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Memória do Nascimento de Simone de Beauvoir Ícone do Existencialismo e Feminismo

Simone de Beauvoir, renomada escritora francesa, filósofa existencialista, memorialista e ícone do feminismo, destacou-se como uma das principais representantes do existencialismo na França. Seu legado influente é marcado por uma vida de escrita incisiva e pensamento inovador, contribuindo significativamente para a consciência feminina no século XX.

Nascida como Simone Lucie Ernestine de Marie Bertrand de Beauvoir em Paris, França, em 9 de janeiro de 1908, desde jovem, nutria o desejo de se tornar escritora, inspirada pela influência literária de seu pai, um advogado e ávido leitor.

Sua formação acadêmica incluiu passagens pelo Institute Adeline Désir, uma escola católica para meninas, e posteriormente, pelos cursos de matemática no Instituto Católico de Paris, além de estudos em literatura e línguas no Institute Saint-Marie. Mais tarde, mergulhou nos estudos de Filosofia na renomada Universidade de Sorbonne, onde estabeleceu conexões com intelectuais notáveis como René Maheu e o emblemático Jean-Paul Sartre, com quem teve um relacionamento conturbado e profundo. Em 1929, concluiu seu curso de Filosofia.

A carreira acadêmica de Beauvoir teve início em 1931, quando, aos 23 anos, foi designada professora de Filosofia na Universidade de Marseille, posteriormente transferida para Ruen, e mais tarde retornou a Paris como professora no Lycée Molière.

O relacionamento aberto e intelectualmente fecundo com Jean-Paul Sartre, filósofo também reconhecido, perdurou por mais de cinco décadas, sem nunca formalizarem o casamento ou terem filhos.

Seu pensamento filosófico, influenciado pelo existencialismo sartriano, enfatizava a liberdade individual e a reflexão, com foco na posição da mulher na sociedade. Beauvoir foi uma voz proeminente ao questionar as estruturas sociais injustas, observando atentamente as nuances do cotidiano e expondo as desigualdades muitas vezes negligenciadas.

Entre suas obras notáveis está “O Segundo Sexo” (1949), um marco na desconstrução dos padrões impostos pela sociedade e igreja, ampliando a consciência feminina ao explorar as questões da opressão e independência da mulher. A afirmação célebre de que “ninguém nasce mulher, torna-se mulher” ecoou globalmente e influenciou o movimento feminista.

Além disso, sua produção literária inclui obras como “A Convidada” (1943) e “Os Mandarins” (1954), este último premiado com o Goncourt, o principal prêmio literário francês, abordando temas existenciais e políticos.

Beauvoir também deixou um legado de ensaios autobiográficos, como “Memórias de uma Moça Bem Comportada” (1958) e “A Força da Idade” (1960), revelando detalhes de sua vida ao lado de Sartre e suas percepções sobre a sociedade e a intelectualidade francesa.

Sua jornada intelectual a levou a várias partes do mundo, incluindo viagens à China, Cuba, Brasil e União Soviética, documentadas em “A Força das Coisas” (1964), onde partilhou impressões sobre essas experiências culturais e sociais.

O legado de Beauvoir foi interrompido por sua morte em 14 de abril de 1986, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Ela foi sepultada ao lado de seu companheiro no cemitério de Montparnasse em Paris, deixando um impacto duradouro no pensamento filosófico, feminista e literário do século XX.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa