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Memória: Nascimento de Elis Regina

No dia 17 de março de 1945, nascia em Porto Alegre, Elis Regina Carvalho Costa, uma das maiores vozes brasileiras, conhecida pela competência vocal, musicalidade e presença de palco. Aclamada no Brasil e internacionalmente.

Surgindo nos grandes festivais na década de 1960, se destacava sobretudo da bossa nova ritmo musical em alta no momento, pela sua extensão vocal e dramaticidade que dava a interpretação, sendo influenciada por Ângela Maria, cantora que ela ouvia nas rádios

Depois de quatro LP’s gravados e sem grande sucesso, Viva a Brotolândia (1961), Poema de Amor (1962), Elis Regina (1963), O Bem do Amor (1963). Elis foi a maior revelação do festival da TV Excelsior em 1965, quando cantou “Arrastão” de Vinícius de Moraes e Edu Lobo. Tal feito lhe garantiu o convite para atuar na televisão e, pouco tempo depois, o título de primeira estrela da canção popular brasileira, quando passou a comandar, ao lado de Jair Rodrigues, um dos mais importantes programas de música popular brasileira, O Fino da Bossa.

Elis era uma artista completa, passeou pela MPB, bossa nova, samba, rock e jazz. Interpretando cantores como Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior, Renato Teixeira, Aldir Blanc, João Bosco, entregando ao público sucessos brilhantes como “Madalena”, “Águas de Março”, “Atrás da Porta”, “Como Nossos Pais”, “O Bêbado e a Equilibrista” e “Querellas do Brasil”. Seus duetos mais famosos são com Jair Rodrigues, Tom Jobim e Rita Lee. Com seu segundo marido, o pianista César Camargo Mariano, consagrou um longo trabalho de grande criatividade e consistência musical e, em termos técnicos, foi considerada a melhor cantora brasileira.

Em 2013, foi eleita a melhor voz feminina da música brasileira pela Revista Rolling Stone. Elis foi citada também na lista dos maiores artistas da música brasileira, ficando na 14ª posição, sendo a mulher mais bem colocada. Em novembro do mesmo ano estreou um musical em sua homenagem Elis, o musical.

Durante a ditadura militar Elis criticou fortemente os militares, em uma entrevista chegou a dizer que o pais estava sendo governado por gorilas. Sempre engajada politicamente, Elis participou de uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, com voz ativa da campanha pela Anistia de exilado brasileiros.

Sua interpretação de O Bêbado e o Equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), virou o hino da anistia, a canção coroou a volta de personalidades brasileiras do exílio, a partir de 1979. Um deles, citado na canção, era o irmão do Henfil, o Betinho, importante sociólogo brasileiro. Em 1981, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Foi casada com Ronaldo Bôscoli, então diretor d’O Fino da Bossa, com quem teve João Marcello Bôscoli (1970); em 1973, casou-se com o pianista César Camargo Mariano, com quem teve mais dois filhos: Pedro Mariano (1975) e Maria Rita (1977).

Elis veio a falecer no auge da sua carreira aos 36 anos, no dia 19 de janeiro de 1982, apesar de muitas controvérsias sobre a causa da morte, o laudo elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hadad, sendo o diretor do IML Harry Shibata, médico conhecido por ter assinado, sete anos antes, o controverso laudo testando como “suicídio” a causa da morte do jornalista Vladimir Herzog, que havia sido preso durante a ditadura militar e foi encontrado morto em sua cela, provocou parada cardíaca por uso de cocaína e bebida alcoólica no dia 19 de janeiro de 1982, fato contestado por amigos e familiares, que afirmam que a cantora não tinha histórico de abuso de drogas, um mês depois da morte, o promotor pediu o arquivamento do inquérito. a notícia de sua morte causa grande comoção nacional.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa