas realidades mais profundas da sociedade.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa