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Dia da Lei do Sexagenário

A Lei do Sexagenário, também conhecida como Lei Saraiva-Cotegipe, foi uma legislação histórica promulgada no Brasil em 28 de setembro de 1885, durante o período do Império. Essa lei representou um marco importante na história da abolição da escravidão no país, embora tenha sido vista por muitos como insuficiente e controversa.

A principal disposição da Lei do Sexagenário era a concessão da liberdade aos escravizados que atingissem a idade de 60 anos ou mais. Isso fez com que, uma vez completados 60 anos de idade, os escravizados fossem automaticamente libertados, sem a necessidade de pagamento de indenização aos seus proprietários. A lei também estabelecia que, após sua promulgação, nenhum novo escravo poderia ser introduzido no Brasil.

A promulgação da Lei do Sexagenário foi uma resposta às pressões crescentes e aos movimentos abolicionistas que se intensificaram no Brasil na segunda metade do século XIX. No entanto, a lei foi criticada por vários motivos:

  1. Tardia e insuficiente: A lei foi promulgada quando a escravidão já estava em declínio, devido a uma série de fatores, incluindo a pressão internacional, revoltas de escravizados, ações de abolicionistas e a emancipação gradual em algumas províncias. Portanto, a Lei do Sexagenário foi vista por muitos como uma medida tardia e insuficiente para lidar com a questão da escravidão.
  2. Idade avançada: A idade de 60 anos exigida pela lei era considerada avançada na época, e muitos escravizados não viviam o suficiente para alcançá-la. Além disso, a liberdade concedida aos idosos muitas vezes não era acompanhada de meios para sua subsistência, o que deixava muitos em uma situação de vulnerabilidade.
  3. Ausência de indenização: A lei não prévia de indenização aos proprietários de escravos que foram libertados aos 60 anos. Isso gerou resistência por parte dos proprietários, que viam seus investimentos perdidos.
  4. Continuação da exploração: A Lei do Sexagenário não aboliu a escravidão em sua totalidade, permitindo que os mais jovens continuassem a ser explorados. Isso contribuiu para a manutenção de uma divisão social baseada na raça e no status de liberdade.

Em resumo, a Lei do Sexagenário foi um passo importante rumo à abolição da escravidão no Brasil, mas foi considerada insuficiente e controversa devido à sua promulgação tardia, idade avançada estabelecida para a libertação, ausência de indenização aos proprietários e continuação da exploração de escravizados mais jovens. Foi seguida pela Lei Áurea, promulgada em 13 de maio de 1888, que finalmente decretou o fim da escravidão no Brasil, concedendo liberdade a todos os escravizados, independentemente da idade ou de outras condições.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa