A vida é bela para quem passa pela alienação parental
Há alguns anos, um filme aclamado chamado “A Vida é Bela” retratou uma história emocionante. Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, o filme contava a história de um pai corajoso que, em meio ao terror e à violência de um campo de concentração nazista, criou um mundo imaginário para proteger seu filho do horror que os cercava. Transformando ameaças em brincadeiras, eles enfrentavam desafios para ganhar um prêmio, um tanque de guerra.
Infelizmente, muitas crianças são expostas a ambientes de terror e violência na vida real devido a questões sociais e econômicas, causadas pela desigualdade, insensibilidade ou ignorância.
No entanto, também há uma realidade perturbadora protagonizada por manipuladores, uma espécie de cabaretistas, que frequentemente são os próprios pais ou mães. Eles contam com a colaboração de cúmplices, como padrastos, madrastas, avós, avôs e até mesmo colegas de trabalho. Juntos, eles encenam um verdadeiro show de aberrações, com falas e pantomimas grotescas.
Seu objetivo é prejudicar o outro genitor, exercer poder e causar dor, utilizando o próprio filho como instrumento. Para alcançar isso, não hesitam em transformar a vida de nossas crianças em um verdadeiro “trem fantasma” cheio de sustos. Esses atos destrutivos são praticados por aqueles que se utilizam da alienação parental para obstruir e destruir os laços afetivos com o outro genitor.
Esse espetáculo é marcado pela cultura da “tirania do guardião”, muitas vezes sustentada por equívocos jurídicos antiquados. Esses impõem situações inflexíveis em que as crianças são tratadas como meros objetos, como se fossem um bem alugado temporariamente. Caso não sejam devolvidas pontualmente, enfrentam penalidades severas.
Gritos, gestos, ameaças e imposição de regras e horários colocam as crianças em uma montanha-russa de situações assustadoras. Diante disso, somos frequentemente obrigados a recorrer à imaginação e à resiliência para proteger o que é mais valioso no mundo: nossos filhos.
Mesmo nesse labirinto assustador de aberrações, pois a alienação parental nunca é praticada por uma única pessoa, dizemos às crianças que o monstro que tenta afastá-las do outro genitor está com saudade. Afirmamos que a figura distorcida que protagoniza patéticas encenações em plena luz do dia o faz por amor, não por crueldade. No final, tentamos convencê-las de que, em meio ao coração vazio do alienador, elas têm um lugar especial.
Muitas vezes, é praticamente impossível esconder o comportamento doentio daqueles que participam do prazer que o alienador tem em constranger e manipular os filhos, sem qualquer escrúpulo. Mas nos resta transformar a frustração em uma luta incansável.
Nossa batalha é alimentada pelo amor incondicional aos nossos filhos, e buscamos fortalecer os laços familiares, promover o respeito mútuo e criar um ambiente saudável para seu crescimento e desenvolvimento. Acreditamos que, com persistência e dedicação, poderemos superar esse circo de horrores e proporcionar às nossas crianças um futuro brilhante, onde prevaleça o amor e a harmonia.
Mesmo que, no final, assim como no filme “A Vida é Bela”, o pai tenha perecido, teremos a certeza de ter contribuído para construir uma historia melhor para nosso filhos, livres dos sofrimentos que privam a criança de uma vida com glória, prêmios e um final feliz.
| Artigo originalmente publicado no Jornal de Hoje de 06 de novembro de 2017 | Revisão feita em 2023.
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