Campanhas

Dilma Rousseff toma posse como a primeira mulher presidente do Brasil

Dilma Vana Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), fez história em 31 de outubro de 2011 ao se tornar a primeira mulher a ser eleita presidente do Brasil. Com 92,53% dos votos apurados, às 20h04, o Tribunal Superior Eleitoral anunciou que ela havia conquistado 55,43% dos votos válidos (excluindo brancos e nulos), garantindo sua vitória sobre José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que tinha 44,57% até aquele momento.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, oficializou sua vitória em um pronunciamento às 20h13. Na manhã seguinte, com 99,99% dos votos apurados, Dilma acumulava 56,05% dos votos válidos (55.752.092 votos), enquanto José Serra alcançou 43,95% (43.710.422 votos).

A trajetória de Dilma Rousseff incluiu desafios notáveis, desde sua participação em organizações de esquerda clandestinas durante os anos do regime militar, incluindo prisão e tortura. No Rio Grande do Sul, ela teve um papel fundamental na fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e mais tarde ingressou no Partido dos Trabalhadores (PT) em 2001. Com formação acadêmica em economia, ocupou o cargo de secretária de estado no Rio Grande do Sul antes de sua ascensão à política nacional.

Dilma Rousseff ocupou posições de destaque no governo, incluindo a ministra-chefe da Casa Civil, onde liderou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais iniciativas do governo na época. Essa atuação lhe rendeu o apelido de “mãe do PAC” pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes de chegar à Casa Civil, Dilma sucedeu José Dirceu em 2005, uma figura influente no governo que havia renunciado devido ao escândalo do mensalão, no qual parlamentares foram acusados de receber dinheiro em troca de votos a favor de projetos do governo.

Além de sua carreira política, Dilma enfrentou um desafio pessoal ao revelar que estava em tratamento contra um linfoma, um câncer do sistema linfático, após a descoberta de um nódulo na axila esquerda em um exame de rotina em abril de 2009. Após concluir o tratamento de radioterapia e demonstrar grande resiliência, sua saúde foi avaliada como “excelente” em um boletim médico de agosto.

Dilma também teve uma jornada eleitoral desafiadora. Inicialmente, suas intenções de voto estavam em 25%, em comparação com 36% de seu principal adversário, José Serra, de acordo com o Instituto Ibope. No entanto, ao longo da campanha, ela associou sua imagem à do presidente Lula e conquistou um eleitorado significativo, atingindo 51% das intenções de voto no final de agosto.

No entanto, sua campanha enfrentou controvérsias, incluindo denúncias de vazamento de dados sigilosos na Receita Federal e suspeitas de tráfico de influência na Casa Civil em setembro, o que causou oscilações nas pesquisas de intenção de voto e foi usado pela campanha de José Serra.

A estratégia de Dilma durante toda a campanha foi destacar sua intenção de dar continuidade às políticas do governo de Lula, propondo a expansão de programas populares, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Ela também apresentou inicialmente um documento com propostas, incluindo a tributação de grandes fortunas, o fim da criminalização dos movimentos sociais, a defesa da jornada de trabalho de 40 horas e o combate ao monopólio dos meios de comunicação, embora esse programa tenha sido revisado posteriormente para uma versão mais moderada.

A questão do aborto também se tornou central durante o segundo turno da campanha, com acusações de difamação por parte da campanha petista. Dilma reafirmou sua posição pessoal contra o aborto, mas defendeu que o tema fosse tratado como uma questão de saúde pública.

Para conquistar o apoio dos eleitores que apoiaram Marina Silva no primeiro turno, Dilma apresentou 13 compromissos relacionados à política ambiental. Ela também recebeu o apoio de artistas e intelectuais de renome, como Chico Buarque e o teólogo Leonardo Boff. Seu compromisso com a continuidade das políticas populares do governo Lula foi claro em sua plataforma eleitoral.

| Editoria Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

 

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa