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Memória: Caso Higor Raphael completa 10 anos

Por volta das 10h30 do dia 27 de janeiro de 2014, Higor Rafael de 10 anos de idade, brincava na frente de casa, quando foi abordado pelo André, de 15 anos, o qual conhecia e periodicamente estava com o mesmo, que o convenceu a ir até a localidade rural atrás do bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, para que fossem a uma lagoa tomar banho.

Em dado momento se juntou a André, Dian Leite da Silva, mais conhecido como Baguera, de 17 anos. Segundo narrativa dos familiares de Higor, na lagoa se encontravam mais três menores. Higor teria sofrito uma tentativa de estupro por André e por Baguera. Ao anunciar que denunciaria ambos, teria sido afogado, e seu corpo ocultado.

Os familiares notificaram a polícia no final do dia por conta do desaparecimento de Higor. Populares denunciaram o envolvimento de André e de Baguera, que teriam ido com Igor até a lagoa. Ambos passaram a contribuir com as buscas no dia seguinte. Um bombeiro morador do bairro que participava voluntariamente das buscas desconfiou dos relatos com informações conflitantes dos menores André e Dian. Na noite de 28 de janeiro de 2014, o menor Dian foi retirado de dentro da Igreja Evangélica em que estava, e foi agredido por moradores até confessar o envolvimento dele no desaparecimento de Higor. O mesmo foi levado à 58º. DP, onde confessou o crime e apontou o envolvimento de outros menores, entre eles André.

Uma outra irmã de Higor, que por medo de represarias preferiu não se identificar, contou que na época do desaparecimento, Baguera participou do mutirão que realizou as buscas. Ainda segundo ela, o condenado chegou a se mascarar com a fé, levando a foto do menino para uma igreja, para que participasse de uma ação espiritual que ajudaria no encontro da vítima.

Na manhã seguinte os pais de Higor foram até a casa do menor André e o conduziram a delegacia. Somente na quarta-feira, dia 29 de janeiro de 2014, os menores foram levados até o suposto local onde deixaram o corpo, no entanto nada foi encontrado. Neste dia os familiares de Higor receberam uma denúncia anônima de que o corpo teria sido escondido por uma ‘tia de consideração’ do menor Dian, no bairro Ponto Chic, em Nova Iguaçu. Os mesmos foram até o local, mas não encontraram a suposta pessoa. Também houve relatos de que o irmão de André estaria em tese com os pés sujos de lama na hora que seu irmão foi preso.

Na quinta-feira os bombeiros continuaram as buscas no local, no entanto as mesmas foram infrutíferas. A principal reivindicação dos familiares era sobre o paradeiro do corpo de Higor.

Na sexta-feira, dia 31 de Janeiro de 2014, um vizinho que mora na mesma quadra da mãe de André relatou que sentiu mau cheiro no terreno baldio ao lado e viu os pés de uma criança em meio ao mato e chamou os familiares de Higor.

O irmão de Higor, Jorge, de 21 anos, entrou no terreno e ao virar o corpo, não conseguiu identificar se era Higor por conta do avançado estado de decomposição em que o mesmo se encontrava. O corpo foi levado pelos bombeiros até o Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu e os familiares de Higor relatam não ter havido perícia por parte da Polícia Civil. No IML foi recolhido material para realização de exame de DNA para identificação do corpo.

Na manhã seguinte, a mãe de Higor, mesmo sem ver o corpo afirmou que se tratava de seu filho. Higor foi enterrado na tarde de sábado, dia 01 de fevereiro de 2014.

Já no ano seguinte, Dian Leite da Silva, mais conhecido como Baquera, que na época tinha 17 anos, pode ser liberto em alguns meses, após cumprir a medida sócio-educativa que durou pouco mais de um ano. Se tivesse sido condenado na justiça comum, a pena seria de 10 anos, ao menos. De acordo com a Bárbara Sani, irmã de Higor, Baquera era conhecido pelo comportamento sexual deturpado na localidade. “Gostaria de saber o que passa na cabeça de um juiz para colocar uma pessoa dessas na rua”, disse ela, que não acredita na recuperação de Dian.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa

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