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Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra Latina e Caribenha

No dia 25 de Julho é comemorado a luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas. Também é dia recordar a história de Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo da resistência contra a escravização.

A população negra corresponde a mais da metade dos brasileiros: 54%, segundo o IBGE. Na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes, de acordo com a Associação Mujeres Afro, e também é a população que mais sofre com a pobreza.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), os 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 15 ficam na América Latina e no Caribe, representando um grande problema social.

Mulheres negras são mais vítimas de violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013 (enquanto os casos com vítimas brancas caíram 10%).

Desigualdade salarial entre mulheres brancas e negras

Em território nacional, mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016. Há 25 anos, um grupo decidiu que uma solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras. Barradas dos meios de comunicação, dos cargos de chefia e do governo, elas frequentemente não se vêem representadas nem nos movimentos feministas de seus países.

Primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas

Em 1992, ocorreu o primeiro encontro, em Santo Domingos, na República Dominicana, em que discutiram sobre machismo, racismo e formas de combatê-los. Daí surgiu uma rede de mulheres que permanece unida até hoje. Do encontro, nasceu também o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha, lembrado todo 25 de julho, data que foi reconhecida pela ONU ainda em 1992.

No Brasil

Desde 2014, comemora-se em 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada. Foi esposa de José Piolho, ela se tornou rainha do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, quando o marido morreu, e acabou se mostrando uma líder nata: criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita e o plantio de alimentos e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas próximas.

Entretanto, o Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março), o 25 de Julho não tem como objetivo festejar: a ideia central é fortalecer as organizações voltadas às mulheres negras e reforçar para receber visibilidade para sua luta. Portanto, tanto no Brasil quanto no Caribe e América Latina em geral, ocorreram diversos eventos de protesto e luta estão sendo planejados para marcar a data. Por isso, no Brasil, no Caribe e na América Latina em geral, diversos eventos de protesto e luta estão sendo planejados para marcar a data.

Tereza de Benguela

Tereza de Benguela, também conhecida como Rainha Tereza, foi uma figura histórica que desempenhou um papel significativo na história brasileira. Ela era uma líder de um quilombo, que era uma comunidade de escravos fugitivos e indivíduos marginalizados que formaram seus assentamentos no Brasil colonial.

Tereza de Benguela nasceu no final do século XVII e morou na região de Vila Bela da Santíssima Trindade, no estado de Mato Grosso, Brasil. Ela tornou-se a líder do Quilombo de Quariterê (também grafado Quariterê ou Cuiritil), localizado às margens do rio Guaporé.

Durante sua gestão, o Quilombo de Quariterê prosperou e tornou-se um assentamento relativamente autônomo, praticando agricultura e comércio, e mantendo certo nível de independência das autoridades coloniais. Acredita-se que a liderança de Tereza de Benguela e sua capacidade de manter relações pacíficas com as tribos indígenas vizinhas foram fatores essenciais para o sucesso do quilombo.

O Quilombo de Quariterê era o lar de uma população diversificada de pessoas, incluindo escravos fugidos, indígenas e colonos pobres que buscavam refúgio da opressão e discriminação. Sob a orientação de Tereza de Benguela, a comunidade supostamente adotou suas próprias leis e práticas culturais, formando efetivamente um pequeno estado independente dentro do Brasil colonial.

A existência do quilombo, especialmente sob uma liderança feminina como Tereza de Benguela, representava um desafio para a sociedade escravista e para as autoridades coloniais. Eventualmente, em 1770, as forças coloniais portuguesas atacaram o Quilombo de Quariterê. Após longa e feroz resistência, o povoado foi derrotado, e Tereza de Benguela foi capturada e executada.

O legado de Tereza de Benguela perdura como um símbolo de resistência contra a opressão e uma líder corajosa que defendeu os direitos e a liberdade de sua comunidade. Nos últimos anos, ela se tornou uma figura reconhecida no estudo da história brasileira, e sua história ganhou maior destaque nas discussões sobre as contribuições e lutas de afro-brasileiros e comunidades marginalizadas no país.

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Emanoelle Cavalcanti

Acadêmica de psicologia, voluntária na Ong Médicos do Mundo

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