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Memória: Acidente radioativo com o césio-137

Em 13 de setembro de 1987, um trágico e marcante capítulo na história do Brasil se iniciou, quando ocorreu o acidente com o césio-137, um sério incidente de contaminação por radioatividade que teve lugar em Goiânia, Goiás. Esse evento não apenas abalou profundamente a comunidade local, mas também deixou uma cicatriz indelével na memória nacional e internacional.

O palco desse desastre foi uma clínica abandonada no centro de Goiânia. Dentro das instalações negligenciadas, um aparelho utilizado em procedimentos de radioterapia, contendo césio-137, foi descoberto por catadores em um ferro-velho local. Inicialmente, esses trabalhadores acreditaram se tratar de sucata comum e desmontaram o dispositivo, sem ter plena consciência do perigo iminente que estava prestes a se desencadear.

O césio-137 é um isótopo radioativo de extrema periculosidade, capaz de causar sérios danos à saúde humana. Quando o aparelho foi desmontado, uma quantidade significativa de césio-137 foi liberada no ambiente, resultando em uma disseminação rápida da contaminação. Pessoas que tiveram contato direto ou indireto com o material radioativo foram afetadas, e os efeitos dessa exposição começaram a se manifestar de maneira devastadora.

O acidente com césio-137 não apenas representa o maior incidente radioativo já ocorrido no Brasil, mas também se destaca como o maior desastre desse tipo fora das instalações de usinas nucleares em escala global. A severidade desse acidente foi reconhecida internacionalmente, classificando-o no nível 5 da Escala Internacional de Eventos Nucleares (INES), que vai de zero a sete. Isso denota que suas repercussões ultrapassaram fronteiras locais, afetando diversas comunidades.

Ao longo dos anos, as dolorosas consequências desse acidente se tornaram cada vez mais evidentes. A Associação das Vítimas do Césio-137 estima que até o ano de 2012, quando o acidente completou 25 anos, aproximadamente 104 pessoas perderam suas vidas em decorrência da contaminação, muitas delas vítimas de câncer e outros problemas de saúde relacionados à exposição à radiação. Ademais, cerca de 1.600 pessoas foram diretamente afetadas pelos efeitos do césio-137, sofrendo com problemas de saúde e traumas psicológicos.

O acidente com o césio-137 em Goiânia serve como um sombrio lembrete dos perigos da radioatividade e da importância da gestão segura de materiais radioativos. Ele também enfatiza a necessidade constante de vigilância e regulamentação rigorosa no manuseio de substâncias radioativas em todo o mundo.

Neste 36º aniversário deste trágico incidente, é essencial recordar e homenagear as vítimas e suas famílias, enquanto reafirmamos nosso compromisso com a segurança e a prevenção de futuros acidentes radioativos.

Vítimas do acidente com césio-137 em Goiânia As vítimas do acidente com o césio-137 em Goiânia podem ser divididas principalmente em duas categorias:

  1. Vítimas diretas: Estas são as pessoas que tiveram contato direto com o césio-137 ou com o material radioativo liberado durante o incidente. Isso inclui os catadores de ferro-velho que desmontaram o aparelho de radioterapia contendo o césio-137, bem como os funcionários da clínica abandonada e outras pessoas que tiveram exposição direta ao césio-137 liberado. Muitos desses indivíduos desenvolveram sintomas graves de envenenamento por radiação, como queimaduras na pele, náuseas, vômitos, diarreia, danos nos órgãos internos e, em alguns casos, a morte.
  2. Vítimas indiretas: Estas são pessoas que tiveram contato com as vítimas diretas, como familiares, amigos, profissionais de saúde que trataram os pacientes afetados e até mesmo pessoas que residiam ou trabalhavam nas proximidades do local do acidente. A exposição indireta à radiação também pode ter efeitos adversos na saúde, embora geralmente menos graves do que aqueles que tiveram contato direto com o césio-137.

É importante ressaltar que os efeitos da exposição à radiação podem se manifestar ao longo do tempo, e muitas vítimas do acidente com césio-137 desenvolveram problemas de saúde crônicos, como câncer, anos após a exposição inicial.

O número exato de vítimas diretas e indiretas do acidente varia dependendo das fontes e dos relatórios específicos, mas estima-se que centenas de pessoas tenham sido afetadas direta ou indiretamente pela contaminação radioativa em Goiânia. O incidente teve um impacto profundo nas vidas dessas pessoas e em suas famílias, deixando cicatrizes físicas e emocionais que perduraram ao longo dos anos.

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João Oscar

João Oscar é jornalista militante de direitos humanos da Baixada e colaborador da ComCausa