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Criação de Auschwitz I

Auschwitz I, o principal campo do complexo de Auschwitz, foi a primeira das unidades a serem estabelecidas, nas proximidades da cidade polonesa de Oswiecim. Sua construção teve início em maio de 1940, em um quartel de artilharia usado anteriormente pelo exército polonês na região de Zasole, subúrbio de Oswiecim. O campo foi se expandindo continuamente por meio de trabalho escravo. Embora Auschwitz I fosse principalmente um campo de concentração usado como penitenciária, ele também comportava uma câmara de gás e um crematório. A câmara improvisada estava localizada no porão da prisão (Bloco 11). Mais tarde, uma câmara de gás fixa foi construída dentro do crematório.

Auschwitz foi criado próximo a Cracóvia, na Polônia, sendo o maior complexo de campos de prisioneiros estabelecido pelos alemães. Nele se localizavam um campo de concentração, um de extermínio, e outro de trabalho escravo, constituindo o conjunto do complexo de Auschwitz: Auschwitz I, Auschwitz II (Birkenau) e Auschwitz III (Monowitz). Mais de um milhão de pessoas morreram em Auschwitz, e nove entre cada dez vítimas era judia. As quatro maiores câmaras de gás daquele local comportavam, cada uma, 2.000 pessoas para serem mortas por axfixiamento, podendo assim assassinar 8.000 pessoas em pouquíssimo tempo.

Uma placa na entrada do campo dizia: “ARBEIT MACHT FREI”, que significa “o trabalho liberta”. Na realidade, o que acontecia era o oposto. O trabalho se tornou outra forma de genocídio, chamada pelos nazistas de “extermínio por meio do trabalho”.

Ao serem selecionadas para “trabalhar”, as vítimas poupadas do extermínio imediato eram imediatamente privadas de sua identidade individual. Suas cabeças eram raspadas e um número de registro era logo tatuado nos seus braços esquerdos, como se fossem objetos. Os homens tinham que usar um tipo de pijama, calças e casacos listrados, esfarrapados, e as mulheres usavam uniforme de trabalho. Ambos recebiam calçados de trabalho inadequados, às vezes tamancos. Eles dormiam com as mesmas roupas que trabalhavam, pois não tinham outras.

Cada dia era uma luta pela sobrevivência em condições insuportáveis. Os prisioneiros eram alojados em barracões primitivos que não tinham janelas nem isolamento do frio ou do calor. Não havia banheiros, apenas um balde. Cada barracão continha cerca de 36 beliches de madeira, e cinco ou seis prisioneiros eram espremidos em cada estrado. O número de prisioneiros alojados em um único barracão

chegava a 500. Eles viviam constantemente com fome. A comida era uma sopa aguada feita com carne e vegetais podres, alguns pedaços de pão, um pouco de margarina, chá ou uma bebida amarga que parecia café. Era comum os prisioneiros terem diarréia. As pessoas, enfraquecidas pela desidratação e inanição, tornavam-se facilmente vítimas de doenças contagiosas que se espalhavam pelo campo.

Alguns prisioneiros tinham que trabalhar na manuteção do campo, na cozinha ou na barbearia, por exemplo. As mulheres normalmente trabalhavam organizando as pilhas de sapatos, roupas e outros pertences que haviam sido retirados dos prisioneiros que chegavam constantemente, e os pertences pessoais de qualidade eram enviados à Alemanha para lá serem usados. Os depósitos de Auschwitz-Birkenau, localizados próximo a dois dos crematórios [locais onde se reduziam as pessoas a cinzas], eram chamados de “Canadá”, porque os poloneses consideravam aquele país como um lugar de muitas riquezas. Em Auschwitz, assim como em centenas de outros campos do Reich e da Europa ocupada, onde os alemães usavam trabalhadores escravos, os prisioneiros também eram empregados fora dos campos, em minas de carvão, pedreiras e em projetos de construção, cavando túneis e canais. Sob guarda armada, sem qualquer proteção contra o frio, eles removiam com pás a neve das estradas e escombros das ruas e cidades atingidas por bombardeios aéreos. Um grande número de trabalhadores forçados acabou sendo usado em fábricas, na produção de armas e outros produtos para os esforços de guerra alemães. Muitas empresas privadas, como a I. G. Farben e a Bavarian Motor Works (BMW), que produzia motores para automóveis e aviões, buscavam avidamente prisioneiros para usá-los como mão-de-obra escrava.

Fugir de Auschwitz era praticamente impossível. Cercas de arame farpado, eletrificadas, cercavam o campo de concentração e o centro de extermínio. Havia guardas equipados com metralhadoras e rifles automáticos no alto das muitas torres de vigia. A vida dos prisioneiros era totalmente controlada pelos guardas que, por puro capricho, podiam aplicar duros castigos a eles. Os prisioneiros também eram maltratados por colegas que eram escolhidos por guardas para supervisionar outros em troca de favores especiais.

“Experiências médicas” cruéis foram realizadas em Auschwitz. Homens, mulheres e crianças foram usados como cobaias. Dr. Josef Mengele, médico da SS, realizou experiências dolorosas e traumáticas em anões e gêmeos, incluindo crianças pequenas. O objetivo de algumas experiências era descobrir tratamentos médicos melhores para os soldados e aviadores alemães; outras experiências tinham como objetivo aperfeiçoar os métodos de esterilização daqueles a quem os nazistas consideravam inferiores. Muitas pessoas morreram durante essas experiências, outros foram mortos após a “pesquisa” ser concluída e seus órgãos removidos para outros estudos.

A maioria dos prisioneiros de Auschwitz sobrevivia por poucas semanas ou meses. Aqueles que estavam muito doentes ou fracos para trabalhar eram condenados à morte nas câmaras de gás. Alguns cometeram suicídio se atirando contra as cercas eletrificadas. Outros pareciam cadáveres ambulantes, com o corpo e o espírito destruídos. Porém, alguns prisioneiros estavam determinados a sobreviver.

Fonte: Enciclopédia do Holocausto

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa