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Caso Ives Ota Completa 26 anos

Na manhã de 29 de agosto de 1997, em uma sexta-feira ensolarada, o jovem Ives Yoshiaki Ota, de apenas oito anos na época, estava entretido com brincadeiras na sala de estar da casa de dois andares onde morava com sua família na Vila Carão , situado na Zona Leste de São Paulo.

Enquanto ele e seu primo se divertiam, a rotina foi abruptamente interrompida por um toque na campainha. Um homem é apresentado como entregador de uma floricultura. A babá que estava cuidando das crianças abriu a porta, sendo surpreendida quando o homem armou a rendeu. O crime tinha um objetivo único: sequestrar o jovem Ives. Infelizmente, sua missão foi bem-sucedida.

No entanto, o desdobramento do plano foi trágico e, algumas horas mais tarde, o menino encontrou um destino cruel. Seu pai, Masataka Ota, um empresário renomado por ser um dos pioneiros das lojas de R$ 1,99, que fez sucesso em São Paulo dos anos 1990, só descobriria essa notícia muito depois.

Masataka havia implementado uma política de preços fixos em suas lojas por um período de 45 dias, o que impulsionou significativamente seus lucros. Um dos seguranças, Paulo Tarso Dantas, chamou a atenção devido a esse sucesso.

Na fatídica manhã, enquanto os pais estavam ausentes resolvendo questões nas lojas, um entregador de motoboy, Adelino Donizete Esteves, também conhecido como Silvio da Costa Batista, se aproveitou da oportunidade. Fingindo um assalto e buscando informações sobre um suposto cofre, ele trancou a babá e o primo de Ives em um quarto e fugiu com o garoto nos braços. Quando a mãe, Keiko Ota, chegou em casa às 19h15, deparou-se com uma cena de polícia e descobriu que seu filho havia sido sequestrado.

A busca frenética pelo paradeiro de Ives começou imediatamente. A família relatou o sequestro à polícia, e a Divisão Antissequestro de São Paulo entrou em ação. As investigações estavam em seus estágios iniciais, com poucas pistas para seguir.

Logo no dia seguinte, a família recebeu a primeira demanda de resgate, exigindo um valor em torno de 800 mil dólares. Contudo, o investigador já tinha um plano em andamento para garantir que os sequestradores provassem que Ives estava vivo.

Os sequestradores não conseguiram responder corretamente a perguntas específicas sobre detalhes conhecidos apenas pela família, levantando suspeitas. A equipe de investigação também usou métodos para rastrear as chamadas telefônicas e determinou que elas eram originárias da região da Vila Guarani, no centro-sul da cidade de São Paulo.

Após um tempo de vigilância, os agentes localizaram o orelhão usado para as chamadas e acabaram pegando Adelino no ato de fazer uma ligação. Ele foi capturado e se tornou uma fonte crucial de informações. Adelino admitiu ter participado do sequestro, mas afirmou que entregou Ives a Paulo Tarso, que trabalhou como segurança nas lojas do pai do menino.

Paulo foi convocado para prestar depoimento, porém seu comportamento e declarações foram incoerentes. Enquanto as investigações foram investigadas, as buscas nas residências dos suspeitos não renderam resultados iniciais, mas posteriormente, em uma nova inspeção na casa de Adelino, o pesquisador localizado um espaço modificado próximo ao berço da sobrinha dele. Após remover parte do piso, encontrei o corpo de Ives, que havia sido ocultado ali por mais de 10 dias. Adelino avisou ter sedado o garoto e, quando Ives o ouviu, o sedou novamente e o matou.

Julgamento:

No julgamento que ocorreu em junho de 1998, Adelino Donizete Esteves, Paulo Tarso Dantas e o policial militar Sérgio Eduardo Pereira de Souza foram condenados. Adelino recebeu uma pena de 45 anos e seis meses por sequestro, homicídio qualificado e falsidade ideológica. Paulo e Sérgio foram condenados a 43 anos e dois meses de prisão por sequestro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Em 1999, a pena de Sérgio era reduzida para 35 anos. Desde 2005, o trio cumpre pena em regime semiaberto. A tragédia de Ives Yoshiaki Ota deixou uma marca indelével na história, mostrando as profundas consequências de um crime brutal e o árduo trabalho das autoridades em busca de justiça.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa