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Memória: Provavel dia da morte de Anne Frank

Anneliese Marie Frank, conhecida como Anne Frank, morreu aos 15 anos nos campos concentração nazista após contrair uma doença conhecida como tifo (causada por bactérias que afetam o sistema imunológico). A data correta da morte nunca foi descoberta, mas é entre fevereiro e março, muito provavelmente no dia 12.

Anne Frank foi uma adolescente judia que viveu em Amsterdã, na Holanda, durante o período do Holocausto, ficou conhecida mundialmente após a publicação de O diário de Anne Frank, livro que narra os dois anos que ela e sua família passaram dentro de um esconderijo para tentar escapar da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Nascida em 12 de junho de 1929, em Frankfurt, na Alemanha, era uma jovem descobrindo-se em plena adolescência. Muito estudiosa e apaixonada por livros, tinha como sonho tornar-se uma artista e escritora famosa. A família Frank era composta por quatro pessoas: Anne, seus pais, Otto Frank e Edith Frank, e a irmã, três anos mais velha, Margot Frank.

Aos quatros anos de idade a família de Anne decidiu que deveria sair da Alemanha para fugir dos ataques de Adolf Hitler contra os judeus. Inicialmente, Anne, sua irmã e a mãe ficaram na casa da avó materna, em Aachen, ainda na Alemanha, enquanto o pai Otto instalou-se na Holanda para recomeçar a vida.

A jovem judia era lembrada por sua vontade de viver, sempre extrovertida e estudiosa. Os professores costumavam repreendê-la pelo excesso de conversa, por ser “tagarela” e curiosa. No entanto, a jovem também cativava a todos, pois gostava de agradar aos amigos.

Na Holanda quando estudava na Escola Montessori demonstrou, desde o início, habilidades para a escrita. Apesar do talento, Anne sentia-se inferior à irmã, de acordo com vários relatos em seu diário. Anne considerava Margot muito inteligente, reservada e mais educada.

Em 1940, a Holanda foi invadida pelos nazistas alemães comandados por Hitler, e a população judaica do país começou a ser perseguida. O regime nazista impôs restrições aos judeus, como toque de recolher ao entardecer e proibição de frequentar os mesmos locais que os demais cidadãos. Por isso, Anne e sua irmã foram obrigadas a mudarem-se para uma escola específica para judeus.

Uma outra determinação feita pelo regime nazista foi obrigar os judeus a utilizarem uma Estrela de Davi amarela em suas vestimentas para que pudessem ser identificados. Anne também teve que usar uma.

O diário de Anne Frank

Em seu aniversário de 13 anos, Anne ganhou do seu pai com um caderno para anotações. Tinha uma capa vermelha, com alguns detalhes, e agradou tanto à adolescente, que fez dele seu diário, onde nas primeiras páginas datada em 14 de junho de 1942, ela conta sua rotina, fala sobre amizades, escola, família, a saudade da avó que faleceu durante o período, e narra também a invasão da Alemanha nos primeiros países.

O diário de Anne se tornou uma espécie de amiga, chegando a ser batizado por ela de Kitty, A partir deste dia, ela passou a referir-se ao diário com carinho. Veja parte do trecho em que Anne nomeia-o:

“Por tudo isso é que escrevo um diário. É para eu fazer de conta que tenho uma grande amiga. A este diário, que vai ser minha grande amiga, vou dar o nome de Kitty. ”

Nos meses seguintes, a garota começou a narrar o sentimento de medo que passou a sentir, ao lado de sua família, da situação de invasão dos alemães. Foi nessa época que ela relatou os planos da família para um esconderijo.

O esconderijo de Anne Frank

No dia 6 de julho de 1942, o anexo secreto, como ficou conhecido o esconderijo , recebeu a família de Anne. O espaço tinha três andares, e a entrada era feita por um escritório. No primeiro andar, havia dois quartos pequenos e um banheiro. Acima, havia uma sala grande com uma menor ao lado, na qual tinha uma escada que levava ao sótão. Para tentar garantir que o lugar não fosse descoberto, uma estante foi colocada na porta do esconderijo.

Anne voltou a escrever em seu diário, descrevendo a saída de casa, e relatou parte da fuga da família.

“Querida Kitty: Assim corremos debaixo da chuva, a mamãe, o papai e eu, cada um com uma pasta escolar e uma sacola de compras completamente cheia, sabe Deus com o quê. Os operários que iam para o trabalho nos olhavam. Bem se lia em seus rostos que tinham pena de nós por irmos tão carregados e por não nos deixarem andar nos bondes. A nossa estrela amarela no braço falava por si.”

Além da família de Anne, foram abrigados, dias depois, o casal Van Pels (Hermann e Auguste), com o filho Peter (personagem importante na história de Anne), e, alguns meses depois, Fritz Pfeffer, um dentista e amigo da família Frank, que dividiu quarto com Anne.”

O período de isolamento durou cerca de dois anos sem que as famílias saíssem às ruas, para evitar serem descobertas. Anne envolveu-se em um romance adolescente com Peter, relatando no diário o seu primeiro beijo. Para Kitty ela descreveu todos os seus sentimentos, dúvidas em relação ao amor e detalhes de como tudo aconteceu. Anne também contou que conversou sobre a relação com o pai, de quem era muito amiga e não gostava de esconder as coisas. Já com a mãe, Anne sempre teve muitos atritos, e as duas não tinham uma relação tão boa.

Os judeus capturados pelos alemães eram enviados imediatamente aos campos de concentração. Com a situação, as famílias tinham que regrar os mantimentos e, muitas vezes, faziam jejum, optando por qual refeição seria feita no dia. Os alimentos eram levados pelos amigos de Otto. Eles mantiveram o sigilo durante todo o período.

A última anotação de Anne para Kitty foi feita no dia 1º de agosto de 1944. A garota narrou então a luta que tinha para expressar-se e a forma como muitas vezes sentia que não era bem entendida pelas pessoas à sua volta. Veja as últimas palavras de Anne Frank para o diário:

“Quando me tratam dessa maneira, torno-me ainda mais impertinente, fico triste e, por fim, viro o meu coração do avesso, com o lado mau para fora, o bom para dentro, e continuo a procurar um meio para vir a ser aquela que gostaria de ser, que era capaz de ser, se… não houvesse mais ninguém no mundo. Sua Anne”

No dia 4 de agosto de 1944, o anexo foi descoberto. Não se sabe ao certo se houve denúncias ou se a polícia alemã chegou ao local por coincidência. Nunca foi comprovada nenhuma das versões.

Todos foram presos e levados para o maior campo de concentração da Holanda: Westerbork. Posteriormente, foram divididos para outras regiões. Edith Frank morreu no dia 5 de janeiro de 1945, em Auschwitz, na Polônia. Anne e a irmã Margot foram enviadas para Bergen-Belsen, na Alemanha, morreram provavelmente em março de 1945, com Tifo, e foram sepultadas como anônimas em valas comuns.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa