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Memória: Nascimento de Luiz Gonzaga o “Gonzagão”

No sertão nordestino, mais precisamente em Exu, interior de Pernambuco, nascia em 13 de dezembro de 1912 um dos maiores ícones da música brasileira: Luiz Gonzaga do Nascimento, carinhosamente conhecido como “Gonzagão”. Sua vida e obra se tornariam uma das mais importantes contribuições para a cultura nordestina e para a música popular brasileira como um todo.

Luiz Gonzaga cresceu em um ambiente de muita música e tradição. Filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, o jovem Gonzaga foi influenciado desde cedo pelo som do acordeão, instrumento tocado por seu pai. Essa influência seria crucial para seu futuro, moldando o caminho do jovem Luiz Gonzaga na música.

Gonzaga aprendeu a tocar acordeão ainda na infância e rapidamente se destacou pela habilidade no instrumento. Seu talento não passou despercebido, e ele logo começou a se apresentar em festas locais e eventos sociais. O acordeão, instrumento essencial no forró e no baião, tornou-se a marca registrada de Gonzagão.

A década de 1940 foi marcada por uma série de mudanças na vida de Luiz Gonzaga. Ele se apresentou em várias regiões do Brasil, absorvendo e incorporando diferentes influências culturais em sua música. Seu trabalho tornou-se um verdadeiro retrato da diversidade cultural brasileira, com elementos que iam desde o forró tradicional até ritmos mais modernos.

O Rei do Baião
Foi na década de 1950 que Luiz Gonzaga recebeu o título de “Rei do Baião”. Seu estilo único, que misturava elementos tradicionais do nordeste com inovações musicais, conquistou o coração de milhões de brasileiros. Músicas como “Asa Branca”, “Baião” e “Xote das Meninas” se tornaram verdadeiros hinos da música nordestina.

Legado e reconhecimento
Ao longo de sua carreira, Luiz Gonzaga lançou mais de 600 músicas e vendeu milhões de discos. Seu legado vai além da música: Gonzagão foi um defensor incansável da cultura nordestina, lutando contra estereótipos e promovendo o respeito e a valorização da rica tradição do nordeste brasileiro.

Homenagens e memória
Luiz Gonzaga faleceu em 2 de agosto de 1989, mas sua memória continua viva na cultura brasileira. Diversos artistas contemporâneos reverenciam Gonzagão e suas contribuições. Festivais e eventos dedicados à sua obra perpetuam a influência duradoura desse ícone da música brasileira.

Luiz Gonzaga teve uma carreira longa e prolífica, e sua influência perdura até hoje na música brasileira. Ele é lembrado como um ícone da cultura popular nordestina e uma das figuras mais importantes da música brasileira do século XX. Sua música continua sendo apreciada e celebrada, mantendo viva a memória e o legado desse grande artista.

A Influência Maçônica no Reinado do Baião e na Solidariedade Nordestina
Um Rei do Baião que transcendeu fronteiras musicais, Luiz Gonzaga também deixou sua marca na construção da Maçonaria no Sertão pernambucano. Além de sua contribuição inigualável para a divulgação da música nordestina, Gonzagão exerceu um papel fundamental no desbravamento da Maçonaria em Exu, Pernambuco.

Em 1988, Gonzaga liderou o grupo que fundou a Loja Maçônica Força da Verdade, a primeira em Exu. Sua influência não se limitou a palavras; o Rei do Baião doou o terreno para a construção do prédio, comprou materiais e financiou a obra que seria erguida na Rua Joaquim Ulisses. Na maçonaria, Gonzaga encontrou um ambiente propício para satisfazer sua maior necessidade: ajudar os mais pobres.

Gonzaga ingressou na Maçonaria no dia 03 de março de 1971, enquanto ainda residia na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro. Sob o patrocínio de Florentino Guimarães, o Rei do Baião começou a frequentar os encontros na loja Paranapuã, próxima à sua casa. Mesmo atarefado com sua carreira musical, Gonzaga empenhou-se em conseguir melhorias como telefone, escola, luz e estrada asfaltada para Miguel Pereira, onde possuía propriedade.

Apesar de ter alcançado apenas o terceiro grau na Maçonaria, dos 33 possíveis, Gonzaga não apenas se envolvia em sua loja local, mas participava de encontros maçônicos nas cidades que visitava durante suas turnês pelo Brasil. Almir Oliveira de Amorim, maçom e ex-funcionário do Banco do Estado de Pernambuco (Bandepe) no Exu, relembra: “Todo canto que chegava e tivesse uma loja maçônica, ele fazia questão de se apresentar, visitar e ajudar.”

Da amizade entre Gonzaga e Almir, surgiu a iniciativa de mobilizar outros sete irmãos maçons para fundar a primeira loja maçônica do município. “Foi ele quem nos incentivou, deu apoio, buscou gente fora. Aqui éramos poucos maçons e, para abrir a loja, precisávamos de mais pessoas. Buscou gente em Ouricuri e em toda a região. Foi ele o ponto decisivo para inaugurar a loja no Exu,” destaca Almir.

A generosidade que marcou a carreira artística de Gonzaga também se refletiu nas reuniões maçônicas. Almir recorda: “Gonzaga era uma pessoa uniforme, uma sumidade em pessoa. Era equilibrado, otimista, incentivava a turma para trabalhar direitinho, pela sociedade, pelo povo, pelos mais pobres, pelos velhos. Ele tinha essa visão social.”

Após o falecimento do Rei, a Loja Maçônica Força da Verdade foi renomeada para Loja Maçônica Luiz Gonzaga. Em vida, Gonzaga compôs a música “Acácia Amarela” em parceria com Orlando de Silveira.

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Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa