BrasilDestaque

Adolescente morta em ataque a escola é enterrado em Santo André

O corpo da adolescente Giovanna Bezerra Silva, de 17 anos, foi sepultado na tarde desta terça-feira, no Cemitério Nossa Senhora do Carmo Curuçá, após um ataque a tiros na Escola Estadual Sapopemba, na Zona Leste da capital paulista. O triste episódio que resultou na morte da jovem e deixou outros três adolescentes feridos abalou a comunidade local e ressaltou a necessidade de medidas eficazes para prevenir a violência nas escolas.

A jovem era estudante do terceiro ano do ensino médio, vivia na região próxima à escola onde ocorreu o ataque. Ela foi baleada na cabeça à queima-roupa pelo autor do atentado, um aluno de 16 anos que cursava o primeiro ano do Ensino Médio. O agressor usou a arma legalmente registrada de seu pai, com numeração visível e em bom estado de conservação, antes de fugir do local.

Uma câmera de segurança registrou o momento em que Giovanna foi atingida enquanto descia uma escada dentro da escola. Ela caiu desacordada alguns degraus abaixo. Além da vítima fatal, outras duas alunas de 15 anos, Emily Vitória e Fernanda Ribeiro, também foram baleadas e levadas ao Hospital Geral de Sapopemba, com ferimentos no tórax e na clavícula, respectivamente. Ambas receberam alta na tarde do mesmo dia. Outro estudante, Gabriel Raimundo Polloni da Silva, de 18 anos, ficou ferido ao quebrar uma janela para escapar do ataque e já teve alta.

Segundo relatos de outros estudantes, o agressor sofria bullying devido à sua orientação sexual, e teria anunciado o atentado duas semanas antes do ocorrido. Os relatos sugerem que pelo menos quatro indivíduos estavam envolvidos no ataque e que todos eles eram alvos de bullying. A polícia está à procura de um suspeito que está foragido.

“Ele era muito zombado aqui na escola. Sofria bullying por causa de sua orientação sexual. Duas semanas atrás, ele havia alertado que cometeria este atentado. Ninguém acreditou”, afirmou uma aluna.

Uma professora do primeiro ano do ensino médio relatou que, logo após evacuar seus alunos da escola, teve acesso a um vídeo que mostrava o suspeito sendo vítima de violência física dentro da sala de aula.

Cerimônia de Despedida com Acesso Restrito

Na cerimônia realizada na manhã desta terça-feira, o pai de Giovanna se viu emocionalmente abalado junto ao caixão, onde o rosto da jovem repousava sob um véu branco. Ao mesmo tempo, a mãe se ajoelhava, compartilhando sua dor, ao lado do local onde o caixão estava posicionado. A funerária manteve seus portões fechados, e os seguranças questionavam aqueles que chegavam quanto ao grau de relação com a vítima.

Alguns vizinhos e conhecidos chegaram a ser barrados até que os funcionários da funerária confirmassem suas identidades com o pai e a mãe da jovem. Em alguns casos, pessoas menos próximas, como um jovem que conhecia a vítima através de uma amiga e um colega do bairro, não conseguiram entrar.

Professores e os pais de outra vítima do ataque, que sofreu ferimentos, também estiveram presentes no local.

Na sala de despedida, havia coroas de flores com homenagens da escola em que estudava, de uma escola de ensino infantil de Sapopemba e de estabelecimentos do bairro em que morava. Entre os presentes, predominava uma atmosfera de discrição absoluta: com rostos tristes, os amigos da adolescente se recusaram a dar declarações à imprensa.

Quem era a aluna que perdeu a vida no trágico incidente na escola de Sapopemba?

Giovanna demonstrava grande paixão pelo Corinthians, era dedicada aos estudos, amava cachorros e tinha uma paixão especial por jogar vôlei. Sua presença era notável tanto na escola como na comunidade do Jardim Sapopemba, onde residia.

— Ela irradiava alegria, demonstrava carinho, tinha uma personalidade extrovertida e era apaixonada por jogar vôlei, além de adorar dançar muito – compartilhou ele. “Ninguém esperava, mas já fazia tempo que a escola vinha recebendo ameaças. Por que as autoridades não tomaram medidas preventivas antes?” – disse Cauã Lucas, de 18 anos, era um vizinho próximo de Giovanna e os dois construíram uma amizade sólida.

O ataque levanta questões sobre a segurança nas escolas e a necessidade de prevenir a violência e o bullying. A avó de Giovanna, Luzia de Carvalho Silva, expressou preocupação com as ameaças feitas à escola e questionou por que as autoridades não tomaram medidas preventivas.

O adolescente suspeito do crime teria dito ao advogado que não tinha a intenção de atirar na estudante que morreu no ataque. Segundo ele, a aluna não teria envolvimento nos casos de bullying e homofobia.

O que provoca o aumento da violência nas escolas

| Editoração Virtuo Comunicação

| Projeto Comunicando ComCausa

| Portal C3 | Instagram C3 Oficial

Adriano Dias

Jornalista militante e fundador da #ComCausa