BrasilDestaque

Padre Ezequiel Ramin: A História por Trás do ‘Pai Nosso dos Mártires’

Na Amazônia brasileira, em 24 de julho de 1985, um trágico evento abalou a comunidade religiosa e os defensores dos direitos humanos. O missionário italiano Pe. Ezequiel Ramin, membro da Congregação dos Combonianos, foi brutalmente assassinado em Cacoal, Rondônia, quando retornava de uma missão de paz. Sua vida foi marcada pela dedicação à causa dos índios e dos pobres, o que o tornou alvo de uma emboscada fatal, vitimado pela sua firme defesa dos sem-terra.

Hoje, quase quatro décadas após o trágico episódio, outro sacerdote italiano da mesma congregação, Padre Dario Bossi, levanta a bandeira em honra ao seu conterrâneo mártir. Padre Bossi, co-fundador da Rede ‘Igrejas e Mineração’ e defensor incansável das comunidades afetadas pela extração mineral em Açailândia, Maranhão, atualmente ocupa o cargo de Provincial dos Missionários Combonianos no Brasil. Ele propõe que Padre Ezequiel Ramin seja reconhecido como o ‘padroeiro’ do Sínodo Amazônico.

“Um missionário com o coração de Jesus. Apaixonado pelas pessoas, especialmente pelos pobres, indígenas e sem-terra de Rondônia. Um daqueles pastores, como diz hoje o Papa Francisco, com o ‘cheiro de ovelha'”, descreve Padre Bossi sobre o legado de Padre Ramin.

A morte de Padre Ezequiel Ramin ocorreu quando ele tinha apenas 33 anos, em plena missão de paz, portando sonhos de um jovem que se identificava plenamente com a paixão de Cristo. Sua vida foi ceifada precocemente, mas sua luta pelos menos favorecidos e sua coragem em defender os direitos dos mais vulneráveis continuam ecoando através dos tempos.

Ao propor a canonização do Padre Ramin como ‘padroeiro’ do Sínodo Amazônico, Padre Bossi visa eternizar o exemplo e o legado do corajoso missionário italiano, inspirando as futuras gerações a seguirem o caminho da compaixão, justiça e solidariedade para com os povos da Amazônia e os desfavorecidos em todo o mundo.

Emoção e Devoção: A História por Trás do ‘Pai Nosso dos Mártires’, uma Ode à Coragem”

Em uma comovente celebração realizada dias após a trágica morte do Padre Ezequiel Ramin, uma bela e tocante melodia ecoou pelos corações dos fiéis presentes. Essa canção especial é conhecida como o “Pai Nosso dos Mártires” e foi composta pelo Padre Cireneu Kuhn, em homenagem ao seu colega caído.

Padre Ezequiel Ramin, que ganhou reconhecimento por sua luta em defesa dos mais desfavorecidos, foi brutalmente assassinado, deixando a comunidade católica em luto profundo. Foi durante esse período de dor e perda que Padre Cireneu Kuhn encontrou inspiração para criar uma música que capturasse a essência do espírito corajoso e abnegado do colega falecido.

A história por trás do “Pai Nosso dos Mártires” foi compartilhada pelo próprio Padre Cireneu em um documentário dedicado à memória do Pe. Ezequiel Ramin, intitulado “Pe. Ezequiel Ramin, mártir da opção pelos pobres”. Esse emocionante documentário revela detalhes sobre a vida e o legado do corajoso padre que se colocou ao lado dos mais necessitados, enfrentando adversidades e perigos em sua missão humanitária.

Na gravação, Pe. Cireneu conta como a composição ganhou vida. Inspirado pela dedicação incansável de Pe. Ezequiel e com o intuito de perpetuar sua memória, o músico padre colocou seus sentimentos em acordes e versos, criando o “Pai Nosso dos Mártires”. A melodia transmite a sensação de esperança e coragem diante das adversidades, e as letras reverberam a devoção à causa dos pobres e marginalizados.

A comoção causada pelo canto foi palpável na celebração em que foi entoado pela primeira vez. Fiéis choraram e rezaram, honrando a memória de Pe. Ezequiel e encontrando consolo nas palavras e notas musicais que expressavam a importância de sua missão na busca por justiça social.

Hoje, o “Pai Nosso dos Mártires” continua a ressoar nos corações daqueles que conhecem a história inspiradora de Pe. Ezequiel Ramin. Essa comovente ode à coragem e à solidariedade permanece como um testemunho vivo do impacto que um indivíduo dedicado pode ter na luta pelos direitos humanos e na defesa dos mais vulneráveis em nossa sociedade.

Pai nosso, dos pobres marginalizados
Pai nosso, dos mártires, dos torturados.
Teu nome é santificado naqueles que morrem defendendo a vida,
Teu nome é glorificado, quando a justiça é nossa medida
Teu reino é de liberdade, de fraternidade, paz e comunhão
Maldita toda a violência que devora a vida pela repressão.

Queremos fazer Tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador,
Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor.

Pedimos-Te o pão da vida,
O pão da segurança,
O pão das multidões.
O pão que traz humanidade,
Que constrói o homem em vez de canhões

Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte,
Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte.
Protege-nos da crueldade,
Do esquadrão da morte,
Dos prevalecidos
Pai nosso revolucionário,
Parceiro dos pobres,
Deus dos oprimidos
Pai nosso, revolucionário,
Parceiro dos pobres,
Deus dos oprimidos

Fonte: combonianos.org.br/padre-ezequiel-ramin/

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa