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Memória: Eduardo Galeano

No dia 13 abril de 2015, nos despedíamos de Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor do livro “As Veias Abertas da América Latina”, uma obra que exerceu e exerce uma profunda influência no pensamento de esquerda latino-americano.

Tendo nascido em Montevidéu no Uruguai, no dia 3 de setembro de 1940, Eduardo Galeano teve formação Católica chegando a ter como certo que se tornaria padre, sonho que deixou aos 13 anos, quando afirmou “ter perdido Deus”.

Pensava em ser jogador de futebol, sem talento algum para o esporte, passou a escrever sobre ele, aí lhe sobrava talento, tanto que aos 14 anos já havia enviado uma charge para o jornal El Sol, do Partido Socialista. De família de classe média exerceu trabalhos diferenciados, como caixa de banco e datilógrafo.

Sua carreira na imprensa só veio se consolidar na década de 60, quando se tornou editor do jornal “Marcha”, ao lado de colaboradores como Vargas Llosa que veio no futuro ganhar Prêmio Nobel e Mario Benedetti.

Com o advento do regime militar no Uruguai na década de 70, Galeano passou a ser perseguido pela publicação de seu livro “As Veias Abertas da América Latina” de 1971, obra em que o autor analisa a história da América Latina do colonialismo ao século 20. Sua prisão se deu em 1973 e mais tarde seu nome foi colocado na lista dos esquadrões da morte, temendo sua morte se exilou na Argentina, onde lançou a revista cultural “Crisis”.

Uma das citações mais memoráveis de Galeano é “as pessoas estavam na cadeia para que os presos pudessem ser livres”, se referindo ao regime militar (1973-1985) de seu país.

Em 1976, por conta do crescimento da violência da ditadura argentina, foi morar na Espanha onde lançou o livro “Memória do Fogo”. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde viveu até sua morte, em 2015.

Autor de mais de trinta livros, traduzidos para cerca de vinte idiomas, Galeano declarou, em 2014, que não se identificava mais com sua anticapitalista obra “As Veias Abertas da América Latina”. Sobre ela, disse o autor: “Para mim, essa prosa da esquerda tradicional é extremamente árida, e meu físico já não a tolera”.

Para celebrar a vitória de Tabaré Vázquez e da Frente Ampla nas eleições de 2004, – a primeira eleição de um governo de esquerda na história uruguaia -, Galeano escreveu um artigo intitulado “Onde as pessoas votaram contra o medo”, no qual afirma que a população de seu país finalmente usou o “bom senso” para parar de ser “traída” pelos partidos Colorado e Nacional.

Em 2006, Eduardo Galeano ganhou o Prêmio Internacional de Direitos Humanos através da Global Exchange, instituição humanitária americana.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa