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Antônio Gonçalves Dias o Poeta Indianista do Romantismo Brasileiro

Antônio Gonçalves Dias, um dos maiores poetas líricos da literatura brasileira e patrono da cadeira nº 15 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em Caxias, Maranhão, em 10 de agosto de 1823. Filho de um comerciante português e de uma mestiça, ele cresceu em um ambiente social turbulento, ajudando seu pai no comércio enquanto recebia educação de um professor particular.

Em 1838, Dias se exilou em Portugal após se envolver nas guerras contra a independência do Brasil. Lá, ele ingressou no Colégio das Artes em Coimbra, onde concluiu o ensino médio. Em 1840, matriculou-se na Universidade de Direito de Coimbra, onde teve contato com escritores do romantismo português, como Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Feliciano de Castilho.

Durante sua estadia em Coimbra, Dias escreveu a maior parte de suas obras, incluindo a famosa “Canção do Exílio” (1843), na qual expressa o sentimento de solidão e exílio. Em 1845, após se formar em Direito, Dias retornou ao Maranhão e no ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro para se integrar ao meio literário.

Em 1847, com a publicação de “Primeiros Cantos”, Dias alcançou sucesso e reconhecimento público. Ele recebeu elogios do poeta romântico português Alexandre Herculano e ao apresentar o livro confessou: “Dei o nome Primeiros Cantos às poesias que agora publico, porque espero que não sejam as últimas”. Em 1848 publicou o livro “Segundos Cantos”.

Em 1849, Dias foi nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II. Durante esse período, escreveu para várias publicações, incluindo o Jornal do Comércio, a Gazeta Mercantil e o Correio da Tarde. Nessa época, fundou a Revista Literária Guanabara. Em 1851, publicou o livro “Últimos Cantos”.

De volta ao Maranhão, Dias conheceu Ana Amélia Ferreira do Vale e se apaixonou por ela. No entanto, por ser mestiço não teve o consentimento da família dela para casar-se. Mais tarde casou-se com Olímpia da Costa.

Dias foi nomeado oficial da Secretaria de Negócios Estrangeiros e viajou várias vezes para a Europa. Em 1854, em Portugal, encontrou-se com Ana Amélia já casada. Esse encontro inspirou o poeta a escrever o poema “Ainda Uma Vez — Adeus!”.

Em 1862, Dias foi para a Europa para tratamento de saúde. Sem resultados embarcou de volta no dia 10 de setembro de 1864. No entanto, o navio francês Ville de Boulogne em que estava naufragou perto do Farol de Itacolomi na costa do Maranhão onde o poeta faleceu.

Gonçalves Dias faleceu na costa do Maranhão no dia 3 de novembro de 1864.

Dias é considerado o grande poeta romântico brasileiro e fez parte da Primeira Geração dos poetas românticos brasileiros. Sua obra poética apresenta os gêneros lírico e épico. Na lírica os temas mais comuns são: o índio, o amor, a natureza, a pátria e a religião. Na épica canta os feitos heroicos dos índios.

O Poeta Indianista que Exaltou a Natureza

Gonçalves Dias, o renomado poeta indianista, é conhecido por sua exaltação da coragem e valentia do índio, que se torna o personagem principal e herói em suas obras. Seus poemas indianistas mais notáveis incluem “Marabá”, “O Canto do Piaga”, “Leito de Folhas Verdes” e, principalmente, “I-Juca Pirama”. Este último é considerado o poema épico indianista mais perfeito da literatura brasileira, desenvolvido em dez cantos, que focaliza o lamento do guerreiro tupi capturado em uma aldeia Tibira.

Além do indianismo, a obra de Gonçalves Dias também é marcada pelo amor. Sua musa inspiradora foi Ana Amélia Ferreira do Vale, uma jovem que amou, mas cujo casamento foi proibido pela família. A recusa causou-lhe sofrimentos penosos, registrados em poemas como “Se Se Morre de Amor”, “Minha Vida e Meus Amores” e o mais conhecido poema de amor impossível – “Ainda Uma Vez – Adeus”.

Como poeta da natureza, Gonçalves Dias celebra as florestas e a imensa luz do sol. Seus poemas sobre os elementos naturais conduzem seu pensamento a Deus. Sua poesia sobre a natureza se entrelaça com o saudosismo. Sua nostalgia o remete à infância. Na Europa, sente-se exilado e é levado até sua terra natal através da “Canção do Exílio”, um clássico de nossa literatura.

Entre suas obras estão: Beatriz Cenci (teatro, 1843), Canção do Exílio (1843), Patkull (teatro, 1843), Meditação (1845), O Canto do Piaga (1846), Primeiros Cantos (1847), Leonor de Mendonça (1847), Segundos Cantos (1848), Sextilhas do Frei Antão (1848), Últimos Cantos (1851), I – Juca Pirama (1851), Cantos (1857), Os Timbiras (1857 – inacabado), Dicionário da Língua Tupi (1858) e Liria Varia (1869 – obra póstuma).

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa