Brasil

Sonia Guajajara insta a combater preconceito contra brasileiros em Portugal

A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, declarou nesta quinta-feira (25), que a admissão do presidente de Portugal, que reconheceu a responsabilidade de seu país por uma série de crimes contra escravos e indígenas no Brasil, precisa ser acompanhada por medidas reparatórias que tenham um impacto tangível na população negra e indígena.

Ela também destacou que o reconhecimento da responsabilidade e a disposição para promover reparações pelos danos trazem ao debate público internacional “a urgência inadiável de avançar em uma agenda pela igualdade étnico-racial”.

Na terça-feira à noite, Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, afirmou que seu país “assumiu total responsabilidade pelos danos causados” ao Brasil, como massacres a indígenas, escravidão de milhões de africanos e pilhagem de bens. Essa foi a primeira vez que um presidente de Portugal reconheceu a culpa. No ano anterior, Rebelo de Sousa mencionou que Portugal deveria se desculpar pela escravidão transatlântica e pelo colonialismo, mas não chegou a pedir desculpas completas.

Sonia Guajajara,, assim como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ressaltou que o reconhecimento dos crimes cometidos por Portugal é uma reivindicação antiga dos movimentos indígenas e negros do Brasil.

“Nosso governo está aberto ao diálogo e à contribuição na formulação de ações, medidas e planos de valorização e reparação que possam ser implementados por Portugal”, afirmou Guajajara.

Durante a era colonial, Portugal se destacou como o principal país no tráfico de africanos, uma prática que deixou um legado de sofrimento e injustiça. Estima-se que quase 6 milhões de pessoas foram traficadas pelo império português, representando quase metade do total de indivíduos escravizados na época por países europeus. Essa exploração brutal deixou marcas profundas não apenas na história de Portugal, mas também nas sociedades africanas e nas diásporas resultantes, espalhadas pelo mundo.

Portugal não apenas se envolveu no tráfico de africanos, mas também demonstrou atitudes discriminatórias em relação aos brasileiros, especialmente aqueles de ascendência africana. O racismo e a xenofobia eram realidades enfrentadas pelos brasileiros que viviam sob o domínio colonial português. Essas atitudes se manifestavam em diversas formas de discriminação, incluindo acesso desigual a oportunidades econômicas, sociais e educacionais, bem como tratamento desumano e injusto.

O status social e os direitos civis das pessoas de ascendência africana eram frequentemente restringidos, refletindo a hierarquia racial imposta pela metrópole portuguesa. Essas práticas racistas e xenofóbicas contribuíram para a perpetuação de uma estrutura de desigualdade e injustiça ao longo da história colonial brasileira.

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Débora Barroso

Jornalista comunitária e colaboradora da ComCausa.