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Memória da morte de Elis Regina

Conhecida pela competência vocal, musicalidade e presença de palco Elis foi sem dúvidas uma das maiores cantoras nacionais que o Brasil já teve, inovando espetáculos musicais por todo país, foi a primeira grande artista a surgir dos festivais de música na década de 1960 e deslocava-se da estética da Bossa Nova pelo uso de sua extensão vocal e de sua dramaticidade. Inicialmente, seu estilo era influenciado pelos cantores do rádio.

Sempre versátil, Elis cantava de Jazz a Bossa Nova com maestria, e gravou artistas como Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, ajudando a lançá-los e a divulgar suas obras, impulsionando-os no cenário musical brasileiro. Entre outras parcerias, são célebres os duetos que teve com Jair Rodrigues, Tom Jobim e Rita Lee.

Já em 1969, Elis lançou o álbum Elis in London ao lado do maestro inglês Peter Knight e de sua orquestra. A gravação, lançada no Brasil após sua morte, em 1982, impressionou Knight por Elis ter feito o disco ao vivo, sem repetir nenhuma das doze músicas, sendo aplaudida de pé pelos instrumentistas.

Dez anos depois, em 1979, ela ficou conhecida pelos críticos musicais europeus como “a nova Ella Fitzgerald” após participar do Festival de Jazz de Montreux, na Suíça. Em seguida ao show, a cantora foi convidada a se apresentar comHermeto Paschoalsem ensaio prévio. Descontente com sua performance, Elis não autorizou o lançamento do álbum, que também só chegou ao Brasil em 1982, após a morte da cantora.

Além de suas letras e melodias, Elis também é lembrada pela personalidade marcante e por sua atuação em defesa de artistas e minorias, que levou-a a ser investigada pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) na década de 1970, período em que o país vivia uma ditadura militar. A artista foi diretamente atacada pelo DOPS, órgão de repressão da ditadura militar, por sua ligação com o movimento negro norte-americano e por cantar músicas de compositores que eram tidos como “subversivos”. Após gravar a canção Black Is Beautiful, em 1971, ela chegou a ser intimada a depor no DOPS.

Elis Regina morreu precocemente aos 36 anos, no auge da carreira, causando forte comoção no país e deixando uma vasta obra na música popular brasileira. Embora tenham havido controvérsias e contestações quanto à causa da morte, os exames comprovaram que a causa foi o consumo de cocaína associado a bebida alcoólica, que provocou uma parada cardíaca.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa