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Memória de Henfil renomado cartunista jornalista e escritor brasileiro

O renomado cartunista, jornalista e escritor brasileiro Henfil (Henrique de Souza Filho), nascido em Ribeirão das Neves, Minas Gerais, em 5 de fevereiro de 1944, deixou um legado marcante em diferentes esferas da cultura e da crítica social. Reconhecido por suas tirinhas e caricaturas, notabilizou-se por suas contribuições nos jornais “O Pasquim” e na revista “Fradim”.

Henfil, juntamente com seus irmãos Betinho, sociólogo, e Chico Mário, músico, enfrentou desde cedo os desafios da hemofilia, uma condição genética que dificulta a coagulação do sangue, tornando-os propensos a hemorragias.

Apesar de ter iniciado os estudos em Sociologia na Universidade Federal de Minas Gerais, não concluiu o curso, optando por trabalhar na área de ilustração e quadrinhos após uma passagem como contínuo em uma agência de publicidade.

Seu percurso artístico teve início em 1964, ao ser convidado por Robert Dummond para colaborar na revista Alterosa, em Belo Horizonte, e em seguida, em 1965, com caricaturas políticas no jornal Diário de Minas. Henfil expandiu seu trabalho para veículos como o Jornal de Sports, revistas como Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro, até consolidar-se no Jornal do Brasil e no emblemático “O Pasquim”, conhecido por confrontar abertamente o regime militar vigente.

Foi em 1970, durante o auge da ditadura militar, que criou a revista “Fradim”, um espaço para personagens que carregavam consigo um humor crítico e satírico, como os famosos “Cumprido” e “Baixim”, além de outros como “Graúna”, “Bode Orelana”, o nordestino “Zeferino” e “Ubaldo, o paranoico”. Seus icônicos cartuns do “Cemitério dos Mortos-Vivos” marcaram presença, simbolizando personalidades públicas que, sob a ótica do cartunista, favoreciam o regime autoritário.

Para além das páginas, Henfil também deixou sua marca na televisão, contribuindo com textos para o programa “TV Mulher”, amplamente popular entre o público feminino no final dos anos 70 e início dos anos 80.

Como escritor prolífico, publicou diversas obras, incluindo “Hiroshima, Meu Humor” (1966), “Diretas Já!” (1984), “Henfil na China” (1980), “Fradim de Libertação” (1984) e “Como se Faz Humor Político” (1984). Reconhecimento merecido veio em 1981, quando recebeu o Prêmio Vladimir Herzog pelo conjunto de sua obra, concedido pela revista Isto É.

O legado de Henfil foi interrompido prematuramente em 4 de janeiro de 1988, no Rio de Janeiro, vítima do vírus da AIDS, contraído por meio de uma transfusão sanguínea. Sua partida representou uma perda significativa para o cenário cultural e político do Brasil.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa