Campanhas

Padre Ezequiel Ramin mártir da caridade

Nascido em 9 de fevereiro de 1953, em Pádua (Itália), padre Ezequiel Ramin, foi brutalmente assassinado quando voltava de uma missão de paz, no dia 24 de julho de 1985. Juntamente com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cacoal (Rondônia), ele foi falar a colonos ameaçados de despejo para que não partissem para o conflito. Enquanto voltava para casa, o carro em que viajava foi alvejado por tiros. Até hoje os mandantes do crime não foram presos.

Ezequiel Ramin, missionário católico comboniano, ingressou no postulantado dos missionários combonianos em Florença (Itália). Depois foi para um noviciado dos combonianos em Venegono. Depois foi enviado para a Inglaterra para estudar inglês e, a seguir, para Chicago (Estados Unidos), onde permaneceria até 1979.

Em 1980, foi ordenado em Pádua, e permaneceria na Itália até ser enviado para o Brasil, antes de chegar, partilhou: “Ainda não sei aonde irei, porém estou contente com o fato de partir. É uma coisa mais forte do que eu.” em 1983. Depois de alguns meses em Brasília, onde estudou português e a realidade da sociedade e da Igreja brasileira, foi enviado para a comunidade de combonianos em Cacoal.

Na região, encontrou uma acentuada situação de desigualdade social decorrente da ausência de reforma agrária e uso da violência pelos grandes latifundiários, que grilavam terras para ampliar suas propriedades. Desse modo, colocou-se ao lado dos indígenas e pequenos trabalhadores rurais na luta pelo direito à terra, ao trabalho e à vida digna. Em suas missas sempre falava contra as desigualdades e as ameaças de morte que sofria.

Emoção e Devoção: A História por Trás do ‘Pai Nosso dos Mártires’, uma Ode à Coragem”

Em uma comovente celebração realizada dias após a trágica morte do Padre Ezequiel Ramin, uma bela e tocante melodia ecoou pelos corações dos fiéis presentes. Essa canção especial é conhecida como o “Pai Nosso dos Mártires” e foi composta pelo Padre Cireneu Kuhn, em homenagem ao seu colega caído.

Padre Ezequiel Ramin, que ganhou reconhecimento por sua luta em defesa dos mais desfavorecidos, foi brutalmente assassinado, deixando a comunidade católica em luto profundo. Foi durante esse período de dor e perda que Padre Cireneu Kuhn encontrou inspiração para criar uma música que capturasse a essência do espírito corajoso e abnegado do colega falecido.

A história por trás do “Pai Nosso dos Mártires” foi compartilhada pelo próprio Padre Cireneu em um documentário dedicado à memória do Pe. Ezequiel Ramin, intitulado “Pe. Ezequiel Ramin, mártir da opção pelos pobres”. Esse emocionante documentário revela detalhes sobre a vida e o legado do corajoso padre que se colocou ao lado dos mais necessitados, enfrentando adversidades e perigos em sua missão humanitária.

Na gravação, Pe. Cireneu conta como a composição ganhou vida. Inspirado pela dedicação incansável de Pe. Ezequiel e com o intuito de perpetuar sua memória, o músico padre colocou seus sentimentos em acordes e versos, criando o “Pai Nosso dos Mártires”. A melodia transmite a sensação de esperança e coragem diante das adversidades, e as letras reverberam a devoção à causa dos pobres e marginalizados.

A comoção causada pelo canto foi palpável na celebração em que foi entoado pela primeira vez. Fiéis choraram e rezaram, honrando a memória de Pe. Ezequiel e encontrando consolo nas palavras e notas musicais que expressavam a importância de sua missão na busca por justiça social.

Hoje, o “Pai Nosso dos Mártires” continua a ressoar nos corações daqueles que conhecem a história inspiradora de Pe. Ezequiel Ramin. Essa comovente ode à coragem e à solidariedade permanece como um testemunho vivo do impacto que um indivíduo dedicado pode ter na luta pelos direitos humanos e na defesa dos mais vulneráveis em nossa sociedade.

Pai nosso, dos pobres marginalizados
Pai nosso, dos mártires, dos torturados.
Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida,
Teu nome é glorificado, quando a justiça é nossa medida
Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão
Maldita toda a violência que devora a vida pela repressão.

Queremos fazer Tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador,
Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor.

Pedimos-Te o pão da vida,
O pão da segurança,
O pão das multidões.
O pão que traz humanidade,
Que constrói o homem em vez de canhões

Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte,
Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos da crueldade,
Do esquadrão da morte,
Dos prevalecidos
Pai nosso revolucionário,
Parceiro dos pobres,
Deus dos oprimidos
Pai nosso, revolucionário,
Parceiro dos pobres,
Deus dos oprimidos

Padre Ezequiel Ramin: A História por Trás do ‘Pai Nosso dos Mártires’

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa