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FLIDAM faz carta sobre cotas para Lula

Realizado na ultima semana no no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) de Meriti, o X Festival Literário Internacional da Diáspora Africana de São João de Meriti (FLIDAM) teve como tema: Pela ampliação da política de cotas raciais em universidades e institutos brasileiros.

Como desdobramento do encontro a organização da FLIDAM está divulgando e colhendo assinaturas de uma Carta Aberta ao Presidente Lula sobre a ampliação das Políticas de Ações Afirmativas no Brasil. Considerando que: “O ano de 2022 também marca a possibilidade de retorno do Brasil a uma vida democrática menos precária, que represente o fim de uma era de desmonte das políticas públicas voltadas para os setores menos favorecidos da população brasileira” – Leia a carta na integram e para assinar a carta, clique aqui!

A X FLIDAM, Festival Literário Internacional da Diáspora Africana (FLIDAM) começou na quarta, dia 16, na Baixada Fluminense e vai até hoje, dia 20.

Homenagens na FLIDAM

Nesta décima edição, os organizadores da FLIDAM estão prestando várias homenagens para quem contribuiu nos últimos anos com o Festival Literário. Entre estes esteve a ComCausa que recebeu uma homenagem por sua luta na defesa e promoção de Direitos Humanos, uma das causas que foi ressaltado pelo professor Rodney, diretor do IFRJ Meriti e um dos coordenadores da FLIDAM, é a atuação da instituição no episódio da Chacina da Baixada.

Sendo realizada desde 2012, tendo como cidade principal São João de Meriti, o Festival Literário Internacional da Diáspora Africana (FLIDAM) irá acontecer de 16 até 20 de novembro e terá a seguinte programação: 

Neste ano, o festival  será no Campus do IRFJ de São João de Meriti (Rua Vala da Divisa – Coelho da Rocha, São João de Meriti).

Confira abaixo a programação:

20/NOV

10h00
– Missa inculturada Afro
– Sessão Solene

Anualmente a cidade de São João de Meriti recebe o Festival Literário Internacional da Diáspora Africana (FLIDAM) na semana do dia 20 de novembro celebrando não só a literatura, mas também o conjunto de expressões da contemporaneidade da Baixada Fluminense. O evento reúne intelectuais de diversos campos da cultura da região.

Em 2022, a primeira edição após a pandemia, o evento acontece no IFRJ campus São João de Meriti após não conseguir prover os recursos de uma emenda parlamentar através da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Sem verbas suficientes e construída antes das eleições presidenciais deste ano, a organização do evento escolheu o tema das cotas raciais como norte das discussões.

O diretor do IFRJ campus São João de Meriti, Rodney Albuquerque, comenta o assunto:

“O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” e convido a refletir: quais estudantes estão melhor preparados para disputar o ENEM? Os(as) estudantes negros e indígenas, muitos(as) disputam em condições muito desfavoráveis, precisam desta importante ação afirmativa. E os recentes casos de racismo só demonstram que o Brasil periférico, como nós aqui da Baixada Fluminense, precisa da ampliação desta política. Sem contar o congresso nacional recém eleito, bem reacionário, e a resposta de um novo governo eleito, demonstra que nossa democracia e o sistema de freios e contrapesos está funcionando como nunca.”

A programação deste ano inclui dezenas de homenagens a personagens que contribuíram de alguma forma nos dez anos do festival, além de exposições, palestras e outras atividades. Para conferir a programação completa, basta acessar acessar o link doity.com.br/flidam10 ou o Instagram @flidamsjm.

A lei 10.639/03 inclui o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nos currículo.

Flidam 2022 | 16 a 20 de novembro de 2022
IFRJ campus São João de Meriti (Referência: Próximo da Churrascaria Oásis na Via Dutra)
Mais informações no Facebook da FLIDAM

Acompanhe a programação em ComCausa.org.br/FLIDAM

Dez anos de Lei de Cotas

Completada 10 anos, a Política de Cotas foi uma das principais ferramentas para inserir jovens pretos, pardos e indígenas dentro dos espaços acadêmicos.  A Lei  nº 12.711/2012 garantiu que 50% do total de vagas nas universidades e institutos federais fossem reservadas para alunos que vieram de escolas públicas. Nesse recorte de 50%, as vagas são também oferecidas para pretos, pardos e indígenas. “No começo dos anos 2000, a cada 100 universitários, apenas 2 eram  negros. O Movimento Negro Unificado começou a formular propostas para a inclusão de cotas”, afirma Givânia Maria da Silva, co-fundadora e coordenadora do Coletivo de Educação da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

Para Denise Carreira, coordenadora institucional da organização social Ação Educativa, doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e integrante da Coordenação do Consórcio da pesquisa sobre o Balanço da Lei de Cotas, é preciso estar de olho na revisão da lei que está prevista para acontecer ainda este mês. “A revisão visa o aprimoramento e o fortalecimento da política de cotas e não o fim, porém também oferece riscos devido ao momento que estamos vivendo. As cotas sempre foram atacadas, o que oferece risco ao enfrentamento das desigualdades, especialmente o racismo que corrói a nossa sociedade”.

E mesmo com a inserção de jovens pretos, pardos e indígenas no espaço acadêmico ter ocorrido, a realidade está fora do que deveria ser proporcional pensando na população brasileira composta por 54% de pessoas negras. Por isso, a importância do Edital Identidades Negras: Políticas de Equidade Racial, promovido pelo o Fundo Baobá com o apoio da Imaginable Futures e da Fundação Lemann. Com a proposta de combater o racismo e promover a equidade racial no setor da Educação, será oferecido aporte de R$ 2,5 milhões para 10 organizações, grupos e coletivos negros que atuam na educação, implementam ou fomentam estratégias de enfrentamento ao racismo em instituições educacionais formais e não formais e buscam fortalecer a liderança e a representação da gente preta em espaços de decisão e poder por meio de programas, ações e políticas públicas.

“Pretendemos estimular mudanças tanto nos espaços de educação formal – escolas de educação infantil, ensino fundamental, médio, ensino superior-, como em espaços não formais – organizações de base comunitária, espaços populares que preparam jovens e adultos para os vestibulares, afinal nestes espaços também se dão as ações educativas, se ampliam oportunidades e se busca romper com as estruturas que o racismo nos submete”, afirma Fernanda Lopes, diretora de Programa do Fundo Baobá para a equidade racial.

Entre exemplos de iniciativas que já acontecem,  pensando nesse viés proposto pelo Edital, está a ORÍentação Afetiva, que fornece  acolhimento pautado no quilombismo e decolonialidade como prática política, teórica e afetiva. “Acompanho  nove alunos que se encontram em conflito e adoecimento causado pelo racismo institucional do ensino superior e, consequentemente, se sentem desmotivados para finalizar o trabalho de conclusão de curso. Tais discentes residem em diversos estados brasileiros, dentre eles Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Natal e Brasília”, diz  Obirin Odara, idealizadora do projeto,  mestra em políticas sociais pela Universidade de Brasília e integrante do Perifa Connection, uma das organizações à frente da Campanha de 10 anos da Lei de Cotas no Brasil, que através de uma coalizão de iniciativas monitora a revisão da 12.711 para que ocorra de maneira justa e democrática.

O acompanhamento dos universitários acontece sempre pautado na escuta ativa, em construir toda uma narrativa de orientação individual. “Desde que iniciamos, três alunos entregaram a monografia e os seis demais seguem firmes”, diz. Para a idealizadora, em sua vida, as cotas serviram para um momento de reflexão quanto ao se enxergar no mundo. “Ser negra, até então, era algo que eu escondia e tentava fugir. Para a seleção de cotas, em contrapartida, foi o primeiro momento em minha vida que me recordo de falar com orgulho da cor de meus mais velhos e da minha cor. Era como se ali entendessem a importância disso, e eu me senti como quem rasga o silêncio com um sussurro”, afirma.

– Reprodução https://baoba.org.br/

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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