Baixada Fluminense

Menina de 3 anos é baleada durante abordagem da PRF na Baixada Fluminense

A pequena Heloísa dos Santos Silva, com apenas 3 anos de idade, foi vítima dos disparos na noite de quinta-feira (7) e foi imediatamente levada ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde precisou passar por uma cirurgia. De acordo com informações da unidade de saúde, a criança estava internada em estado grave na unidade de terapia intensiva (CTI).

William Silva, pai da criança atingida por tiros, alegou ter adquirido o veículo recentemente e desconhecer sua origem ilegal, após o carro ter sido baleado durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense. Mais tarde, descobriu-se que o carro era, de fato, roubado.

No momento do incidente, a criança estava no veículo com seus pais, uma irmã de 8 anos e uma tia, quando o carro foi atingido por tiros, supostamente disparados por agentes da PRF.

William Silva explicou: “A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos.”

Em resposta ao incidente, a PRF anunciou o afastamento preventivo dos três policiais envolvidos, enquanto a corregedoria da corporação conduzirá a investigação. O comunicado emitido pela PRF inicialmente não mencionava que o veículo estava relacionado a um roubo (consulte a nota completa no final desta reportagem).

A Polícia Civil esclareceu que apenas um dos três policiais envolvidos disparou contra o carro e apreendeu o fuzil calibre 556 utilizado por esse agente, que foi encaminhado para a 48ª DP (Seropédica), responsável pela investigação.

A família relatou que o tiro atingiu a coluna e a cabeça da criança. Após seu transporte para o Hospital Municipal de Saúde de Duque de Caxias, Heloísa foi sedada e entubada devido ao baixo nível de consciência. Posteriormente, ela passou por uma cirurgia de alto risco na madrugada de sexta-feira (8), de acordo com o boletim divulgado pela Prefeitura de Duque de Caxias às 7h. Atualmente, a criança permanece em estado grave no CTI do hospital.

William, o pai de Heloísa, afirmou que não foi abordado em nenhum momento quando passou pelo posto da PRF, mas notou que uma viatura policial começou a segui-lo e a se aproximar demais de seu veículo. A família, que reside em Petrópolis, estava retornando para casa após passar o feriado em Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, junto com parentes, quando o ataque ao carro ocorreu.

Segundo William, sua reação foi sair o mais rápido possível do carro para que os policiais percebessem que se tratava de uma família. “Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro. Aí foi a hora que eu entrei em choque, em desespero, e a gente veio para esse hospital”, lamentou.

O que diz a PRF:

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que a corregedoria da corporação vai apurar as circunstâncias da ocorrência no Arco Metropolitano, por volta das 21h de quinta-feira. A força de segurança disse que os policiais envolvidos foram afastados de suas funções e que “solidariza-se com os familiares da vítima”.

“As circunstâncias estão em apuração pela Corregedoria da PRF. A instituição colabora com as investigações da polícia judiciária para o esclarecimento dos fatos. Os policiais envolvidos foram preventivamente afastados das funções operacionais, inclusive para atendimento e avaliação psicológica”, dizia a nota.

João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa