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Dia Nacional do Perdão em memória do menino Ives Ota

A partir deste ano, o dia 30 de agosto assume um novo significado para os brasileiros, marcando oficialmente o Dia Nacional do Perdão, em conformidade com a Lei 13.437/2017. Esta data, que nasce de um projeto de lei pioneiro, tem raízes profundas na história de uma mãe que transformou sua dor pessoal em uma mensagem de paz e reconciliação.

A origem da Lei 13.437/2017 remonta ao Projeto de Lei da Câmara (PLC) 31/2015, que encontrou aprovação na Câmara dos Deputados em abril de 2015. A autora é a deputada Keiko Ota de São Paulo. Sua motivação é profundamente pessoal e comovente: ela escolheu celebrar o Dia Nacional do Perdão em memória de seu filho, Ives Ota.

Com apenas oito anos de idade, Ives Ota teve sua vida brutalmente ceifada por um sequestro seguido de assassinato. A tragédia poderia ter consumido Keiko Ota e seu marido em um ciclo de ódio e vingança. No entanto, inspirados por uma resiliência notável, eles optaram por perdoar os responsáveis por esse crime hediondo. O gesto de perdão dessa mãe em meio ao luto mais profundo deu origem não apenas a um dia de reflexão, mas também a uma perspectiva de unidade e humanidade.

O PLC 31/2015, que culminou na criação do Dia Nacional do Perdão, tem como objetivo principal suscitar uma profunda reflexão sobre a importância do perdão na sociedade contemporânea. Keiko Ota, ao apresentar o projeto, enfatizou que a iniciativa pretende realçar a perseverança de diversos movimentos sociais e familiares na busca pela justiça, ressaltando o poder transformador do perdão em um contexto de crescentes divisões.

No Senado, a senadora Simone Tebet, do Mato Grosso do Sul, desempenhou também um papel crucial como relatora do projeto. Para ela, o Dia Nacional do Perdão é mais do que uma simples data no calendário, é uma contribuição significativa para promover o conceito de perdão em uma sociedade muitas vezes marcada por hostilidades e barreiras. A senadora Tebet afirmou que o projeto é uma expressão de vida, comparando-o ao ato de perdão de Jesus na cruz, quando ele pediu a Deus para perdoar aqueles que o crucificaram.

O valor intrínseco do Dia Nacional do Perdão, conforme destacado por Simone Tebet, é que ele representa um passo em direção à orientação da sociedade para seus princípios mais básicos. Ao focar na solidariedade e no senso de fraternidade, essa iniciativa busca inspirar um maior entendimento entre as pessoas, promovendo a harmonia e a convivência pacífica.

O Dia Nacional do Perdão não é apenas um marco no calendário, mas um convite à reflexão profunda sobre nossa humanidade compartilhada. Ao lembrar a trajetória de Keiko Ota e sua coragem ao transformar a tragédia em um gesto de reconciliação, somos desafiados a cultivar a compreensão e a empatia em um mundo muitas vezes dividido. Neste 30 de agosto, e nos anos vindouros, o país terá a oportunidade de olhar para dentro de si e abraçar a mensagem eterna do perdão como um meio para curar feridas e construir um futuro mais compassivo.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa