Ernesto Cardenal “El Padre”
Ernesto Cardenal Martínez foi um escritor, sacerdote e teólogo da teologia da libertação nicaraguense considerado um dos mais importantes poetas da América Latina, em 1952 fundou una pequena editora de poesia denominada “El hilo azul“. Em 2005, Cardenal foi candidato ao Prémio Nobel de Literatura e, entre outras distinções, recebeu o Prémio Rubén Darío, o mais importante das letras nicaraguenses. Em 2012, recebeu o Prêmio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana. Dentre outros.
Dissidente sandinista, participou de um movimento armado que tentou assaltar o Palácio Presidencial em Manágua, na época do regime de Anastásio Somoza. Foi ordenado padre em 1965 e depois ajudou a fundar uma comunidade religiosa em Mancarrón, uma ilha do arquipélago de Solentiname, no Lago Nicarágua, juntou-se à Frente Sandinista de Nacional de Libertação (FSLN), onde ficou conhecido como “El Padre”, pelos jovens guerrilheiros.
Durante a visita do Papa João Paulo II à Nicarágua, em 1983, ajoelhou-se perante a ele, no tapete de recepção no Aeroporto de Manágua. Diante das câmeras de televisão, o Papa censurou Cardenal veementemente, agitando-lhe o indicador, intimando-o a abandonar o cargo de ministro, atitude que foi considerada por muitos como uma humilhação pública.
Papa Francisco em 2019 retirou todas as sanções canônicas aplicadas ao Ernesto Cardenal, reintegrando-o plenamente à Igreja Católica Romana. Aos 95 anos veio a falecer dia 1 de março de 2020. A missa de corpo presente foi profanada por sandinistas, obrigando os familiares a retirarem o caixão pela lateral da catedral de Manágua. O corpo foi, em seguida, cremado e levado para Solentiname, arquipélago paradisíaco no Grande Lago da Nicarágua, onde Cardenal fundou uma comunidade de artistas, artesãos e religiosos.