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Caso Eduardo Gonçalves Rodrigues

No dia 26 de abril de 2008, sábado, aproximadamente 19 horas. Eduardo Gonçalves Rodrigues, de 20 anos, estava sozinho na Rua Sargento Anízio Tavares de Almeida, continuação da “rua” Linha Velha, na estrada de Madureira em Nova Iguaçu, próximo à casa de sua namorada aguardando-a para juntos irem ao evento de inauguração de obras da prefeitura.

Segundo relatos, dois jovens, possivelmente envolvidos com o tráfico de drogas da região, passaram pela rua neste horário, quando dois policiais militares fardados, que estariam de campana (estavam em uma Blazer com um terceiro policial) balearam os dois rapazes. As pessoas que estavam na rua procuraram abrigo em suas casas. Eduardo Gonçalves Rodrigues abrigou-se em um matagal em frente à casa de sua namorada.

Após o final dos disparos, a mãe da namorada de Eduardo foi até o portão e o chamou para entrar em sua casa. Quando este saiu do matagal foi agarrado pelos braços pelos dois policiais. Nisto uma senhora conhecida da família de Eduardo, veio em seu auxílio, tentou argumentar que o conhecia, afirmando que este “não era bandido”, e que ele “era filho da Rosa” (líder comunitária da região) e que iria com eles (os policiais) chamar a mãe do rapaz.

Os policiais afirmaram que “morador sempre defende traficante”, colocaram o jovem de joelhos e atiraram em suas costas. A seguir, atiraram também na altura das pernas, em direção à senhora que tentava proteger Eduardo, esta então procurou abrigo em casa. Neste instante, nenhum outro morador encontrava-se na rua com receio de ser atingido.

Minutos depois, D. Rosilene, conhecida como Rosa, foi informada por um jovem da região que seu filho tinha sido detido pela guarnição policial. Foi então até o local e, ao chegar, além de seu filho, estava caído no chão outro rapaz já morto.

Perguntou por Eduardo, foi quando um policial mirou a luz de uma lanterna no corpo de um dos jovens e perguntou se era seu filho. Ao reconhecê-lo Rosa tentou se abraçar ao corpo do rapaz e foi impedida. Começaram a falar repetidas vezes: “sai daqui, sai daqui” e “você sabia que seu filho era bandido”. Rosa tentou argumentar com os policiais, nisto, um outro morador levou-a para a casa da namorada do filho.

Na casa da namorada de Eduardo, Rosa ligou para um membro da prefeitura de Nova Iguaçu pedindo auxilio. Minutos depois esta pessoa chegou ao local acompanhada de outras da prefeitura, entretanto, não encontrou nenhum policial.

Neste meio tempo, teriam chegado mais duas blazers e os policiais, segundo relatos , jogaram os corpos sobre um terceiro que estava na mala da viatura policial e, aproximadamente às 19h30, foram embora sem dizer o destino.

Rosa foi levada até a ambulância que estava no local do evento, enquanto outras pessoas, que estavam na inauguração, tentavam localizar Eduardo. Inclusive um grupo se dirigiu até o DPO de Cabuçu (não se tem informação do desdobramento no DPO).

Ainda no atendimento na ambulância, D. Rosa foi informada por telefone que, segundo informações, a viatura policial foi para a emergência do hospital da Posse, aonde deixou dois dos três rapazes (já mortos), e saíram sem se identificar. A partir daí foi até o Hospital da Posse fazer o reconhecimento do corpo.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa