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Nascimento de Maria Quitéria

Maria Quitéria (1792-1853) foi uma heroína da guerra pela independência do Brasil. Ela se vestiu como um soldado e se alistou no batalhão de “Voluntários do Príncipe Dom Pedro”, lutando ao lado dos patriotas nas batalhas na Bahia. Por seus feitos, foi condecorada com a Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul.

Nascida na fazenda Serra da Agulha, na freguesia de São José (atualmente Feira de Santana), Bahia, em 27 de julho de 1792, Maria Quitéria de Jesus era filha de Gonçalo Alves Almeida, um fazendeiro português, e Joana Maria de Jesus.

Ainda criança, Maria Quitéria não frequentou a escola e preferia caçar em vez de fazer os trabalhos domésticos. Com apenas 10 anos, ela ficou órfã de mãe e teve que assumir a responsabilidade da casa e cuidar de seus dois irmãos.

Seu pai casou-se novamente após ficar vivo, mas sua nova esposa não apoiava a independência e atitude destemida de Maria Quitéria.

Após a proclamação da independência do Brasil em setembro de 1822, algumas regiões, incluindo a Bahia, ainda possuíam tropas e civis que desejavam permanecer leais a Lisboa.

Como a Bahia não tinha um exército treinado e controlado para combater os portugueses, o Conselho Interino do Governo da Bahia começou a recrutar voluntários para lutar pela consolidação da independência.

Ao saber do início do alitamento voluntário para o Regimento de Artilharia, Maria Quitéria pediu permissão ao pai para se juntar aos patriotas, pois era habilidosa na montagemia e no manejo de armas de fogo. No entanto, seu pedido foi negado.

Com a ajuda de sua irmã, que lhe emprestou as roupas de seu marido, Maria Quitéria foi para Cachoeira e se alistou no Regimento de Artilharia usando o nome de seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros.

Seu pai conseguiu localizá-la e tentou tentar-la desistir, mas o Major José Antônio da Silva Castro aceitou sua disciplina militar e habilidade com as armas, e não permitiu que ela fosse enfrentar o batalhão.

A pedido do pai, Maria Quitéria foi aplicável para a infantaria, onde um fuzil era considerado mais apropriado para uma mulher do que um canhão. Ela foi designada para o batalhão “Voluntários do Príncipe Dom Pedro”.

Ao assumir sua identidade real, Maria Quitéria acrescentou uma saia ao seu uniforme e participou de vários combates com o batalhão. Ela defendeu a Ilha da Maré, a Barra do Paraguaçu, a Pituba e Itapuã.

Sua atuação como soldado era tão convincente que ninguém suspeitava que ela era uma mulher. Em 2 de março de 1823, em reconhecimento aos seus feitos, Maria Quitéria foi promovida a “cadete”, recebendo uma espada e os acessórios correspondentes.

Em 2 de julho de 1823, com a derrota das tropas portuguesas e a entrada do “Exército Pacificador” na cidade de Salvador, Maria Quitéria marchava com seu batalhão e foi saudada e homenageada pela população.

Em agosto de 1823, após a derrota do último reduto português, o Brasil se tornou um país unido e independente. Maria Quitéria foi para o Rio de Janeiro, onde sua bravura já era conhecida e comentada.

Sua presença na corte causava grande motivação, com as pessoas curiosas sobre seu uniforme militar e distintivo dos Voluntários. Em 20 de agosto de 1823, no Palácio de São Cristóvão, o Imperador Dom Pedro a condecorou com a Medalha da Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul, colocando-a em sua farda azul com golas e punhos verdes.

Após o fim da guerra, Maria Quitéria assumiu à Bahia com o título de “alferes”. Ela se casou com um antigo namorado, o lavrador Gabriel Pereira de Brito, apesar da oposição de seu pai. O casal teve uma filha chamada Maria da Conceição.

Após a morte do pai, Maria Quitéria iniciou disputas em tribunal com a madrasta pela herança deixada por ele. Depois da morte de seu marido, ela se mudou para Salvador.

Nos últimos anos de sua vida, Maria Quitéria viveu no anonimato, sofrendo de uma inflamação no fígado e quase cegueira.

Ela faleceu em Salvador, Bahia, em 21 de agosto de 1853, e seu corpo foi sepultado na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento, no bairro de Nazaré, em Salvador. Sua história de coragem e dedicação à independência do Brasil permanece como um exemplo de heroísmo na história do país.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa