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Globo continua censurando beijo entre mulheres

A decisão da Rede Globo de cortar a cena de um beijo lésbico pela segunda vez em uma semana tem gerado críticas e indignação por parte do público. A cena em questão fazia parte da série Aruanas, disponível no Globoplay, e mostrava um beijo entre as personagens Olga e Ivona, interpretadas por Camila Pitanga e Elisa Volpatto, respectivamente.

O beijo, que durava cerca de dez segundos, foi interrompido logo após as personagens encostarem os lábios. A emissora optou por cortar a cena, deixando muitos telespectadores frustrados e questionando a postura da Globo em relação à representatividade LGBTQIA+.

Essa não foi a primeira vez que a emissora adotou essa medida. Poucos dias antes, a cena de um beijo entre as personagens Clara e Helena, vividas por Regiane Alves e Priscila Sztejnman, na novela Vai na Fé, também foi censurada, gerando uma onda de críticas e protestos nas redes sociais.

A atitude da Globo em cortar essas cenas de beijo entre casais lésbicos traz à tona uma discussão sobre a representação LGBTQIA+ na mídia e a falta de avanço em relação à inclusão e diversidade. Enquanto casais heterossexuais desfrutam de cenas íntimas e românticas explícitas, a representação de casais do mesmo sexo ainda é tratada com censura e limitação.

Essas cenas censuradas revelam a persistência de uma visão conservadora e preconceituosa que ainda permeia a sociedade e os meios de comunicação. Ao restringir a representação de afeto entre casais lésbicos, a Globo acaba contribuindo para a objetificação e fetichização dessas mulheres, reforçando estereótipos e mantendo uma narrativa que não condiz com a realidade da diversidade de relacionamentos.

É fundamental que a mídia assuma um papel mais responsável e inclusivo, retratando as relações homoafetivas de forma natural e respeitosa. A representatividade importa, e é através dela que as pessoas LGBTQIA+ podem se sentir validadas, aceitas e parte integrante da sociedade.

A decisão da Globo de cortar essas cenas de beijo lésbico demonstra a necessidade urgente de uma reflexão e mudança de postura. A emissora tem o poder e a influência para quebrar barreiras e promover uma representação mais diversa e igualitária. É preciso que a Globo reconheça o valor intrínseco de todas as formas de amor e relacionamento, independentemente da orientação sexual, e faça escolhas que promovam a inclusão e o respeito.

Enquanto o público continuar a reagir e manifestar seu descontentamento diante dessas censuras, é essencial que a emissora esteja atenta e aberta ao diálogo, repensando suas políticas de representação e dando voz às demandas por uma mídia mais inclusiva e representativa. Somente assim poderemos avançar em direção a uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos.

Relacionamentos lésbicos, fetichização e censura  

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Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.